Cronologia do incêndio na Nova Floresta
No início da noite de hoje, 01.08, a chuva molhou o solo guaxupeano, continuando durante a madrugada. A esperança é que tenha auxiliado os bombeiros no combate ao incêndio na reserva de mata atlântica de interior localizada na Nova Floresta. O fogo começou na noite de 22 de julho, domingo - há 11 noites e 10 dias. De acordo com uma matéria da TV Sul, sem fotos ou imagens recentes desta data, o chefe dos bombeiros diz que as chamas serão totalmente eliminadas até o fim da semana ... ... ...
Estive no local com um grupo de amigas no último fim de semana (sábado e domingo). Soube que mais de um terço da mata foi degradada, com milhares de vidas silvestres perdidas. Mas há tempos, bem antes dessa tragédia, bandos de macacos-pregos vagam desnorteados pelas vizinhanças em busca de comida. Foram vistos se alimentando de espigas de milho secas. A situação é dramática e o ecossistema da região, que já estava muito prejudicado devido aos desmatamentos constantes, depois desse fogo necessitará de um projeto de reflorestamento e de proteção ambiental imediatos. Nessa região há nascentes que desaguam no rio Guaxupé, sendo fundamental para a saúde pública.
(as fotos foram tiradas no incêndio que queimou uma grande área no início da mata, ladeada por eucaliptos próximos à estrada, dias 28 e 29 de julho)
Dia 02.08.2018
Os textos a seguir foram produzidos coletivamente:
(31.07, às 23h)
Pela reportagem da TV Sul de Guaxupé, hoje 31 de julho, soubemos que o incêndio na Nova Floresta continua. De acordo com os bombeiros a chuva da madrugada não conseguiu apagar o fogo. Uma amiga que veio de Muzambinho disse que se vê muitos animais mortos na estrada. Refletindo sobre as reportagens, e de acordo com os depoimentos que ouvimos na Nova Floresta, se faz claro que ainda é necessário tanto mãos de obra experientes quanto recursos adequados. Se a chuva conseguiu diminuir a força das chamas, o trabalho da força-tarefa de hoje foi decisivo? Se não, seria viável e providencial o auxílio de um avião da FAB? Soubemos que esta possibilidade é real. A dificuldade na tomada de decisões contribuiu para o aumento da proporção do incêndio durante esses 9 dias. A chuva não estaria dando uma nova oportunidade para finalizarmos esse episódio triste com honra? Ainda, depois que o fogo for apagado, haverá instituição responsável pela recuperação da mata degradada ou faremos um mutirão para replantar as espécies nativas? A área queimada será recuperada, para sorte da nossa saúde e das futuras gerações, ou poderá ser utilizada para fins econômicos? Vamos compartilhar esses questionamentos para obter respostas. A imprensa pode nos ajudar nessa tarefa que é coletiva e de interesse público?
(31.07, às 17h28)
Como eu sempre digo, para ser eficaz é preciso humildade e sabedoria. Minhas falas sobre o incêndio da Nova Floresta não tiveram cunho político, foram exercícios de cidadania de quem sabe a importância de todos os seres vivos pro planeta Terra. Porém, se esse avião da FAB pode mesmo ser disponibilizado por meio de um requerimento oficial, houve uma enorme falha administrativa na gestão dessa tragédia toda.
(31.07, às 00h17)
Pra você, o que seria uma tragédia?
Na Colômbia existe uma ilha do tamanho de um campo de futebol, com 115 casas e 500 habitantes, sendo 60% crianças – a maior densidade demográfica do mundo. O incêndio na Nova Floresta, de acordo com reportagem na TV Sul de hoje, 30.07, já queimou mais de 100 hectares, o equivalente a aproximadamente 100 campos de futebol, ou seja, a 11.500 casas, 20.000 adultos e 30.000 crianças no país vizinho.
