dia 13 de agosto



Não há como deixar de curtir um luto por Eduardo Campos. Político eminente, seria meu candidato à presidência da república caso não fosse tragicamente afastado da disputa. Nem preciso falar muito sobre o ocorrido, já que todos os meios de comunicação vêm divulgando os detalhes da tragédia desde o meio-dia de hoje. Logicamente, surgem especulações por todos os lados. Não sinto o treze como um número de azar, pelo contrário. Mas é muita coincidência ele ter morrido no mesmo dia do seu avô, Miguel Arraes, que se foi há nove anos, também em 13 de agosto. Seria a “crônica de uma morte anunciada”, como escreveria o já saudoso escritor colombiano Gabriel Garcia Marques ou pecinha do destino? De acordo com a Anac e outros especialistas, o avião do presidenciável era um dos mais seguros modelos da aeronáutica, deveria pousar sob mau tempo ou até mesmo com apenas uma turbina. Seria acidente ou um ato criminoso? Vamos torcer para que tudo seja esclarecido de modo que não haja dúvidas... Enfim, não há como amenizar a dor de familiares e amigos das vítimas, apenas esperar a passagem do tempo. Como cidadã brasileira, eu sentia esperança no comando compartilhado entre ele e Marina Silva no executivo do país. Agora só nos resta esperar pelos efeitos dessa tragédia. De qualquer forma, apoio Marina Silva, porque, como ela, acredito no desenvolvimento sustentável, ou seja, no crescimento econômico, social e respeito ao meio ambiente, tudo junto e misturado. Aliás, os meus candidatos em todas as esferas do poder devem ter esse compromisso - com a causa ambiental e os direitos dos animais. Obviamente, sempre com lucidez, ética, discernimento e conhecimento de causas. Como disse Eduardo Campos em entrevista ao JN, “temos que criar aqui uma sociedade mais justa”. De todo esse mau tempo, algo mais me incomoda além da morte (acabei de me lembrar do ator Robin Williams em Amor Além da Vida): a transitoriedade das nossas existências. De novo Robin Williams, “carpe diem, faça da sua vida algo extraordinário”... A amiga que me suscitou essas lembranças está sempre atrás de significantes, ela lembrou-me que essa palavra tem a ver com ir além da ordem e do lugar comum. Isso me faz sentir uma urgência de ser feliz, algo bem maior que passear com cachorros, ler um bom livro, assistir a um belo filme, rir com amigos, cuidar dos velhinhos que se ama ou viajar. O que será de nós amanhã ou daqui a um minuto? Clarice Lispector, grande bruxa, tocou nesse ponto obscuro: “Escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." Estou com muita vontade de desabrochar* por você (e com você). Antes que seja tarde.

Outros títulos possíveis:
- Mais uma peça do destino
- E agora, Marina?
- Desabrochar sem morrer

*Desabrochar. V.t.d. 1. Desapertar, abrir (o que estava preso com broche ou outro  fecho). 2. Fazer abrir; desabrolhar. 3. Abrir; mostrar. 4. Desvendar; revelar. Int. 5. Principiar a abrir, abrir-se (a flor); desabotoar(-se), desabrolhar, desabrochar-se. 6. Desenvolver-se; crescer; desabrolhar, desabrochar-se. 7. Principiar a manifestar-se. P. 8. Desabotoar-se, desapertar-se. 9. Soltar-se; romper, irromper. S.m. 10. Fig. Princípio, começo.

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