guaxupé - cem histórias

Uma contribuição ao centenário de Guaxupé. 

 O município sob a ótica de 100 entrevistados da coluna Minha História*

De março a outubro de 2008 e, depois, de março de 2010 a agosto de 2011, a coluna Minha História, publicada neste jornal*, entrevistou mais de 100 pessoas. Nem todos os entrevistados nasceram em Guaxupé, mas a maioria fixou raízes na cidade, colocando sua marca pessoal nesse primeiro século da história do município. De acordo com o filósofo e conferencista norte-americano Ralph Waldo Emerson: “Na verdade, não existe história, apenas biografia”.

As vivências de cada um revelam o estilo de vida e os costumes de um povo ou comunidade em determinada época. Na comemoração do centenário do município, nada mais justo que as homenagens que estão sendo feitas aos autores do primeiro século guaxupeano. Muitos fatos e causos interessantes do nosso passado ficaram registrados na forma de textos literários, que revelam a visão dos entrevistados, mas não, necessariamente, a verdade histórica.

Vários personagens desconhecidos pela maioria estiveram em evidência, como o farmacêutico Anacleto de Rezende, que emprestou seu nome a Rua Major Anacleto e construiu o antigo prédio onde funcionou o Grupo Barão e Hotel Central para ser sua moradia, no primeiro andar, e farmácia no térreo. Evaristo da Veiga, descendente direto de escravos, que ao chegar encontrou uma cidade sendo povoada e escolheu onde construir sua casa, batizando a Rua de Amazonas (atual José Costa Monteiro), e, posteriormente, junto com Sudário Couto e outros músicos, fundou a Filarmônica Guaxupeense.

Em março de 1952, Tufi Sayeg, Pedro Muniz e Wadi Sabbag uniram dois times de futebol rivais da cidade, União e Liberdade, fundando a Sociedade Esportiva de Guaxupé. Para José Áccula Filho, Tufi Sayeg foi o maior presidente do futebol local. E para Wilson Affini, o italiano Finetti revolucionou a forma de produzir os queijos fabricados pela Polenghi, que já foi uma indústria guaxupeana: “Finetti ficou mais de 10 dias dentro de um tanque de salmoura preparando um provolone com cerca de 90 quilos para expor na Festa das Orquídeas”. Aqui, uma pequena lembrança dessas cem histórias:


 1. Abdalla Tauil, 73, desde criança é ligado à música. Assistia aos ensaios da banda do maestro Sudário e, nas procissões ou nos cortejos fúnebres, estava sempre atrás da banda.

2. Adolpho Radaelli, 64, quando começou a trabalhar de vendedor da Cooxupé, em 1977, a loja da cooperativa vendia muitas calças jeans, que parou de vender esse produto para não atrapalhar o comércio local.

3. Alessi Saad Rodrigues, 81, vendeu muitas rifas, com as colegas do colégio das freiras, angariando fundos para a construção da Catedral, no início da década de quarenta.

4. Alice da Cruz Silveira, 93, casou-se com Dufo, em 1935, na igrejinha que depois foi derrubada para construção da Catedral. A igreja era tão pequena quanto o cemitério da cidade, situado onde hoje é o Parque Infantil.

5. Angelina Ricciardi, 94, e seus familiares cederam a área para ampliação da Avenida Conde Ribeiro do Valle, numa região onde só havia chácaras.

6. Antônio Lepiane Prósperi, Lotinho, 81, apaixonado por futebol, foi jogador do União, time que, depois, se tornou Sociedade Esportiva de Guaxupé.

7. Maria Remédio, 87, mais conhecida por Cida, foi a primeira professora de Educação Física formada de Guaxupé.

8. Arlette De Simone, 83, contou que seu pai, Caetano, louco por cinema, exibia filmes que alugava em São Paulo num telão em frente à Joalheria Simone (onde hoje é a Paris Modas), nas noites de sábado e domingo.

9. Augusto Fernandes Gonçalves, o Gustão (1932/2009), contou como a Sapataria União, hoje extinta, tornou-se a mais famosa loja da calçados de Guaxupé.

10. Augusto Tavares Ribeiro Filho, 68, transformou a Churrascaria Bambu numa sofisticada boate, onde hoje é o Hotel Marambaia.

11. Benedicto Felippe da Silva, 96, conseguiu junto ao governo federal concessão para fundar uma emissora de rádio na cidade, a Rádio Clube de Guaxupé. Também foi eleito prefeito municipal, em 1962.

