EDGAR GUIDORIZZI
Infelizmente, Edgar Guidorizzi, proprietário do Galo de Ouro, faleceu ontem, 29, aparentemente enquanto dormia, por problemas cardíacos. Nesta foto, ele está entre as irmãs Agnes e Irma Guidorizzi, duas fiéis companheiras. Por mais que tenhamos consciência da volatilidade da vida, eu sempre me surpreendo quando alguém querido deixa esta dimensão. Saber que não terei mais o Edgar para me contar histórias, sugerir reportagens e me emprestar fotos antigas, nem o bar pra saciar minha fome de coxinha e daquela omelete especial que só ele sabia fazer. Não terei mais o GDO, na versão Edgar, pra matar minha sede de cerveja depois das caminhadas... É muito triste. Mais surpreendente ainda é a forma como o tempo cura todas as feridas e apaga lembranças, substitui uma pessoa pela outra e nossa existência pouco a pouco vai sendo esquecida. Por isso devemos viver cada precioso instante plenamente, porque a qualquer momento seremos o pó que se dispersa sem deixar rastros. Edgar Guidorizzi sempre foi um bon vivant, soube aproveitar cada minuto da vida do jeito dele, autêntico. Ele era um boêmio nato, agiu como sabia, seguiu seus instintos, mesmo conhecendo os perigos... Grande abraço, Edgar, pra mim você é inesquecível.
Ontem aconteceu, também, show do Ultraje a Rigor no Festival Cultura e Música de Muzambinho. Quem era fã da irreverência das apresentações da banda pela TV, nos anos 80, ficou bastante decepcionado. Roger não interagiu com o público, ficou no palco, sem-graça, com a guitarra em frente o microfone cantando o repertório conhecido que, graças a Deus, salvou o show.
Não existe show de música bom sem equipamentos de som eficientes. Não era possível compreender as letras. Além disso, ficamos com uma suspeita de que a maioria das músicas foram play back, pode? Quando o Roger apresentou os músicos, somente o batera tocou seu instrumento. Muito esquisito, não? Depois, tinha um guitarrista que ficava pulando e fazendo teatrinho besta o tempo todo, como se para disfarçar sua falta de habilidade na guitarra ou, talvez, ela estivesse desligada, mesmo.
Sempre fui fã do Ultraje e, especialmente, do Roger. Então, só de estar ali, ao ar livre, curtindo o som da banda já estaria bom, se não tivesse tanta gente sem-educação em volta. Onde achávamos um espaço pra dançar, em segundos éramos cercadas por um vai-e-vém de pessoas que pareciam nem saber por que estavam ali. Muito menos quem estava tocando. Fiquei com medo de ficar batendo fotos e minha câmera ser engolida pela multidão...
Vale a pena falar das letras do Ultraje. Fico meio envergonhada de cantar "inútil, a gente somos inútil", tanto pelo português errado quanto pelo significado. Mas há tanta verdade nas palavras desta música... Em particular, adorei esta: "Morar nesse país / É como ter a mãe na zona / Você sabe que ela não presta / E ainda assim adora essa gatona / Não que eu tenha nada contra / Profissionais da cama / Mas são os filhos dessa dama / Que você sabe como é que chama..." Principalmente o refrão:
"Filha da puta
É tudo filho da puta"
Delicioso gritar "é tudo filho da puta", junto com o Roger, no meio da multidão... Epa, dá pra dizer que não há preconceito nisso?
Variações sobre o mesmo tema, rs, minhas companheiras de Ultraje, Adeline, Bete e Bia, mas sem nenhum rigor.
Muito bacana o Festival Cultura e Música de Muzambinho. O projeto contempla, além dos shows, apresentações cinematográficas, teatrais e diversas oficinas gratuitas, como fotografia e cerâmica, não estou muito por dentro de como funciona. Sei que tem o apoio do Ministério da Cultura. Porém, achei que os shows acontecessem na praça, como é tradição cultural nas cidades do interior, principalmente de Muzambinho. A arena do Parque de Exposições é muito impessoal, lembra o cenário de uma exposição agropecuária qualquer. Sem nenhum conforto, muita poeira, diga-se de passagem. Pra chegar no local, uma longa fila de carros. Lá dentro, um empurra-empurra danado. Sei não, seria bom os organizadores repensarem sobre isto.
Outra curiosidade sobre nossa cidade vizinha é a falta de árvores no centro da cidade. Chama a atenção, também, o número de cachorros abandonados. Um dó pruma cidade tão charmosa. E não é lá que tem uma ONG voltada para o meio ambiente?
Comentários
As letras do Ultraje são críticas de uma época em que o nosso país era tomado dos seu povo na cara dura, só que hoje as coisas são mais escondidas e fica mais um pouco difícil de entender mesmo.
É como o Anitelli diz: "falar errado e ser algo..."
Inútil, a gente somos inútil mesmo, não conseguimos transformar um povo mal educado com cultura.
O que nos resta é a ditadura mesmo... ou não.
melhor falar errado e ser algo do que falar correto mas não agir de acordo com suas próprias palavras...
adoro o Ultraje, claro que tudo é passível de críticas. mas adoro a maioria das letras. é que a mensagem de inútil nos deixa muito "inútil" e tenho vergonha... rs