pessoas relevantes
Morrer é a única certeza da vida nesta dimensão e, ainda
assim, a morte continua misteriosa e temível. Seria de se esperar que a
religiosidade trouxesse algum conforto para quem fica. Talvez o espiritismo
seja o melhor caminho, mesmo. Afinal, é bem mais confortável a esperança da
continuidade da vida em espaços semelhantes aos da Terra e da reencarnação. Céu
e inferno são dois polos muito distantes e o desconhecido sempre desperta medo
(além da ideia assustadora de se passar a eternidade num só lugar). Tempos difíceis esses atuais. As despedidas
vêm se tornando mais corriqueiras a cada dia. Um carnaval pleno de felicidade
parece cada vez mais distante. Só em Guaxupé, as ausências serão muitas: Nádia Cury, Elson Orlando, Thaís Diniz e, por fim, Arlete Mendes. Todos estrelas de
muitos carnavais. Sem contar os carnavalescos do 15 e da Fênix que também se
foram. No final, contamos com partituras para amenizar a
dor. Afinal, é coitado quem vai ou quem fica? Se o espírito é livre,
por que nos agarramos tanto à matéria? Relembro o trecho de uma música bela,
“viver ou morrer é o de menos, a vida inteira pode ser qualquer momento, ser
feliz ou não é uma questão de talento”. E haja talento para sobreviver à
quantidade de injustiça, vaidade, descaso, mesquinharia e outras desumanidades
às quais nos acostumamos a conviver.
Arlete Mendes tinha esse talento, era uma guerreira
escancaradamente feliz. Além de a grande estrela do grupo teatral Tramas &
Dramas, também brilhava fora dos palcos, nas rodas de samba e, como professora, nas salas de aula.
Sempre com uma risada contagiante, brilho no olhar e sotaque peculiar, se destacava em várias tribos, com simplicidade, charme e alegria.
Com tantos atributos, foi um dos destaques do Viralatas do Samba e de festas na
Casa da Vó Maria, onde encenou junto com o inseparável amigo e companheiro de
palcos, Ernani Sastre, a peça O Defunto e Esta Propriedade Está Condenada. Agora, Arlete passará a
brilhar em outra dimensão, aparentemente inalcançável a partir deste mundo de aparências que criamos... É muito difícil falar de alguém que já morreu. As palavras de elogios (ah, como são gostosas!) deveriam ser ditas pessoalmente, olho no olho. Por este motivo, esta post - um pouco atrasada, mas amadurecida - é dedicada aos familiares e amigos da Arlete, como Elizete, Sarita, Sávio, Ernani, Vanessa, Jair, entre outros. "Saudade assim faz doer e amarga qui nem jiló", como cantaria o grande Gonzagão. Mas pra toda amargura há um tempero. No nosso caso, a fé em algo maior. Ou mais relevante, palavra que o afetado do Pedro Bial utiliza para definir os convidados do programa Na Moral. Como tudo depende do referencial, aqui registradas, imagens de uma mulher relevante em cenas guaxupeanas.
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