O incêndio começou na noite de domingo, 22. Nesses oito dias, mesmo com o trabalho diurno da equipe de bombeiros (com auxílio de equipes de fora), e com apoio de voluntários (incluindo mulheres) e da Prefeitura de Guaxupé, as chamas continuam se alastrando, em grande parte, por causa do tempo seco. Segundo afirmam os bombeiros, o fogo subterrâneo é o grade vilão dessa tragédia. Depois vêm as onças e as cobras. São elas que dificultam ainda mais o trabalho noturno. Acredito, ainda, que a inexperiência também seja um empecilho: nunca vivenciamos um problema dessa magnitude em Guaxupé.
Não bastasse essas dificuldades naturais – bombeiros deveriam ser super-heróis, não seres humanos -, ainda há faíscas aéreas que insistem em incendiar áreas distantes. Uma experiência vivenciada por mim, é que depois de os bombeiros apagarem as chamas num determinado local, ainda restaram fragmentos de fogo na área já queimada, que em poucas horas ganharam força novamente e incendiaram outro ponto não muito distante. Se eu tivesse um carro-pipa, em vez de carro normal, teria contribuído naquele momento.
Para mim é uma grande tragédia a morte de milhares de animais silvestres. É doloroso ver aves em bando gritando porque perderam seus ninhos; macacos-prego comendo espigas de milho secas por falta de comida; lobos aparvalhados no meio da estrada... Não demora muito, com a perda do seu habitat natural, estarão invadindo a cidade. O que aconteceria se uma onça ou uma cobra atacasse uma criança dentro de casa? A culpa seria de quem? Da natureza ou do homem que nunca está preparado para uma emergência desse tipo?
É um absurdo que aeronaves destinadas a combater incêndios florestais estejam em manutenção em época de seca. O Estado (não só o de Minas) deveria estar preparado para essas ocorrências, pois acontecem todos os anos. Combate aéreo simultâneo ao terrestre, com uso de instrumentos para exterminar fogos subterrâneos, seriam mais eficazes. O compartilhamento de tecnologias e equipamentos entre os diversos entes públicos, incluindo de diferentes regiões e até Estados, seria o ideal (assim como portugueses ajudando os gregos a combaterem incêndios e vice-versa).
Já publiquei diversas postagens sobre este tema e continuarei insistindo enquanto o fogo estiver ardendo. Não tenho razão e nem vontade para mudar de assunto, me sinto em paz ao exercitar minha cidadania. Mas o que me deixaria orgulhosa, mesmo, seria caminharmos juntos até a região do incêndio – quantos guaxupeanos bastariam? -, cada qual com um balde d’água. Junto com os bombeiros e os carros-pipa poderíamos salvar a vida de milhares de espécies, incluindo as árvores majestosas e centenárias que habitam essa região (como a que o sargento Fernandes viu queimando e se emocionou). Vamos? ... Mais fácil esperar a chuva chegar de São Paulo, né? (e pelo barulho, chegou!)
(29.07, às 21h43)
INCÊNDIO NA NOVA FLORESTA, EM GUAXUPÉ, UM DOS MAIORES REMANESCENTES DO BIOMA DE MATA ATLÂNTICA DE INTERIOR DO SUDOESTE DE MINAS.
O que é uma situação de emergência para você?
A população tem noção do impacto ambiental dessa tragédia?
Alguém tem noção do tamanho da Nova Floresta e o que ela representa para Guaxupé?
De quem é a responsabilidade sobre a área de Mata Atlântica de interior que diz respeito a Guaxupé? Se a Nova Floresta está dividida em diversas propriedades particulares, de quem é a responsabilidade sobre essa área?
Qual é a ação efetiva para acabar com o incêndio da Nova Floresta?
Como a população unida pode contribuir de fato para acabar com o fogo?
Existe algum interesse financeiro nessa queimada?
É um incêndio criminoso?
Podemos culpar os piromaníacos?
A quem devemos recorrer: bombeiros, IEF – Instituto Estadual de Florestas, prefeitura ou proprietários?
