Palhaçada é viver de hipocrisia
Solenta,
personagem de Mônica Malheiros, é o nome de uma palhaça que, entre diversos
projetos, vive de encantar e transformar a consciência de colaboradores e
funcionários de grandes empresas, como Natura e Johnson & Johnson. Isso
significa que Mônica ganha a vida por meio de inúmeras palhaçadas que agregam
valores aos outros e a si mesma. Saiba mais aqui: http://www.pop123.com.br/home/
As palhaças Solenta e Consuelo em ação. |
Na segunda-feira de carnaval, um grupo de amigos, inconformados com a situação econômica-política-previdenciária-humana-ambiental-sanitária-etc. do Brasil e mundo atuais (sem esquecer que tudo vai passar), intencionaram incentivar a alegria em si mesmas e em quem pudesse se sensibilizar, por meio de um bloco de rua batizado de Black Bloco, na um dia pequena e pacata cidade de Guaxupé, Minas. Todos levariam cartazes que promovessem reflexão sobre situações que cada um considerasse relevantes, em diversas áreas do conhecimento (como são diversas as pessoas). E, simultaneamente, evidenciaria nossa tristeza com tudo que anda rolando por aí.
Quando
soube da proposta, Laise Diogo, atriz e doutoranda da Unicamp, foi imediatamente
tocada por um vírus revolucionário. Pesquisou na internet a origem dos black blocs - bloco negro -, movimento que surgiu na Alemanha e em alguns países europeus na
década de 80 (mais aqui). O termo remete a um movimento ou tática de guerrilha urbana utilizados em
manifestações de rua como autodefesa contra a repressão policial e a
perseguição.
Isto
posto, tomamos o cuidado de sair às ruas de cara limpa, mas vestidos de preto.
Nosso objetivo foi anarquia com diversão, sem focar partidos políticos (minha
mãe alertou: cuidado, menina!). Estranhamente, reunimos apenas 15 amigos
declarados, talvez porque outras mães também ficaram preocupadas com seus
filhos. Em Guaxupé ainda vigora o sistema coronelista, em que o cidadão pode
perder trabalho ou emprego por manifestar abertamente sua opção política
(talvez até sexual, religiosa e outras minorias – em compensação, todas as
maiorias são permissivas, digo, permitidas). Isso é lamentável. Porque
espantosamente, em nossa cidade, ninguém perde amigos – quando as pessoas se
encontram os tapinhas nas costas são efusivos (#tapinhasnuncamais). Guaxupé
ainda resiste ao movimento de vanguarda que valoriza o que cada indivíduo tem de bom e o respeito às diferenças.
HeForShe
Parênteses
especiais para ressaltar a iniciativa mundial da ONU Mulheres em prol da
equidade de gêneros, porque, no fim de tudo, quando há equidade de gêneros e de
todo tipo de diversidade, todos saem ganhando. Estudos
revelam que a desigualdade de gênero impacta de forma significativa o PIB de
muitos países. Se criarmos as condições para que homens e
mulheres estejam na mesma situação, com as mesmas oportunidades, trabalhando
igual e recebendo igual, podemos incrementar o PIB mundial em US$ 28 trilhões
até 2025, segundo estudos da empresa de consultoria empresarial norte-americana
McKinsey.
De acordo com Nadine Gasman, representante do HeForShe, o
Brasil tem avançado muito nos últimos 15 anos, com políticas públicas que
beneficiam a educação e a própria renda das mulheres. Programas como Bolsa
Família, Minha Casa, Minha Vida, Pronatec, Prouni e outros, têm feito com que
uma parte importante da sociedade saia da pobreza extrema e da pobreza e tenha
mais oportunidades. Nesse incremento, há um percentual muito grande de mulheres
e de pessoas negras.
O que também traz o Brasil para parte de baixo no ranking é a participação feminina na política. Apenas 10% dos parlamentares no Congresso Federal são mulheres. Em Ruanda, por exemplo, esse índice passa de 60%. O Brasil está no mesmo patamar do Haiti e de Belize. É uma questão que vale uma reflexão mais profunda sobre o preconceito, sobre a cultura do machismo que existe no Brasil. Embora ainda existam muitas mulheres que ratifiquem esse machismo com atitudes submissas e resignadas, é preciso ter diversidade nas vozes, pois nem todos pensam igualmente: “o que compartilhamos é mais importante do que o que nos separa”. Saiba mais: http://www.heforshe.org/pt
O que também traz o Brasil para parte de baixo no ranking é a participação feminina na política. Apenas 10% dos parlamentares no Congresso Federal são mulheres. Em Ruanda, por exemplo, esse índice passa de 60%. O Brasil está no mesmo patamar do Haiti e de Belize. É uma questão que vale uma reflexão mais profunda sobre o preconceito, sobre a cultura do machismo que existe no Brasil. Embora ainda existam muitas mulheres que ratifiquem esse machismo com atitudes submissas e resignadas, é preciso ter diversidade nas vozes, pois nem todos pensam igualmente: “o que compartilhamos é mais importante do que o que nos separa”. Saiba mais: http://www.heforshe.org/pt
Mulheres de nariz vermelho
Bem,
voltando ao início, o que Solenta tem a ver com toda essa palhaçada
"guaxupense"? É que alguns integrantes do Black Bloco também usaram nariz de palhaço,
na ousadia de inspirar, como Solenta, as pessoas a recuperarem autoestima,
sonhos e valores esquecidos. Vale ressaltar, ainda, que a grande maioria desses
integrantes eram mulheres. Talvez tenha sido a cor vermelha do nariz de palhaço
que causou comoção, nem tanto o preto dos tecidos ou o gênero. É que agora toda
pessoa que usa vermelho é petista ou
Lulista (calcinha pode!). Eu mesma não sabia qual a referência política de
todos os integrantes do nosso bloco preto, totalmente apartidário, anarquista e
revolucionário.
