consciências

"A morte não existe, Besouro.
Morto é quem que vive sob as botas dos outros."
(Mestre Alípio, no filme Besouro)

O diretor do filme Besouro, o publicitário João Daniel Tikhomiroff, fotografado por mim em 98 ou 99, quando eu trabalhava para a revista Propaganda, em São Paulo.

"Quando Manoel Henrique Pereira nasceu, não havia nem dez anos que o Brasil tinha sido o último país do mundo a libertar seus escravos. Naqueles tempos pós-abolição nossos negros continuavam tão alijados da sociedade que muitos deles ainda se questionavam se a liberdade tinha sido, de fato, um bom negócio. Afinal, antes de 1888 eles não eram cidadãos, mas tinham comida e casa para morar..."

Na íntegra em
http://www.besouroofilme.com.br

Besouro REVELOU um drama desconhecido por muitos, com uma bela fotografia e elenco competente. Embora tenha sido tudo muito rápido (cenas e desenrolar do enredo) e, aparentemente, superficial devido à escassez de diálogos, o conteúdo foi marcante, enalteceu um dos ícones do "movimento negro" no Brasil. Ainda bem que pessoas inspiradas e competentes tiveram a ideia de valorizar e perpetuar essa história.

NO CINE 14 BIS


Fotos da capoeira do Mestre Luizinho feitas pelo jornalista Silvio Reis (Correio Sudoeste)


Dia 27, sexta, o Cine 14 Bis exibiu uma sessão especial, gratuita, do filme Besouro em homenagem a Semana da Consciência Negra (20 de novembro, Dia da Consciência Negra). Após o filme, um bate-papo informal com Flávio de Castro, cientista político e coordenador da Rede dos Pontos de Cultura de Campinas, e com as irmãs Jurema e Jussara Otaviano, educadoras e integrantes do grupo musical A Quatro Vozes. Também foram convidados a integrar a mesa o mestre de capoeira Luizinho e Ana Luíza de Souza, diretora da Ação Social, por seu estudo sobre os quilombos.

O CINEMA ficou lotado durante a exibição do filme, mas, após, muitos foram embora. Os que permaneceram interessados foram compensados com informações instigantes e com a simpatia dos palestrantes. Entre diversas considerações, Flávio informou dados sobre as condições socioeconômicas do negro brasileiro; Jussara falou sobre a Igreja (de Nossa Senhora) do Rosário, local de devoção dos negros que aqui residiam; o mestre de capoeira Luizinho relatou seu trabalho em Guaxupé, lembrando que a capoeira foi instituída Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira, a partir de 2008; Jurema ressaltou que a capoeira é a única arte marcial ligada à música, e Ana Luíza relembrou o avô, também negro, um dos fundadores do Lar São Vicente.


Os palestrantes observados pelo Mestre Pastinha (1889-1981), um ícone da história da capoeira, fotografado pelo professor Ms Flávio de Castro (de preto, entre Jurema e Jussara).





Na plateia, três pré-adolescentes (foto acima) se destacaram, porque além de permanecerem até o final, interagiram com os palestrantes. Parabéns, também, para Mauri Palos pela iniciativa.

A Prefeitura Municipal e o Departamento de Ação Social PODERIAM ter organizado uma semana de debates e exaltação da cultura negra, como aconteceu em diversas cidades do País. Afinal, como informou Flávio de Castro, METADE da população brasileira é negra ou afrodescendente. Em Guaxupé, não há estes dados. O Cine 14 Bis (em parceria com o Instituto 14 Bis) foi o único a fazer referência à data. Em anos anteriores, a professora Elizete Mendes promoveu diversas atividades e discussões sobre o tema, no Polivalente.




Imagem que recebi de um amigo por e-mail.










Eunice Marino, querida professora da época do ginásio, é dona de uma mente incansável, singular. Em um artigo na última edição do Correio Sudoeste, "dona" Eunice homenageou Claude Lévi-Strauss (1908-2009), antropólogo francês de origem belga, que morreu dia 1º deste mês (talvez, em 30 ou 31 de outubro...). É dele a frase: "Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele" - mensagem que sempre deveríamos ter em mente.

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