Guaxupé tem um Plano de Preservação da área de Mata Atlântica?
Será obrigatório o reflorestamento da área queimada?
De quem é a responsabilidade pela recuperação da área atingida pelo fogo?
Podemos contar com o Estado de Minas para sanar as limitações de Guaxupé?
Ou só nos resta esperar a ajuda de Deus?
Foto 1: tarde de 28/07 Foto 2: começo da noite de 28/07 Foto 3: tarde de 29/07. Fotos 4 e 5: tarde de 28/07.
Vamos compartilhar e tentar provocar respostas para essas perguntas.
(29.07, às 15h43)
Ao Corpo de Bombeiros de Guaxupé,
29.07.18
Prezados senhores,
Temos certeza de que estão trabalhando incansavelmente para combater o fogo na Nova Floresta. Sabemos que é uma experiência nova tanto para vocês quanto para a população, pois ambos nunca nos deparamos com um problema dessa magnitude.
Como os 700 hectares de mata atlântica de interior, uma das maiores ou talvez a maior do bioma de mata atlântica de interior do sudoeste de Minas, são uma riqueza ambiental inestimável para todos nós, cidadãos guaxupeanos, gostaríamos de contribuir com uma sugestão para fortalecer essa luta. Sabemos que o incêndio subterrâneo causa danos à floresta, porém num processo mais lento que o aéreo. Portanto, pedimos que deem mais atenção aos focos de fogo acima da terra que são deixados para trás após o combate em determinada área.
Ontem presenciamos o árduo trabalho de cinco bombeiros em uma mata ladeada por eucaliptos, próximos à estrada, não se caracterizando portanto em mata fechada. Após o trabalho, restaram dois ou três focos de fogo, e todos vocês foram unânimes ao afirmar que não haveria problema por se tratar de pontos já queimados. Duas a três horas depois, porém, as chamas voltaram a incendiar o local e, ainda, remeteram brasa a um ponto próximo que começou a pegar fogo. Nesse lugar, especificamente, estivemos agora a pouco, e ainda há fogo. Esperamos que o mesmo seja rapidamente controlado hoje, e que nossa dica se expanda e auxilie no combate eficaz ao incêndio.
Vamos compartilhar esta mensagem para que chegue rapidamente aos bombeiros e demais envolvidos nesse triste episódio da nossa história, antes que a tarde finde e eles interrompam os trabalhos, mais uma vez, deixando as chamas se alastrarem aleatoriamente durante toda a noite.
(29.07, às 13h35)
Olha a que ponto chegou o incêndio na Nova Floresta, que queima desde domingo passado. Esta fumaça enorme é vista da janela da minha casa, no centro de Guaxupé. Estou desolada.
foto tirada da janela de casa
(29.07, às 10h16)
O fogo ruge, a mata estala, os animais gritam. Há mais de uma semana um fogo consome uma importante reserva florestal no sul de Minas. Todo un sistema arrefece. Os animais fogem aos gritos. São apenas 27 homens do corpo de bombeiros para conter as chamas, há dias, em vão. Com máquinas quebradas, não há reforços estaduais ou federais enquanto a floresta se desfaz em fumaça. AJUDEM A DENUNCIAR. AÇÃO IMEDIATA E RESPONSÁVEL!
"Vamos compartilhar essa mensagem e essas fotos para que essa situação seja resolvida o quanto antes."
(26.07, às 19h28)
Gostaria de saber a língua dos anjos para acabar com o fogo que irrompe em diferentes pontos da Nova Floresta. Pois o trabalho do corpo de bombeiros de Guaxupé - 27 homens que se revezam - não é suficiente para conter as chamas. No fim da tarde vi o trabalho deles num ponto não muito distante da antiga sede da fazenda. Poucas horas depois que eles se retiraram, novos focos de incêndio surgiram próximos ao local. Já era noite, e segundo o sargento Fernandes, somente no início da manhã os trabalhos seriam retomados, a não ser em caso de emergência.