12. Carmen Lúcia Calicchio Gonçalves, 73, foi eleita Rainha do Tiro de Guerra, angariando fundos para construção da sede própria do TG. Foi presidente do CEAS – Centro de Estudos e Ação Social, a convite do Padre Olavo, abraçando a causa social por mais de vinte anos.

13. Delfina Ribeiro Cruvinel, 84, ou dona Fina, costurava para as mulheres da Fazenda Passa Quatro vestidos no modelo ‘e o vento levou’, rodados, com faixa na cintura.

14. Derval Pereira de Castro (1916/2012), durante a Revolução de 1932, levava comida para os soldados que ficaram acampados perto do cemitério de Guaxupé.

15. Domiciano Cordovil Braga, 84, médico aposentado, ia a cavalo à zona rural para atender seus pacientes. Foi incentivado a ser orquidófilo pelo Dr. Albertinho e Antônio Nicoli.

16. Eloadir Almeida Vieira (1943/2010), por redigir um jornal acadêmico na Academia de Comércio São José foi convidado pelo então prefeito, Walmor Russo, a fundar o Correio Sudoeste, em 1973.

17. Fátima Cury Nasser, 77, foi a primeira Rainha das Orquídeas de Guaxupé, em 1953. Dois anos antes, ela não pode comparecer à sua formatura na Academia de Comércio São José, que teve como paraninfo o político Adhemar de Barros, porque estava de luto pela morte do avô, o Padre José Elias.

18. Fernando Jeronymo, 85, contou o porquê de ter ficado conhecido por “Fernando, o do bacalhau”, nome do barzinho que funcionou ao lado do Grupo Queridinha, do qual era proprietário.

19. Maria Rita Cruvinel, 85, ou dona Fiúca, guardou a data em que foi pedida em casamento pelo chefe dos retireiros da Fazenda Bocaina, 04.07.43, dia da última missa realizada na igreja de pau a pique que foi substituída pela Catedral.

20. Gilberto Gallate, 74, filho de Domingos Gallate, pedreiro que construiu o Palácio do Bispo e Academia de Comércio de Guaxupé, ambos tombados pelo Patrimônio Histórico. Gilberto sempre sonhou ver uma imagem do Cristo Redentor no morro “agudo”.

21. Gilberto Pasqua, 89, antes de se tornar renomado educador, rotulou macarrão na indústria do seu pai, a Pastifício Pasqua. Também ganhava gorjetas do professor Jarbas Bayeux para tirar fotos dos alunos nos piqueniques da escola.

22. Maria Irene Krauss de Mello, 69, foi a primeira diretora do grupo escolar Dr. Carlos Souza Ribeiro, que passou de escola de lata a escola modelo.

23. Ítala Prósperi, 93, lembra-se do mestre de obras, baixinho e gordinho, que exigia um serviço perfeito dos calceteiros na construção da Travessa João Cruvinel.

24. Itamar Cassiano, 55, compositor e cantor, emociona os frequentadores dos bares guaxupeanos com sua simpatia à Martinho da Vila.

25. Ivone Rezende de Magalhães,70, desceu do Piauí para visitar uma irmã, em 1960, e, desde então, elegeu Guaxupé sua cidade do coração.

26. Jesuíno Leite Ribeiro, 76, o Zino, por sua dedicação à pintura, tornou-se um artista renomado, além das fronteiras de Guaxupé e do Brasil.

27. João Chueiri, 87, aprendeu o ofício de funileiro com o pai, profissão a qual se dedica até hoje, no mesmo local, há mais de oitenta anos.

28. João Ribeiro de Almeida, 86, entrou para a história do comércio guaxupeano com a loja Magnata. Antes, fabricou guaraná e xarope de groselha na Fábrica de Bebidas Pérola, no Taboão.

29. José Áccula Filho, 76, como empresário, dirigiu a famosa Churrascaria Bambu, na década de 70, marcando época. Em 1975, foi técnico da Sociedade Esportiva, quando o time ainda era da 1ª Divisão.

30. José Cândido Borges (1926/2011) fez o primário na escola do Leonel Rocha, que ficava na Rua Tiradentes, onde funcionou, também, um posto de atendimento aos feridos durante a Revolução de 32.

31. José Elias Cury, 81, foi coroinha das missas realizadas pelo avô, padre José Elias, na Igreja Ortodoxa de Guaxupé, a 2ª igreja ortodoxa construída no Brasil, situada na Rua Aparecida.

