esquecer para não lembrar

Este é o nome do livro escrito por Maria de Lourdes Menezes Ribeiro, uma dama por vocação. Dona Lourdes, como era chamada do alto dos seus mais de 90 anos, nos deixou há alguns meses. Ela também foi um dos cento e poucos entrevistados da coluna Minha História*, publicada semanalmente no Jornal Correio Sudoeste entre 2008 e 2012. Mas, dona Lourdes, a senhora não nos ensinou como se faz para esquecer realmente. Senão eu divulgaria aqui sua fórmula, bem como aplicaria a mesma em minha vida. As memórias são incansáveis e inclementes, pelo menos às pessoas que se julgam sãs. Gostaria de esquecer com facilidade minhas paixões, por exemplo. Viveria na ignorância, sem me incomodar com as queimadas que vitimam a natureza e os animais silvestres, ainda impactando a saúde de crianças e adultos. Com o consumo de agrotóxicos nas lavouras que exterminam as abelhas (cuidado, Guaxupé, até então, abelha pronta para o voo – ápice apta apis). Ou com o abandono e maus-tratos aos animais domésticos e domesticados. A falta de senso ético e patriótico que domina a política no Brasil. Não me incomodaria em observar a falta de imparcialidade da imprensa ao conduzir as entrevistas que irão nortear as escolhas dos eleitores, como, por exemplo, as que acontecem no Jornal Nacional**. Não me irritaria quando, por várias vezes, quase sofri um acidente de carro ao tentar cruzar a "ponte do tabuão" com a rua Alcides Baldini - onde caberia um semáforo ou mudança da sinalização. Teria uma existência pacata, assistindo aos programas tolos de domingo, rindo das videocassetadas. Desperdiçaria água nas calçadas para tirar o pó, as folhas e as sujeiras dos pedestres, ouvindo música num volume bem alto a ponto de incomodar os vizinhos. Gastaria mais combustíveis em carreatas sem sentido, soltaria foguetes perto de hospitais em demonstração da minha alegria; frequentaria mais igrejas, exigiria carne Friboi, beijaria sem envolvimento. Levaria meu cão para passear e seria feliz.

Outros títulos possíveis:
- A revolução das abelhas
- Sobre paixões e outras insensatezes
- A vida é uma videocassetada de domingo
Outro mais?

Uma dica:
Apreciar a lua, ainda que nem sempre super, também ameniza tristezas, eleva os sonhos, alimenta esperanças.



 












* Para ler a história da dona Lourdes é só clicar à direita e abaixo em postagens antigas, de junho de 2010.

** Sobre as entrevistas  do JN, talvez eu não tenha feito uma análise imparcial, já que tenho predisposição a duvidar de tudo que vem da Globo.

Comentários

Anônimo disse…
Boa noite, li parte do seu blog e falam sobre pessoas de Guaxupé, meu avó morou em Guaxupé junto com a família dele, mas um dia ele fugiu por causa de seu pai (meu bisa) se muito rígido, meu vô morreu sem que pudesse ver seus irmãos tanto eu como meu pai gostaríamos , muitos de conhecer a família de meu vô, se você puder nos ajudar.

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