Só não entendemos por que o fogo que toma conta de uma imensa área de mata atlântica do interior não seja prioridade. Por que o IEF não mandou até agora reforços, incluindo aéreo, para amenizar uma iminente tragédia ambiental. Se a população de Guaxupé tivesse conhecimento da importância dessas matas para nossa qualidade de vida, faríamos uma grande vigília em frente a sede dos bombeiros e exigiríamos uma ação imediata e eficaz para resolver a questão. Porque é possível, já que a área- pelo menos a que vimos ser queimada hoje - fica próxima à estrada de terra e, portanto, não pode ser considerada mata fechada.
É urgente uma tomada de posição eficiente por parte dos órgãos responsáveis. Vamos compartilhar essa mensagem e essas fotos para que essa situação seja resolvida o quanto antes. 28.07, às 20h58 Infelizmente as chamas continuam crepitando na Nova Floresta. Meus olhos ardem e a fumaça cobre parte do céu da cidade. O incêndio que começou na noite de domingo talvez pudesse ter sido controlado se meu helicóptero imaginário tivesse vindo em auxílio dos bombeiros locais.
O fogo já consumiu grande parte do habitat de macacos-pregos e outros animais silvestres. Em Guaxupé, o desequilíbrio ecológico há algum tempo já se faz sentir. Pernilongos desavisados tiram nosso sono em qualquer época do ano. Consequência do desmatamento para construção de condomínios e plantação de novas lavouras agrícolas. E também de queimadas. Essa região que está sendo queimada deveria ser preservada como um patrimônio público natural, um tesouro fundamental para nossa qualidade de vida. Imaginamos seu Sales, o grande protetor da região de mata atlântica de interior que sobrou da centenária fazenda Nova Floresta, esteja chorando lágrimas copiosas lá do céu para tentar apagar o fogo. Como elas não conseguem chegar até aqui seus grandes olhos estão arregalados e atônitos: Como deixaram chegar a esse ponto?
E não adianta a gente chorar não. Temos que sair da nossa zona de conforto e brigar em favor de uma política ambiental mais rígida. Se é que temos intenção de deixar qualidade de vida para as futuras gerações. Talvez, neste momento, seria um bom exemplo para os mais novos a gente se mobilizar para socorrer, com água e alimentos, os macacos que gritam. Não sei bem como. Já senti os efeitos da fumaça em mim quando me aproximei de uma queimada. É complicado para a saúde. Mas algo precisa ser feito com urgência. Alguém tem uma proposta boa?
(24.07, às 23h48)
Há um incêndio na Nova Floresta. Porque se chama nova, eu não sei, já que remonta a tempos mais longínquos que a história de Guaxupé (talvez fosse nova em outros tempos). Neste momento ouço sons de helicóptero. Espero que sejam guerreiros especializados em conter as chamas. Seria possível manter no município profissionais especializados no combate a esse tipo de queimada? Uma rede de aceiros seria suficiente para combater o fogo? O poder público está interessado na preservação ambiental? Soube que os macacos estão gritando em desespero. Outros sons, menos agudos, não podemos ouvir. Mas muitos seres vivos estão perdendo seu habitat desde que esse incêndio começou ontem. Como seria se perdêssemos nossas casas para o fogo? Tenho vergonha da minha inutilidade, pois sei que sem a biodiversidade a vida de cada um vai ficar cada vez mais difícil no planeta Terra. Não posso fugir. Dormirei entre lágrimas, esperando que a justiça e a sabedoria dos homens prevaleça. E que o amanhã se inicie sem nenhuma fumaça.