32. José Evaristo Silvério, 86, como funcionário da Alfaiataria Brasil, passava roupas para os hóspedes do Hotel Cobra. Foi um dos organizadores dos eventos que a Cia Mogiana preparou para a comemoração do cinquentenário de Guaxupé.

33. José Geraldo Rodrigues de Oliveira, 71, veio para Guaxupé em março de 1967, como o primeiro engenheiro agrônomo da COOXUPÉ.

34. José Rios da Costa, 80, trabalhou como prático em farmácia durante 53 anos, tornando-se um profissional renomado.

35. José Silvério Marques, 83, trabalhou no empório do português Manoel Maria Martins, fazendo entregas numa carrocinha puxada à mão. Foi crooner da Orquestra Marabá, que fazia shows em diversas cidades da região.

36. Latif Abrão, 91, filho de imigrantes sírio-libaneses, fez história no comércio de Guaxupé com a Loja Nova.

37. Lécio Tonetto Brocchi (1928/2010) apelidou a farmácia Santo Antônio de vovó da cidade, porque está há mais de oitenta anos no mesmo ponto.

38. Antônio José Loreno Dias, 72, veio para Guaxupé, em 1963, como seminarista, indicado pelo bispo Marcos Noronha para administrar a Escola Profissional.

39. Lorice Cury Saad, 85, quase desmaiou de felicidade quando entrou em casa e viu um rádio, seu sonho de consumo na época de mocinha. Ela foi cronista da revista Atitude Interior, publicada de 2003 a 2005.

40. Lourival Nicola, 76, o Mazuca, nasceu pelas mãos da avó Augusta, que era parteira, em uma das casas da conserva da Mogiana, na Estação Japy, onde moravam os funcionários da ferrovia.

41. Lúcia Aparecida Lozano Rodrigues, 64, estudou na escola infantil Dr. Joaquim Libânio, situada na Rua Barão de Guaxupé, onde atualmente é o cartório.

42. Lúcia Ribeiro Vairo, 72, professora de Yoga e voluntária de vários eventos beneficentes, assumiu a presidência da APAE, de 1992 a 1997.

43. Luiz Antônio Pereira, 74, ficou conhecido por Luiz da Regional por causa de uma loja de calçados e confecção de roupas, A Regional, situada no térreo do prédio do Casagrande.

44. Luís Rocha, 83, se mudou com a família para Guaxupé, em 1958, para chefiar o antigo posto fiscal Júlio Tavares.

45. Luiz Vicente Ribeiro Calicchio, 75, filho do ex-prefeito Sálvio Calicchio, elegeu-se deputado estadual por três mandatos consecutivos.

46. Luíza Thomaz, 85, foi coroada Rainha do Cinquentenário em um baile no Clube Guaxupé, sendo conduzida ao trono pelo prefeito Aníbal Ribeiro do Valle.

47. Luzia de Faria Santos, 77, para chegar ao colégio das freiras, perto do mercado antigo, pulava de uma margem a outra do córrego, próximo à mina da Rosa, onde trabalhavam as lavadeiras.

48. Magda Tereza Francisquetti, 66, mantém conservada a casa onde viveu com sua família e onde seu pai, Vicente, tinha uma barbearia em um dos cômodos que dava para a Rua Aparecida.

49. Magnólia Bárbara Cruvinel, 85, pediu ajuda ao bispo Dom Inácio para que seu marido, João Cruvinel Filho, funcionário da coletoria estadual, fosse transferido para a agência de Guaxupé.

50. Marcos Pasqua, 68, renomado acupunturista guaxupeano, por volta dos anos sessenta trabalhou com seu pai, Silvério, na gráfica Pasqua, auxiliando na elaboração do jornal O Caminho, sobre a doutrina espírita.

51. Maria Auxiliadora de Souza Vianna Almeida, dona Ceci, 83, foi a primeira diretora da Escola Estadual Nossa Senhora Aparecida.

52. Maria Jesuína Coelho Zavagli, 79, aposentou-se como educadora e, hoje em dia, é uma integrante ativa da Pastoral da Esperança.

53. Maria Martins Anchieta (1924/2010) contou que seu marido, Geraldo, pretendia comprar a padaria Santa Terezinha, onde hoje é o Big Hotel, quando resolveu comprar o Bar Primor, também na avenida.

