me leva meu bem me leva pra dentro da noite azul

Trecho da música Noite Azul, do maracatu cearence, que conheci durante o convívio com os batuqueiros que estiveram em Guaxupé, de 20 a 23. Ela faz parte do repertório do Couros de Ifé, CD da Caravana Cultural, que pode ser adquirido no Instituto 14 Bis. A dica é boa pra quem gosta de um batuque bom e cultura popular.









CONSERVEM A PEDRA NO MEIO DO CAMINHO...

Sábado, durante a ExpoMaria, a Associação Artístico-Cultural Viralatas do Samba iniciou o abaixo-assinado em favor da revitalização e preservação das ruas de paralelepípedos de Guaxupé por meio do tombamento pelo patrimônio histórico. Se quiser contribuir com sua assinatura, entre em contato com algum integrante da diretoria da associação.

Agradecemos o fundamental apoio do historiador Inácio Abrantes, TV Sul, Rodrigo Sá, da Rádio Comunitária e do publicitário Caetano Cury. Registramos, também, mais uma vez na Casa da Vó Maria, a presença do secretário de cultura de Guaranésia, Alberto Emiliano, e Silvinha Monteiro Elias, diretora do ICEJ - Instituto Cultural Elias José. O saudoso escritor, quando vereador, defendeu os paralelepípedos contra a proposta de um colega, na Câmara, para asfaltamento das nossas ruas de pedra. De acordo com o vereador Mauri Palos, essa proposta foi reapresentada e ele tomou a mesma atitude do Elias.

A ExpoMaria foi uma realização da Associação Artístico-Cultural Viralatas do Samba em parceria com o Instituto 14 Bis de Educação e Cultura.




Cadê o povo desta cidade que não estava aqui pra ver essa maravilha?

Foi o que me perguntaram Deise e Neide, residentes em São Paulo, que vieram à Guaxupé para a conferência espírita que aconteceu, também, neste final de semana. Não encontrei uma resposta rápida e eficaz sobre o motivo de não haver centenas de pessoas presentes na apresentação gratuita dos batuqueiros da Caravana Cultural do Ceará, na última sexta. O show foi colorido, revigorante e com sonoridade típica do nordeste brasileiro, dos maracatus, cocos e tambores de crioula, muita gente teria curtido, também. Mesmo sem responder à questão, foi bom conhecer as duas simpáticas aposentadas, que viajam pelo mundo ávidas por novidades, principalmente, no que se refere à espiritualidade.


"Deise, se a gente não vir mais nada aqui em Guaxupé, este show já valeu nossa viagem" - Neide (à esquerda), educadora aposentada, de São Paulo.






















ERA UMA VEZ...

Era uma vez uma flor. Debaixo dela, uma donzela pediu a cura para o seu amor. Macumba, simpatia, seja lá o que for. Dores de amores, ninguém pode mensurar o quanto dói. Pois em cada peito bate um coração singular. Tanto que um poeta apaixonado virou todo coração. Para terminar essa cantilena sem fim, apareceu um cachorro que mijou sua urina ácida sobre a geleia, pipoca doce e as balas, como se as forças da natureza, mangando da moça, dissessem: Esse seu amor nunca vai ser como o mel...



MINHA HISTÓRIA:
Dona Fina Ribeiro Cruvinel.


Planta, flor e reza

Delfina Ribeiro Cruvinel nasceu em Guaxupé, em 29.12.27, filha de Maria Guiomar Ribeiro do Valle e Alberto Ribeiro do Valle; irmã de José Alberto, já falecido, Maria Augusta (Duta) e Amélia. Aos 83 anos, Fina, como é conhecida desde criança, passa os dias em casa, onde gosta de receber amigos e cuidar das plantas. No seu quintal, além de muitas folhagens, cultiva trinta pés de roseiras e, atualmente, diversas mudas de violeta. Gosta muito de planta, flor e reza.