Estive no local com um grupo de amigas no último fim de semana (sábado e domingo). Soube que mais de um terço da mata foi degradada, com milhares de vidas silvestres perdidas. Mas há tempos, bem antes dessa tragédia, bandos de macacos-pregos vagam desnorteados pelas vizinhanças em busca de comida. Foram vistos se alimentando de espigas de milho secas. A situação é dramática e o ecossistema da região, que já estava muito prejudicado devido aos desmatamentos constantes, depois desse fogo necessitará de um projeto de reflorestamento e de proteção ambiental imediatos. Nessa região há nascentes que desaguam no rio Guaxupé, sendo fundamental para a saúde pública.
(as fotos foram tiradas no incêndio que queimou uma grande área no início da mata, ladeada por eucaliptos próximos à estrada, dias 28 e 29 de julho)
Dia 02.08.2018
(31.07, às 23h)
Pela reportagem da TV Sul de Guaxupé, hoje 31 de julho, soubemos que o incêndio na Nova Floresta continua. De acordo com os bombeiros a chuva da madrugada não conseguiu apagar o fogo. Uma amiga que veio de Muzambinho disse que se vê muitos animais mortos na estrada. Refletindo sobre as reportagens, e de acordo com os depoimentos que ouvimos na Nova Floresta, se faz claro que ainda é necessário tanto mãos de obra experientes quanto recursos adequados. Se a chuva conseguiu diminuir a força das chamas, o trabalho da força-tarefa de hoje foi decisivo? Se não, seria viável e providencial o auxílio de um avião da FAB? Soubemos que esta possibilidade é real. A dificuldade na tomada de decisões contribuiu para o aumento da proporção do incêndio durante esses 9 dias. A chuva não estaria dando uma nova oportunidade para finalizarmos esse episódio triste com honra? Ainda, depois que o fogo for apagado, haverá instituição responsável pela recuperação da mata degradada ou faremos um mutirão para replantar as espécies nativas? A área queimada será recuperada, para sorte da nossa saúde e das futuras gerações, ou poderá ser utilizada para fins econômicos? Vamos compartilhar esses questionamentos para obter respostas. A imprensa pode nos ajudar nessa tarefa que é coletiva e de interesse público?
(31.07, às 17h28)
Como eu sempre digo, para ser eficaz é preciso humildade e sabedoria. Minhas falas sobre o incêndio da Nova Floresta não tiveram cunho político, foram exercícios de cidadania de quem sabe a importância de todos os seres vivos pro planeta Terra. Porém, se esse avião da FAB pode mesmo ser disponibilizado por meio de um requerimento oficial, houve uma enorme falha administrativa na gestão dessa tragédia toda.
Jorge Dominante Reis - no Facebook
Caros Amigos de Guaxupé Mencionei ontem em um comentário sobre o incêndio do Nova Floresta, que bastaria um contato com a Força Aérea Brasileira, solicitando os Hércules C130 que já são preparados para este tipo de ação, que com certeza, eles prontamente estariam à disposição do município. Bem, o Assessor de Imprensa da Prefeitura, preferiu tirar sarro da minha sugestão e ainda quis tripudiar, certo? Então aqui está a Resposta Oficial do Comando Aéreo Brasileiro, sobre o questionamento que fiz, sobre a possibilidade de enviar os Hércules para Guaxupé. É lamentável, a falta de preparo de muitos profissionais da Prefeitura de Guaxupé, que são prepotentes e arrogantes, e se acham donos do mundo. Bastava apenas um Ofício. Apenas isso.
(31.07, às 00h17)
Pra você, o que seria uma tragédia?
Na Colômbia existe uma ilha do tamanho de um campo de futebol, com 115 casas e 500 habitantes, sendo 60% crianças – a maior densidade demográfica do mundo. O incêndio na Nova Floresta, de acordo com reportagem na TV Sul de hoje, 30.07, já queimou mais de 100 hectares, o equivalente a aproximadamente 100 campos de futebol, ou seja, a 11.500 casas, 20.000 adultos e 30.000 crianças no país vizinho.