54. Maria Tauil Abrão, 77, foi diretora da APAE durante dez anos e, posteriormente, da Escola Galeno de Enfermagem. No início da profissão, ia a cavalo até a escola em que lecionava, na zona rural.

55. Maria Aparecida Cecílio Discini Sandroni, 59, após se curar de um Linfoma não-Hodgking, fundou em Guaxupé, em maio de 2003, a Associação Luz da Vida no Combate ao Câncer.

56. Maria Aparecida Tavares Cabral, 74, conhecida por Cida do Ginásio, foi a primeira funcionária a abrir as portas da Escola Estadual Dr. Benedito Leite Ribeiro, dia 23 de março de 1960. 57. Maria Ávila Damitto, 91, ao passar pela Casa Mineira, do seo João Negrão, conheceu o futuro marido, Fioravante Damitto, na época, caixeiro-viajante.

58. Maria da Conceição Bueno, 74, trabalhou como cozinheira no Hotel Royal, frequentado por viajantes, caminhoneiros e funcionários da Mogiana, e onde aconteceu uma festa em comemoração aos 25 anos da Festa das Orquídeas.

59. Maria de Lourdes Costa Borges, 77, guarda na memória sua avó preparando farinha de milho no monjolo e seu avô, no engenho de cana, produzindo rapadura e açúcar mascavo. 6

0. Maria de Lourdes Menezes Ribeiro, 89, morou com a família no andar superior do prédio do Banco do Brasil, onde atualmente é a prefeitura municipal, e foi uma das fundadoras, ao lado do marido, do Rotary Club de Guaxupé.

61. Maria de Lourdes Molinari Saad, 79, muitas vezes passou a pé ou a cavalo pela Rua da Porteira, quando não havia a Vila Rica, para chegar ao curtume do Dr. Benedito Leite Ribeiro, na Vila Campanha, onde seu pai e irmão trabalhavam.

62. Maria dos Reis Carmo, 74, citou os dois taxistas da cidade, Zé Áccula e Bigi. E a “zazá”, charretinha puxada por cavalo que transportava as mulheres da zona boêmia. Maria ganhou uma bolsa de estudos da Universidade Rural, no Rio, do Dom Inácio.

63. Maria da Glória Coelho Casarejos, 73, há mais de quarenta anos recebe Pai João, entidade espiritual da corrente dos pretos velhos, oferecendo palavras de conforto àqueles que a procuram.

64. Maria Helena Elias Benincasa (1944/2011) era doida pelos sorvetes de palito, especialmente os de coco queimado, da venda do Dufo ou do seu Estevinho, uma na esquina da Rua Aparecida, outra na Pereira do Nascimento.

65. Maria Inês Silva de Sá Molin, 68, fazia o footing na avenida de braços dados com as amigas, cortando caminho pelo coreto pra passar mais depressa perto dos paqueras. Filha do seu Zizinho, fundador da Folha do Povo, jornal mais antigo de Guaxupé.

66. Maria Mariana Barros Figueiredo Sá, 92, junto com Lílian Mantovani, Norma Simas e Luizinha Calicchio foi eleita uma das dez mulheres mais elegantes da cidade.

67. Maria de Lourdes Marques, 94, conhecida por Maria Pequena, contou que os cortejos dos casamentos na roça enchiam a estrada de cavaleiros, com as mulheres sentadas de lado no silhão, e, depois, ferviam a noite dançando até o dia amanhecer.

68. Mário Gonçalves, 81, foi o primeiro arquiteto guaxupeano diplomado a atuar em Guaxupé, projetando a casa do Doutor Geraldo Souza Ribeiro, na Praça da Catedral.

69. Marli Calil, 69, foi a primeira bibliotecária da FAFIG-FACEG (atual UNIFEG), indicada por Padre Arnaldo, diretor da faculdade na época, e, também, uma das fundadoras da Escola de Samba Ala Jovem.

70. Mercedes Casal dos Santos Clemente, 92, catou café no armazém do Frota e, em seguida, na cooperativa de café que ficava onde, atualmente, é o cinema.

71. Miguel Abrão, 93, relembrou o grande incêndio que começou no Supermercado Pag Leve e destruiu todo o estoque da loja que mantinha em sociedade com os irmãos, a Loja Nova.

72. Moacyr Costa Ferreira, 83, passou a infância na zona rural, quando ainda existia mata preservada na fazenda, onça e outros bichos. Segundo ele, hoje em dia, quando muito se vê um lagarto, saguizinho ou uma cobra.

