Cinema brasileiro

Morei em São Paulo, na querida Vila Mariana. Gostava muito de festas e eventos alternativos, como feiras de artes, moda e música, por exemplos. Essas preferências acabam por aproximar pessoas, sem que a gente se dê conta. De repente, notamos 'epa, essa figura de novo?'. A partir daí, criam-se laços inexplicáveis, e por isto mesmo, indefiníveis. Quando menos esperava, bateu na minha porta um músico-rastaman chamado João Negão. De baixo do braço um vinil do Racionais Mc's e o Ilha das Flores. Curti a música dos rappers e, principalmente, a sensibilidade do Jorge Furtado, que critica o consumismo da forma mais criativa que já vi, por meio de uma extensa e aparentemente interminável lista de causa e efeito. Repare bem nesta imagem retirada do filme. Provoca reflexões até mesmo em quem não resiste a uma boa feijoada... Mas voltemos às vacas-magras:

Enfim, ninguém vive sem uma boa dose de humor. Doses de bebida não teriam efeito algum sem a presença dessa rara qualidade, marcante nos trabalhos de Jorge Furtado. Pude constatar sua fina ironia tanto em Ilha das Flores quanto nos longas Meu tio matou um cara e O homem que copiava. Gostei muito deste último, em especial, protagonizado por Leandra Leal e Lázaro Ramos.


Mas acredito que esta forma de assistir a filmes irá se perpetuar, com algumas ou até várias modificações, como indicam todas as crises. O cinema ainda é uma arte cara para a maioria dos consumidores. Mas a tecnologia digital e outras inovações poderão reverter esse quadro. É conveniente e cômodo assistir a um DVD deitado no sofá, mas prazer muito distinto do que a sala escura, tela grande e silêncio total oferecem. E, pra complicar, dependendo do filme esses diferenciais nem são tão evidentes. Só o tempo dirá a resposta dessa charada...

http://www.casacinepoa.com.br/index.htm
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