o terminal, as árvores e o rio
Gente,
sobre as jabuticabeiras e o futuro terminal rodoviário urbano de Guaxupé, faço algumas considerações. Principalmente, após o pedido da amiga e advogada Taty Abrão, pra que eu postasse um comentário sobre esse tema no grupo Guaxupé Destaca, no FB.
Ensaiava a tempos esta atitude. Defendo a preservação das jabuticabeiras por vários motivos. Porque vejo
muita beleza e harmonia nas construções que combinam natureza e
concreto; porque pra mim cada ser vivo é único (em todas as suas
versões) e cada vez mais árvores devem ser plantadas, não destruídas;
porque acredito que o Parque Mogiana deva ser reflorestado com diversas e
dezenas de árvores independentemente de qualquer coisa; porque sou a
favor da preservação do charme de uma cidade do interior, da sua
história e dos aspectos arquitetônicos que merecem ser valorizados e
preservados; porque sou contra a canalização do rio Guaxupé nos mesmos
moldes feitos no município de Mococa (SP), totalmente desprovido de
verde e beleza; porque sou a favor da Lei que protege no mínimo dez
metros (no momento me foge o número preciso) das margens dos rios,
metragem que define a distância entre eles e as construções; porque sou a
favor da recuperação da mata ciliar do referido rio... Enfim, entendo
que a natureza e a cidade devam cada qual representar sua função com
qualidade. Há um mês tirei fotos da área onde será construído o
terminal. Nelas aparecem três grossos troncos de mangueiras que foram
derrubadas de lá da noite para o dia. Um amigo de cinquenta e poucos
anos brincou quando criança nos galhos dessas árvores. Depois disso, a
obra entrou aparentemente em recesso. Pensei, talvez, que os
responsáveis pela mesma tivessem refletido melhor e decidido conservar
as jabuticabeiras, agregando-as ao novo projeto, de modo a humanizar
ainda mais a área, oferecer sombra natural, deixar um espaço sem
concreto para absorver melhor a água e, de quebra, oferecer frutas aos
pássaros e usuários de ônibus. Seria ou não um charme? Sonhática, eu? Não, em muitas cidades
há exemplos dessa realidade, fácil de pesquisar. Todos os dias os
jornais fornecem farto material sobre as metrópoles que hoje vivem
problemas gigantes decorrentes do desmatamento indiscriminado em favor
do asfalto, cimento, concreto e Cia. O racionamento de água já é uma
realidade. A arquitetura do terminal poderia se apropriar de alguns
aspectos marcantes da arquitetura das antigas estações de trem, ter uma
aparência diferenciada dos terminais de outras cidades, não somente em
termos de tecnologia, mas de sustentabilidade, na relação da obra com
seu entorno e com a cultura na qual se insere. Se você chegou até este
trecho, assista à apresentação computadorizada do futuro terminal, com
iluminação por energia solar - farta e bela -, reaproveitamento de água,
unidade do Procon anexa, extenso gramado verde até o rio Guaxupé -
azul com algumas árvores na margem oposta à construção (o verde parece
ser amplo, na visão aérea):
Parabéns a todos os envolvidos. Deixarão essa grande obra de herança às futuras gerações.
As fotos foram feitas de longe, mas se bem observadas, podem ser vistos os troncos das referidas mangueiras. Dá pra dormir com tanto barulho de pernilongos? Nunca houve tantos. O motivo pode ser a derrubada das matas nativas em detrimento das plantações de café e soja, por exemplo. As abelhas estão sendo dizimadas pelos agrotóxicos. É urgente a formação de uma nova cultura. Daí, vem a chuva abençoando tudo com seu barulhinho bom... Boa noite!
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