73. Nádia Cury, 72, foi Rainha da Sociedade Esportiva de Guaxupé, em 1960, e atriz amadora do Grupo de Teatro decisão, sob a direção de Geralda Toledo Russo, ao lado de Tião Furlan, Sebastião Rodrigues, Samira Abrão, Jorge Farah, Mozart Faria, Dilva e Dilce Salgado, entre outros.

74. Nair Buffoni, 81, quando criança corria com os amigos atrás do veículo da prefeitura que retirava água do Rio Guaxupé, no Bebedouro, para aguar as ruas de terra da cidade, molhando as pernas e os pés descalços.

75. Nair Ribeiro Ferraz, perto de completar 102 anos, vive numa casa construída por um primo, em 1913, no centro de Guaxupé. Ela nasceu e viveu boa parte da sua vida na fazenda, de onde vinha de trole nos fins de semana, com os pais.

76. Nelson Ramos Damião, 66, conheceu sua esposa, Vitalina, na Sociedade Recreativa Pio Damião, que por vários anos foi ponto de encontro da comunidade negra guaxupeana.

77. Nely Záccaro Andrade, 80, gostava de jogar basquete no estádio municipal e de dançar nos bailes do Clube Guaxupé e da antiga Associação Atlética, que funcionou no prédio do Cine São Carlos.

78. Neuza Ribeiro do Vale Rodrigues guardou com carinho a lembrança do professor Elias José, no curso de Letras, da FAFIG, que ensinava os alunos a compreender os contos e poemas com muita sensibilidade.

79. Nilson Alcântara, o Ratinho, foi baterista do Jazz Casé, quinteto formado pelo saxofonista guaxupeano Casé. O respeito e amizade pelo companheiro o trouxeram a Guaxupé, onde dá aulas de bateria, na Casa da Cultura, há doze anos.

 80. Otto Vilas Boas, 78, mudou-se para Guaxupé em 1960, quando seu pai, Paulo, motorista de praça, comprou o Bar Cinelândia (onde hoje é o Minas Shopping). Otto ajudou a tocar o bar, com os irmãos Geni, Edson e Helvécio, até 1962, quando entrou para a Cooperativa de Café – Cooxupé, fazendo carreira.

81. Rosa Acorinte Elias (1921/2010), professora aposentada do Grupo Barão de Guaxupé, contou que seu pai, Sô Corinte, imigrante italiano, tinha um depósito de lenha, que transportava até as casas dos clientes numa carrocinha puxada a cavalos.

82. Sadalla Saad, 84, trabalhou na fábrica de calçados do pai, a primeira mecanizada da região. Na inauguração do novo maquinário, em 1936, Carluta, líder político da época, falou que a fábrica merecia um prêmio pela inovação. Foi um dos fundadores da Escola de Samba Os Bicancas.

83. Salma Homaira Tauil, 76, emigrou do Líbano em dezembro de 1952, junto com o marido, Abdala, e a primogênita, Uátufa, trazendo na bagagem apenas seus pertences pessoais, algumas economias e o sonho de melhorar de vida.

84. Selma Perocco Ribeiro do Valle, 73, bacharel em Matemática, forneceu os títulos necessários para o curso de Matemática da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Guaxupé ser reconhecido pelo MEC.

85. Senhorinha de Moraes, 90, lembrou a grave crise financeira que abalou o mercado cafeeiro, em 1930. O pai, produtor rural, havia colhido seis mil arrobas do grão. O preço caiu de 35 contos para 13 contos a saca e ele não pode mais pagar escola particular para os cinco filhos.

86. Joaquim Cruvinel Filho, 96, conhecido por seu Zoti, exerceu o ofício de prático em Odontologia durante 70 anos. Não tinha diploma, apenas uma carta precatória autorizando o exercício da profissão. Ia de bicicleta atender clientes em Santa Cruz da Prata e outros municípios vizinhos.

87. Sônia Gomes Gonçalves, 71, se mudou de Guaranésia para Guaxupé no começo de 1960, porque seu pai, proprietário da Cerâmica Santa Bárbara, comprou a propriedade onde funcionava a Cerâmica Brasil, na Rua da Porteira.

88. Sueli de Fátima Carloni, 58, fez o primário na Escola Rural Teófilo Carloni, nome do seu bisavô italiano. Havia apenas uma sala de aula, onde ficavam as quatro séries, cada qual numa fileira de carteiras.

