A FOME DE JOSUÉ

"O, Josué, nunca vi tamanha desgraça. Quanto mais miséria tem, mais o urubu ameaça..."
"... tem que saber pra onde corre o rio, tem que saber seguir o leito, tem que estar informado, tem que saber quem é Josué de Castro,...rapaz!"

CHICO SCIENCE

Quem curtiu (e ainda curte) as composições do Chico Science (& Nação Zumbi) certamente conhece o professor, médico e cientista político Josué de Castro, "que fez da luta contra a fome sua bandeira de vida" e que completaria 100 anos no último 5 de setembro (aniversário da Tábata e data do casamento da Lidia Maria e do Gel, graande 5 de setembro! E eu, sempre atrasada, rs). Voltando ao Josué, este grande brasileiro morreu aos 65 anos, em Paris. Pergunto, viver 100 anos apenas no universo de Guaxupé e região ou ganhar o mundo e morrer aos 65? rs INfelizmente, ele foi exilado pela ditadura militar e, dizem, morreu de saudades da sua terra...


“Mas não é agindo apenas sobre o corpo dos indivíduos, degradando-lhes o tamanho, mirrando-lhes as carnes, roendo-lhes as vísceras e abrindo-lhes chagas e buracos na pele, que a fome aniquila o homem. É também atuando sobre seu espírito, sobre sua estrutura mental, sobre sua conduta social.
No estudo da influência da fome sobre o comportamento humano devemos considerar, em separado, a eventualidade da fome aguda das épocas de calamidades e a da fome crônica, latente ou específica.
Nenhuma calamidade é capaz de desagregar, tão profundamente e num sentido tão nocivo, a personalidade humana como a fome, quando atinge os limites da verdadeira inanição. Fustigado pela necessidade imperiosa de comer,o homem esfomeado pode exibir a mais desconcertante conduta mental. Seu comportamento transforma-se como o de qualquer outro animal submetido aos efeitos torturantes da fome(...). - 1957
Josué de Castro

Longa foi a caminhada deste inconformado nordestino que se tornou mundialmente conhecido por seus livros, cargos que ocupou, funções que desempenhou, organismos que criou e aulas que ministrou, no Brasil e no Exterior.
Entretanto, o que mais o notabilizou foi, sem dúvida, quer no exercício da cátedra, na Presidência da FAO, no Parlamento Brasileiro (como deputado pelo antigo PTB), nas salas de aula ou nos momentos solitários do escritor consagrado, a eleição de um tema até por ele mesmo considerado bastante delicado e perigoso, a fome. E foi contra ela, em toda a sua extensão e manifestações, que travou o bom combate de sua vida.

A publicação, em 1946, da primeira edição da Geografia da Fome, seu mais conhecido livro já traduzido em 25 idiomas, assinala o início das denúncias que pretendeu levar, a seus patrícios e ao mundo, acerca desse grave flagelo que, ainda hoje, assola a humanidade. Seguiram-se a Geopolítica da Fome e outros livros que terminaram por identificar o autor com o tema central de suas obras.
No exílio a despeito dos muitos convites que recebeu de diferentes países, escolheu para morar a França. Criou o Centro Internacional de Desenvolvimento e voltou a lecionar Geografia Humana, na Universidade de Paris, até sua morte, em 1973, dez anos depois.

A vida de Josué de Castro foi uma grande lição de engajamento em sua própria realidade, sua própria cultura. Procurou desenvolver toda uma ciência, a partir de um fenômeno que é a manifestação do subdesenvolvimento em sua mais dura expressão: a Fome.

Tentou criar uma teoria explicativa para a triste realidade do subdesenvolvimento, da pobreza, da miséria. Tentou modificar a história de seu país. É este homem que o Brasil de hoje precisa deixar de ignorar.

http://www.saboreseletras.com.br/2008/internas/noticia.asp?idmateria=1189

E quando se tem a barriga cheia, ou mais educadamente, a fome saciada:
"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte / A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte" (Marisa Monte)



No próximo Acontece, a história de Yvette Magalhães Gomes, a dona Yvette, que em meados da década de 30 iniciou a primeira escolinha infantil particular em Guaxupé (pelo menos que se tem notícia, rs). Uma curiosidade: na mesma casa onde hoje funciona a Educação Infantil da Escola Interativa... Coincidência? E uma poética viagem pelos muros de Guaxupé com a turma do Poli que desenvolve o projeto Olhar Poético, tema já abordado numa post anterior. Eu disse que iria buscar mais informações, né?

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