A grande pergunta é: Se na nossa reserva de Mata Atlântica de interior vivessem seres humanos em vez de animais silvestres, alguém aceitaria que o trabalho de combate ao fogo fosse interrompido durante a noite?
O incêndio começou na noite de domingo, 22. Nesses oito dias, mesmo com o trabalho diurno da equipe de bombeiros (com auxílio de equipes de fora), e com apoio de voluntários (incluindo mulheres) e da Prefeitura de Guaxupé, as chamas continuam se alastrando, em grande parte, por causa do tempo seco. Segundo afirmam os bombeiros, o fogo subterrâneo é o grade vilão dessa tragédia. Depois vêm as onças e as cobras. São elas que dificultam ainda mais o trabalho noturno. Acredito, ainda, que a inexperiência também seja um empecilho: nunca vivenciamos um problema dessa magnitude em Guaxupé.
Não bastasse essas dificuldades naturais – bombeiros deveriam ser super-heróis, não seres humanos -, ainda há faíscas aéreas que insistem em incendiar áreas distantes. Uma experiência vivenciada por mim, é que depois de os bombeiros apagarem as chamas num determinado local, ainda restaram fragmentos de fogo na área já queimada, que em poucas horas ganharam força novamente e incendiaram outro ponto não muito distante. Se eu tivesse um carro-pipa, em vez de carro normal, teria contribuído naquele momento.
Para mim é uma grande tragédia a morte de milhares de animais silvestres. É doloroso ver aves em bando gritando porque perderam seus ninhos; macacos-prego comendo espigas de milho secas por falta de comida; lobos aparvalhados no meio da estrada... Não demora muito, com a perda do seu habitat natural, estarão invadindo a cidade. O que aconteceria se uma onça ou uma cobra atacasse uma criança dentro de casa? A culpa seria de quem? Da natureza ou do homem que nunca está preparado para uma emergência desse tipo?
É um absurdo que aeronaves destinadas a combater incêndios florestais estejam em manutenção em época de seca. O Estado (não só o de Minas) deveria estar preparado para essas ocorrências, pois acontecem todos os anos. Combate aéreo simultâneo ao terrestre, com uso de instrumentos para exterminar fogos subterrâneos, seriam mais eficazes. O compartilhamento de tecnologias e equipamentos entre os diversos entes públicos, incluindo de diferentes regiões e até Estados, seria o ideal (assim como portugueses ajudando os gregos a combaterem incêndios e vice-versa).
Já publiquei diversas postagens sobre este tema e continuarei insistindo enquanto o fogo estiver ardendo. Não tenho razão e nem vontade para mudar de assunto, me sinto em paz ao exercitar minha cidadania. Mas o que me deixaria orgulhosa, mesmo, seria caminharmos juntos até a região do incêndio – quantos guaxupeanos bastariam? -, cada qual com um balde d’água. Junto com os bombeiros e os carros-pipa poderíamos salvar a vida de milhares de espécies, incluindo as árvores majestosas e centenárias que habitam essa região (como a que o sargento Fernandes viu queimando e se emocionou). Vamos? ... Mais fácil esperar a chuva chegar de São Paulo, né? (e pelo barulho, chegou!)
(29.07, às 21h43)
INCÊNDIO NA NOVA FLORESTA, EM GUAXUPÉ, UM DOS MAIORES REMANESCENTES DO BIOMA DE MATA ATLÂNTICA DE INTERIOR DO SUDOESTE DE MINAS.
O que é uma situação de emergência para você?
A população tem noção do impacto ambiental dessa tragédia?
Alguém tem noção do tamanho da Nova Floresta e o que ela representa para Guaxupé?
De quem é a responsabilidade sobre a área de Mata Atlântica de interior que diz respeito a Guaxupé? Se a Nova Floresta está dividida em diversas propriedades particulares, de quem é a responsabilidade sobre essa área?
Qual é a ação efetiva para acabar com o incêndio da Nova Floresta?
Como a população unida pode contribuir de fato para acabar com o fogo?