“Minha mãe teve uma porção de filhos, mas a maioria morreu recém-nascida. Tive um irmãozinho, loirinho de olhos azuis, que viveu somente até os oito meses. Papai era proprietário da fazenda Passa Quatro, onde passei minha infância. Falo pra todo mundo, infância boa igual eu tive, ninguém tem hoje em dia.
Por volta dos meus oito anos, fui estudar com meus primos Zilda, Lúcia, Joaquim, Otávio e Paulo na fazenda Palmeiras, dos meus avôs paternos, Amélia e Juca. Nossa professora, dona Hercília Malzoni, era brava, beliscava quem fazia graça, geralmente, os meninos. Na hora do recreio, ela levava a gente para nadar na piscina da fazenda.
Eu gostava muito do primo Joaquim, mas todos eles eram danados, judiavam de mim, me levavam ao galinheiro e faziam uma galinha choca bicar minha mão. À noite, entravam escondido no quarto das meninas para nos beliscar.
A Palmeiras ficava pertinho da Passa Quatro, mas uma tinha luz elétrica e a outra, não, apenas um moinho d’água que gerava luz. Aos sábados, meu pai ou outro funcionário da fazenda me buscava de charrete. Na segunda, cedinho, me levavam de volta. Eu chorava porque queria ficar. Maria Pequena, filha adotiva da minha avó materna, Delfina, ajudava mamãe a cuidar de mim.
Vó Amélia, muito rígida, impunha horário para tudo, estudar, comer, tomar banho. Quando ela se mudou para Guaxupé, passamos a estudar no porão da casa dela, que era muito grande. Ficava perto e na mesma calçada do colégio das freiras. Aqui, nossa professora foi Pequitita Zerbini, uma mulher muito boa. Diariamente, ela fazia o trajeto a pé do Taboão, onde morava, até nossa casa.
Tirei o diploma do primário no Grupo Barão de Guaxupé, mas acho que estudei lá somente um mês. A escola ficava no hotel do Pedro Beia. Em seguida, fui para o Colégio Imaculada Conceição. As freiras eram muito bravas, não deixavam as alunas mostrarem o colo. Elas colocavam um alfinetinho fechando a camisa do nosso uniforme até o pescoço. Tomei bomba no primeiro ano, não gostava de estudar. Por este motivo, meu pai me levou de volta pra fazenda.
O vento levou
Minha mãe tinha três empregadas. Eu não precisava fazer nada. Somente depois de casada meu marido me ensinou como cortar um capado. Eu costurava bem, gostava de fazer roupas para as mulheres da colônia. O modelo mais pedido era ‘o vento levou’, rodado, com faixa na cintura.
De vez em quando, vínhamos à cidade. Nossa casa, aqui, não tinha nada. Trazíamos da fazenda roupa de cama, banho, mantimentos e carne conservada na gordura. Nossa carroça era grande, puxada por quatro burros.
Aos sábados, vó Amélia dizia: Hoje é dia de retreta. À noite, das 19h às 21h, me deixava passear na avenida com minhas amigas Lurdinha, Tita e Zilda. Os homens davam voltas no sentido contrário das mulheres, para flertarem. Eu era namoradeira, mas no maior respeito. Nem minha avó, nem meu pai quando estava da cidade, me deixavam esquecer o horário. Às vezes, ele me buscava vestindo uma capona preta.

Compadre Abud
Inicialmente, Francisco Romeiro Cruvinel (Chico) e eu namoramos escondido do papai. Compadre Abud, que morava na esquina do Parque Infantil, representando Chico, foi à minha casa pedir consentimento para o nosso namoro. A resposta demorou um pouquinho, mas foi positiva.
Quando compadre Abud pediu minha mão em casamento para Chico, meu pai demorou uma semana para responder. Ele não queria que eu me casasse. Todo dia, se fechava comigo no quarto e perguntava se era isso mesmo que eu queria.
Casei-me em 25 de setembro de 1946, na Igreja do Rosário, pois a Catedral estava em reforma. Em julho do ano seguinte nasceu nosso primogênito, Francisco Alberto (Chiquinho). Depois, vieram mais quatro filhos: Antônio Carlos (Totonho), João Bosco, Luís Fernando e Paulo César.
No começo do casamento, moramos na fazenda Monte Alto, onde meu marido trabalhava como administrador para seo Esmerino Leite Ribeiro. Não gostei de lá, Chiquinho ainda era de colo quando nos mudamos para a Passa Quatro.
Nesta época, meus pais já moravam na cidade. Quando meus filhos alcançaram idade escolar, vieram morar com eles. Continuei na fazenda até chegar à vez de os dois caçulas estudarem, daí, também vim para a cidade, pois os pequenos não ficavam sem mim. Meu marido voltava da fazenda apenas no fim de semana.