Preto
pode também representar a dor do luto. Luto pelos valores democráticos
perdidos, por exemplo. Quando chegamos à avenida muitas pessoas fizeram sinais
para irmos embora. Houve quem reclamasse da nossa presença para os seguranças.
Isso porque carregávamos cartazes com dizeres cordiais e de fácil entendimento:
Fora Temer e TODOS os corruptos – Aposentadoria para TODOS, abaixo a PEC 287 –
TODOS são iguais mas alguns são mais iguais que outros – etc.
A
revolução de comportamentos e valores é nossa proposta e a única saída para
uma existência digna e saudável para todos (tem quem prefira investir milhões
numa passagem para um planeta distante, quando a Terra já estiver totalmente
deteriorada e a natureza não suportar mais tanta des-humanidade). Não há outra
quando se pensa num futuro nem tão distante assim.
Nem
é preciso viajar tanto. Numa conversa no bar, perguntei a um amigo se ele estava
preocupado com a (contra) Reforma da Previdência proposta pelo governo Temer.
Ele disse pra eu não me preocupar, porque a gente vai ter a oportunidade de
mudar tudo de novo futuramente... Acredito que esse seja um pensamento
simplista demais. Porque a corrupção está tão arraigada no comportamento do
brasileiro em geral, que lá na frente talvez não haja possibilidade de retornar
ao passado. Obrigar nossos congressistas a trabalharem em favor do povo é uma
obrigação de TODOS. Inúmera empresas poderosas devem dinheiro a Previdência.
Vamos deixar a preguiça de lado e nos informar. Nenhum direito a menos! (outro
cartaz)
Em
busca da Justiça perdida
O
mundo está perigosamente dividido entre o pensamento político de esquerda e o de
direita. A história tem inúmeros episódios que revelam a tragédia que pode
causar o comportamento extremista. Esse ódio dedicado ao PT e aos petistas é
totalmente sem fundamento. Porque não foi o Lula ou qualquer membro desse
partido que inventou a corrupção no Brasil. Antes, foram vítimas, porque
aqueles que ingressaram no esquema já instaurado deram armas para serem
abatidos. Até agora, foram os mais prejudicados pela Lava Jato. Agora, parece
ser a vez do PMDB. Veremos aonde isso tudo vai parar.
Também
não tem fundamento dizer que quem votou na Dilma colocou o Temer no poder. Quem
fez isso foram os apoiadores de um golpe antidemocrático que derrubou uma
presidenta reeleita com 54,5 milhões de votos, corroborados pelo preconceito de
gênero. Em quatro mandatos consecutivos o PT criou o Bolsa Família,
Minha Casa, Minha Vida, Pronatec, Prouni, Mais Médicos e Ciência sem Fronteiras
reconhecidos pela Organização das Nações Unidas como fundamentais para o fim da
pobreza extrema e da pobreza e empoderamento das minorias. Cegueira maior tem
aqueles que se negam a ver, aqueles que se submetem ao ódio em detrimento da razão.
Está
correto afirmar que o PT fez uma péssima aliança com o PMDB, que sempre exigiu cargos importantes
para caciques e caciquinhos do partido. Que quando vislumbrou a oportunidade de
ocupar o poder, não se fez de rogado e abandonou o barco. E fez muito pior,
ajudou a sabotar o governo Dilma. E também vale ressaltar que mesmo entregando
pastas importantes a partidos de conduta duvidosa, o executivo sempre teve o
poder do veto. Como diz Lidia Saad, publicitária e petista convicta, a caneta
era do PT.
Agora
o governo está nas mãos de um partido que não foi eleito democraticamente.
Reverter essa situação antes que novas Leis e PECs sejam criadas e que mais corruptos tomem o poder, é
responsabilidade de todos nós: rico, pobre ou remediado - índio – mulato –
preto – branco (“miséria é miséria em qualquer canto!”). Agora, se você insistir
em afirmar que Chico Buarque não é o compositor dos grandes sucessos que
marcaram época e que ele perdeu o valor por ser petista, então, meu caro leitor
ou leitora, infelizmente, você merece ser chamado de “coxinha”.
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
(Chico Buarque)
Este post é
dedicado aos parceiros do Black Bloco e a Moniquinha, palhaça de
carteirinha, que às vezes compartilha alegria com os amigos de Guaxupé.
Grata pela inspiração!
Grata pela inspiração!
Comentários
Que honra encontrar você aqui!
E de trabalho a gente entende. Não é?
rs vlw!!