 89. Suréhia Tauil Baldini, 87, trabalhou com dona Tita, costureira famosa na cidade. Depois, costurando por conta própria, fez mais de 40 vestidos de noivas. Desde 1970, mantém uma loja de aviamentos, a Bazar 31, junto com o irmão, Abdala.

90. Sylvio Ribeiro do Valle (1935/2011), além de médico renomado, foi um apaixonado pela literatura, chegando a ganhar o prêmio Talentos da Maturidade, do Banco Real, com o conto Zé Pedro, inspirado em fatos reais. Ele escreveu a lápis várias histórias sobre seus familiares e outros personagens guaxupeanos.

91. Terezinha Fávero Damitto, 83, nasceu na casa dos avôs maternos, Constantino e Zita Conti, pelas mãos da parteira Lazarina, que morava quase em frente, na Rua Aparecida. Como professora do Grupo Barão de Guaxupé, lecionou no prédio do antigo Hotel Central e no do Grupo Delfim Moreira.

92. Antônia Paulina de Souza Escarassatti, 86, ou Tonica, costurou muitos pijamas para a Loja Barateiro. Criou nove filhos graças ao seu trabalho na máquina de costura, e ao do seu marido, Juca, na estrada de ferro.

93. Waldomiro Antônio Ferreira (1920/2010) participou da FEB – Força Expedicionária Brasileira – durante a 2ª Guerra Mundial. Aprendeu a pilotar tanques de guerra e foi motorista do general João Batista Mascarenhas de Moraes, na Itália, convivendo com o alto escalão dos exércitos aliados.

94. Walter Sabbag, 89, após a morte do pai, Jacob Miguel Sabbag, grande empresário local, fundou com os irmãos a loja Irmãos Sabbag e Cia. Wadi ficava na gerência geral dos negócios; Nadim, no armazém; Chafic na parte dos tecidos; Nelson no escritório; Walter no gás e no setor de oficina e peças da Willys, revendedora de automóveis fundada em 1958.

95. Wilson Affini, 74, o Kutiúla, fundou o bar Ponto Chic, famoso por seus baurus e frequentado pela boêmia guaxupeana, como doutor Fernando Coelho, que levava a máquina registradora do bar (a mesma dos dias atuais) para o coreto da avenida.

 96. Wilson Pellegrini Calicchio, 80, foi professor de Artes Industriais, no ginásio, disciplina adotada em apenas 14 escolas de Minas. Aprendeu o ofício de serralheiro ainda menino, trabalhando na fábrica de fogões fundada por seu avô, Vicente Calicchio.

97. Wilson José Caetano de Oliveira, 66, músico, foi um dos fundadores do grupo Os Falcões, que abriu as apresentações de Roberto e Erasmo Carlos no antigo Cine São Carlos. Em Mococa, o show do Erasmo foi cancelado. Os músicos voltaram para Guaxupé e passaram a noite jogando boliche (onde hoje é a Galeria Brinquedos e Edmil). Como recordação, ganharam um pino de boliche autografado pelo “tremendão”.

 98. Yvette Cortez Ribeiro Magalhães Gomes, 91, iniciou uma escolinha de educação infantil particular, por volta de 1937, chegando a ter mais de vinte alunos, na esquina da Rua Coronel Joaquim Costa com a Barão de Guaxupé. No mesmo local, à noite, dava aulas de datilografia em máquinas alugadas por seu pai.

99. Zélia Galvão Coelho, 80, afirmou que seu avô materno, capitão João Cruvinel, foi o primeiro vice-presidente da Câmara dos Vereadores, na época do prefeito Antônio Costa Monteiro. Zélia com seis amigas, “as sete dores”, realizaram a primeira festa em homenagem à padroeira de Guaxupé, em 1978.

100. Zélia Vieira Dallora, 79, contou que a maioria da madeira usada na confecção dos objetos e móveis da capela do Colégio Imaculada Conceição foi doada por seu pai, Francisco Vieira Ribeiro.

* Publicado no jornal Correio Sudoeste, de 01.06.2012, no caderno em homenagem ao centenário de Guaxupé.

Comentários

Unknown disse…
Que bacana, Sheila! Merece uma comemoração!
Beijos!
Lorêny
Benê disse…
Lembrei de muitos nomes. Que saudade!
Queria tanto saber do paradeiro da Cidinha Remédio, sobrinha da dona Rosinha Remédio que foi minha professora no jardim de infância...
bisteca disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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