Perdas e ganhos
Morei com minha família numa casa na Rua São João, que entrou no negócio da venda da Passa Quatro. Meu marido começou a trabalhar como corretor da Casa das Linhas e eu passei a oferecer pensão para alguns alunos da faculdade. Eu gostava de ter meu dinheirinho, né?
Quando meu pai vendeu a fazenda, fiquei até doente. No mesmo ano, faleceu minha prima e amiga, Zilda. Nós éramos muito agarradas uma com a outra. Logo depois, mamãe também se foi, ela era muito doente. Com a morte dela, me mudei, novamente, para a casa do papai. Amélia, solteira, também morava com ele.
Como a casa na Praça Dom Assis era maior, pude aumentar o número de pensionistas. As mulheres eram enjoadas, mas os homens eram uma beleza, não reclamavam de nada. Eles chegavam sexta, de tardezinha, jantavam, iam à faculdade e, na volta, tomavam café antes de dormir. No sábado, após o café da manhã, retornavam às aulas e, no final, voltavam para suas respectivas cidades.
Por causa dos pensionistas, no fim de semana, papai ia dormir na casa da Duta. Chico, Amélia, a empregada e eu dormíamos no quarto dele. Meus filhos, todos adultos, ficavam no quarto situado nos fundos da casa. Um ano depois que Amélia se casou, papai foi morar com ela.
Logo que parei de dar pensão, passei a vender roupas usadas na roça. Vitalina, minha ex-cozinheira, que morava na fazenda, me auxiliava, indo até os fregueses em troca de uma comissão. Quando ela também se mudou para a cidade, encerramos este negócio.
Há alguns anos sofro do Mal de Parkinson, tenho dificuldade com a perna direita. Faço fisioterapia duas vezes por semana e ando com o auxílio de uma bengala, somente dentro de casa.
Antes da doença, assistia às missas na Catedral e Santa Rita. Agora, toda sexta, faça chuva ou sol, Nila Simone traz a comunhão à minha casa e reza umas orações bonitas. Anteriormente, quem fazia esta gentileza era Josina Ribeiro do Valle, mas ela quebrou o pé. Estou doida para ver como ficou a Igreja de Santo Antônio reformada, eu não perdia as missas das terças-feiras.”

Em setembro de 2010, fez dezenove anos que Fina ficou viúva e, em catorze de março deste ano, dezoito anos que perdeu seu filho Totonho, devido a problemas cardíacos. Atualmente, Luís Fernando e João Bosco moram com ela. Tem nove netos, três bisnetos e apenas uma bisneta: “Aqui só dá homem.” (risos)

Fotos:
1) Fina, com aproximadamente seis anos, entre os pais.
2) 1ª comunhão aos dezesseis anos.
3) Foto Maior: O casal Fina e Chico entre filhos, noras e netos: João, Paulo (Buchanca), Rose, Chiquinho, Pimpa, Zoraida, Totonho e as crianças, David, Gustavo, Juninho, Luís Paulo, Alexandra e Adriano.
4) Fina, à direita, com o neto Gustavo e Amélia, irmã e afilhada.
5) Pedro Henrique no colo da bisavó, três anos atrás.


Apoio cultural:

Comentários

Henry Vitor disse…
continuo teu fã..bjos ensolarados...leyeara
Anônimo disse…
Epa, eu sou sua fã primeiro!
(por favor, traduz "leyeara" pra mim)
beijos renovados
Sheila

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