Existe algum interesse financeiro nessa queimada?
É um incêndio criminoso?
Podemos culpar os piromaníacos?
A quem devemos recorrer: bombeiros, IEF – Instituto Estadual de Florestas, prefeitura ou proprietários?
Guaxupé tem um Plano de Preservação da área de Mata Atlântica?
Será obrigatório o reflorestamento da área queimada?
De quem é a responsabilidade pela recuperação da área atingida pelo fogo?
Podemos contar com o Estado de Minas para sanar as limitações de Guaxupé?
Ou só nos resta esperar a ajuda de Deus?
Foto 1: tarde de 28/07 Foto 2: começo da noite de 28/07 Foto 3: tarde de 29/07. Fotos 4 e 5: tarde de 28/07.
Vamos compartilhar e tentar provocar respostas para essas perguntas.
(29.07, às 15h43)
Ao Corpo de Bombeiros de Guaxupé,
29.07.18
Prezados senhores,
Temos certeza de que estão trabalhando incansavelmente para combater o fogo na Nova Floresta. Sabemos que é uma experiência nova tanto para vocês quanto para a população, pois ambos nunca nos deparamos com um problema dessa magnitude.
Como os 700 hectares de mata atlântica de interior, uma das maiores ou talvez a maior do bioma de mata atlântica de interior do sudoeste de Minas, são uma riqueza ambiental inestimável para todos nós, cidadãos guaxupeanos, gostaríamos de contribuir com uma sugestão para fortalecer essa luta. Sabemos que o incêndio subterrâneo causa danos à floresta, porém num processo mais lento que o aéreo. Portanto, pedimos que deem mais atenção aos focos de fogo acima da terra que são deixados para trás após o combate em determinada área.
Ontem presenciamos o árduo trabalho de cinco bombeiros em uma mata ladeada por eucaliptos, próximos à estrada, não se caracterizando portanto em mata fechada. Após o trabalho, restaram dois ou três focos de fogo, e todos vocês foram unânimes ao afirmar que não haveria problema por se tratar de pontos já queimados. Duas a três horas depois, porém, as chamas voltaram a incendiar o local e, ainda, remeteram brasa a um ponto próximo que começou a pegar fogo. Nesse lugar, especificamente, estivemos agora a pouco, e ainda há fogo. Esperamos que o mesmo seja rapidamente controlado hoje, e que nossa dica se expanda e auxilie no combate eficaz ao incêndio.
Vamos compartilhar esta mensagem para que chegue rapidamente aos bombeiros e demais envolvidos nesse triste episódio da nossa história, antes que a tarde finde e eles interrompam os trabalhos, mais uma vez, deixando as chamas se alastrarem aleatoriamente durante toda a noite.
(29.07, às 13h35)
Olha a que ponto chegou o incêndio na Nova Floresta, que queima desde domingo passado. Esta fumaça enorme é vista da janela da minha casa, no centro de Guaxupé. Estou desolada.
foto tirada da janela de casa
(29.07, às 10h16)
O fogo ruge, a mata estala, os animais gritam. Há mais de uma semana um fogo consome uma importante reserva florestal no sul de Minas. Todo un sistema arrefece. Os animais fogem aos gritos. São apenas 27 homens do corpo de bombeiros para conter as chamas, há dias, em vão. Com máquinas quebradas, não há reforços estaduais ou federais enquanto a floresta se desfaz em fumaça. AJUDEM A DENUNCIAR. AÇÃO IMEDIATA E RESPONSÁVEL!
"Vamos compartilhar essa mensagem e essas fotos para que essa situação seja resolvida o quanto antes."
(26.07, às 19h28)
SOCORRO! S.O.S.!! HELP!!!
Gostaria de saber a língua dos anjos para acabar com o fogo que irrompe em diferentes pontos da Nova Floresta. Pois o trabalho do corpo de bombeiros de Guaxupé - 27 homens que se revezam - não é suficiente para conter as chamas. No fim da tarde vi o trabalho deles num ponto não muito distante da antiga sede da fazenda. Poucas horas depois que eles se retiraram, novos focos de incêndio surgiram próximos ao local. Já era noite, e segundo o sargento Fernandes, somente no início da manhã os trabalhos seriam retomados, a não ser em caso de emergência.
Só não entendemos por que o fogo que toma conta de uma imensa área de mata atlântica do interior não seja prioridade. Por que o IEF não mandou até agora reforços, incluindo aéreo, para amenizar uma iminente tragédia ambiental. Se a população de Guaxupé tivesse conhecimento da importância dessas matas para nossa qualidade de vida, faríamos uma grande vigília em frente a sede dos bombeiros e exigiríamos uma ação imediata e eficaz para resolver a questão. Porque é possível, já que a área- pelo menos a que vimos ser queimada hoje - fica próxima à estrada de terra e, portanto, não pode ser considerada mata fechada.
É urgente uma tomada de posição eficiente por parte dos órgãos responsáveis. Vamos compartilhar essa mensagem e essas fotos para que essa situação seja resolvida o quanto antes. 28.07, às 20h58 Infelizmente as chamas continuam crepitando na Nova Floresta. Meus olhos ardem e a fumaça cobre parte do céu da cidade. O incêndio que começou na noite de domingo talvez pudesse ter sido controlado se meu helicóptero imaginário tivesse vindo em auxílio dos bombeiros locais.
O fogo já consumiu grande parte do habitat de macacos-pregos e outros animais silvestres. Em Guaxupé, o desequilíbrio ecológico há algum tempo já se faz sentir. Pernilongos desavisados tiram nosso sono em qualquer época do ano. Consequência do desmatamento para construção de condomínios e plantação de novas lavouras agrícolas. E também de queimadas. Essa região que está sendo queimada deveria ser preservada como um patrimônio público natural, um tesouro fundamental para nossa qualidade de vida. Imaginamos seu Sales, o grande protetor da região de mata atlântica de interior que sobrou da centenária fazenda Nova Floresta, esteja chorando lágrimas copiosas lá do céu para tentar apagar o fogo. Como elas não conseguem chegar até aqui seus grandes olhos estão arregalados e atônitos: Como deixaram chegar a esse ponto?
E não adianta a gente chorar não. Temos que sair da nossa zona de conforto e brigar em favor de uma política ambiental mais rígida. Se é que temos intenção de deixar qualidade de vida para as futuras gerações. Talvez, neste momento, seria um bom exemplo para os mais novos a gente se mobilizar para socorrer, com água e alimentos, os macacos que gritam. Não sei bem como. Já senti os efeitos da fumaça em mim quando me aproximei de uma queimada. É complicado para a saúde. Mas algo precisa ser feito com urgência. Alguém tem uma proposta boa?
(24.07, às 23h48)
Há um incêndio na Nova Floresta. Porque se chama nova, eu não sei, já que remonta a tempos mais longínquos que a história de Guaxupé (talvez fosse nova em outros tempos). Neste momento ouço sons de helicóptero. Espero que sejam guerreiros especializados em conter as chamas. Seria possível manter no município profissionais especializados no combate a esse tipo de queimada? Uma rede de aceiros seria suficiente para combater o fogo? O poder público está interessado na preservação ambiental? Soube que os macacos estão gritando em desespero. Outros sons, menos agudos, não podemos ouvir. Mas muitos seres vivos estão perdendo seu habitat desde que esse incêndio começou ontem. Como seria se perdêssemos nossas casas para o fogo? Tenho vergonha da minha inutilidade, pois sei que sem a biodiversidade a vida de cada um vai ficar cada vez mais difícil no planeta Terra. Não posso fugir. Dormirei entre lágrimas, esperando que a justiça e a sabedoria dos homens prevaleça. E que o amanhã se inicie sem nenhuma fumaça.
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