Cinema brasileiro
O roteirista e diretor de cinema Jorge Furtado ganhou o Kikito, no Festival de Gramado, em 89, pelo curta Ilha das Flores, "marco do cinema brasileiro". É realmente um vídeo imperdível - http://www.portacurtas.com.br. Meu primeiro contato com essa produção genial se deu de forma inusitada.
Morei em São Paulo, na querida Vila Mariana. Gostava muito de festas e eventos alternativos, como feiras de artes, moda e música, por exemplos. Essas preferências acabam por aproximar pessoas, sem que a gente se dê conta. De repente, notamos 'epa, essa figura de novo?'. A partir daí, criam-se laços inexplicáveis, e por isto mesmo, indefiníveis. Quando menos esperava, bateu na minha porta um músico-rastaman chamado João Negão. De baixo do braço um vinil do Racionais Mc's e o Ilha das Flores. Curti a música dos rappers e, principalmente, a sensibilidade do Jorge Furtado, que critica o consumismo da forma mais criativa que já vi, por meio de uma extensa e aparentemente interminável lista de causa e efeito. Repare bem nesta imagem retirada do filme. Provoca reflexões até mesmo em quem não resiste a uma boa feijoada... Mas voltemos às vacas-magras:
Após algumas tentativas inúteis de flerte, antes de partir, João Negão me pediu emprestado 5 reais. Obviamente, as novidades apresentadas valiam bem mais que esta quantia. Emprestei de bom-grado. O fato é que nos encontramos, depois, noutras baladas paulistanas, mas ele fingiu não me reconhecer. Não sei se ficou ofendido por eu ter recusado a paquera ou se por não querer quitar sua dívida comigo...
Enfim, ninguém vive sem uma boa dose de humor. Doses de bebida não teriam efeito algum sem a presença dessa rara qualidade, marcante nos trabalhos de Jorge Furtado. Pude constatar sua fina ironia tanto em Ilha das Flores quanto nos longas Meu tio matou um cara e O homem que copiava. Gostei muito deste último, em especial, protagonizado por Leandra Leal e Lázaro Ramos.
No Roda-viva de ontem, Paulo Markun iniciou com a pergunta: Faz Sentido fazer cinema num país que não tenha saneamento básico? (nome do último longa do diretor, atualmente em cartaz, comédia com Lázaro Ramos, Paulo José, Fernanda Torres, Camila Pitanga, etc.) Jorge Furtado respondeu que é importante fazer cinema em qualquer circunstância, mesmo que não veja um futuro promissor para a sétima arte. Parece que o ritual de ir ao cinema, fixar a atenção na telona e compartilhar emoções com outros espectadores está em desuso. Atualmente o cinema brasileiro enfrenta uma crise, com queda de bilheteria.
Mas acredito que esta forma de assistir a filmes irá se perpetuar, com algumas ou até várias modificações, como indicam todas as crises. O cinema ainda é uma arte cara para a maioria dos consumidores. Mas a tecnologia digital e outras inovações poderão reverter esse quadro. É conveniente e cômodo assistir a um DVD deitado no sofá, mas prazer muito distinto do que a sala escura, tela grande e silêncio total oferecem. E, pra complicar, dependendo do filme esses diferenciais nem são tão evidentes. Só o tempo dirá a resposta dessa charada...
http://www.casacinepoa.com.br/index.htm
Morei em São Paulo, na querida Vila Mariana. Gostava muito de festas e eventos alternativos, como feiras de artes, moda e música, por exemplos. Essas preferências acabam por aproximar pessoas, sem que a gente se dê conta. De repente, notamos 'epa, essa figura de novo?'. A partir daí, criam-se laços inexplicáveis, e por isto mesmo, indefiníveis. Quando menos esperava, bateu na minha porta um músico-rastaman chamado João Negão. De baixo do braço um vinil do Racionais Mc's e o Ilha das Flores. Curti a música dos rappers e, principalmente, a sensibilidade do Jorge Furtado, que critica o consumismo da forma mais criativa que já vi, por meio de uma extensa e aparentemente interminável lista de causa e efeito. Repare bem nesta imagem retirada do filme. Provoca reflexões até mesmo em quem não resiste a uma boa feijoada... Mas voltemos às vacas-magras:
Após algumas tentativas inúteis de flerte, antes de partir, João Negão me pediu emprestado 5 reais. Obviamente, as novidades apresentadas valiam bem mais que esta quantia. Emprestei de bom-grado. O fato é que nos encontramos, depois, noutras baladas paulistanas, mas ele fingiu não me reconhecer. Não sei se ficou ofendido por eu ter recusado a paquera ou se por não querer quitar sua dívida comigo...
Enfim, ninguém vive sem uma boa dose de humor. Doses de bebida não teriam efeito algum sem a presença dessa rara qualidade, marcante nos trabalhos de Jorge Furtado. Pude constatar sua fina ironia tanto em Ilha das Flores quanto nos longas Meu tio matou um cara e O homem que copiava. Gostei muito deste último, em especial, protagonizado por Leandra Leal e Lázaro Ramos.
No Roda-viva de ontem, Paulo Markun iniciou com a pergunta: Faz Sentido fazer cinema num país que não tenha saneamento básico? (nome do último longa do diretor, atualmente em cartaz, comédia com Lázaro Ramos, Paulo José, Fernanda Torres, Camila Pitanga, etc.) Jorge Furtado respondeu que é importante fazer cinema em qualquer circunstância, mesmo que não veja um futuro promissor para a sétima arte. Parece que o ritual de ir ao cinema, fixar a atenção na telona e compartilhar emoções com outros espectadores está em desuso. Atualmente o cinema brasileiro enfrenta uma crise, com queda de bilheteria.
Mas acredito que esta forma de assistir a filmes irá se perpetuar, com algumas ou até várias modificações, como indicam todas as crises. O cinema ainda é uma arte cara para a maioria dos consumidores. Mas a tecnologia digital e outras inovações poderão reverter esse quadro. É conveniente e cômodo assistir a um DVD deitado no sofá, mas prazer muito distinto do que a sala escura, tela grande e silêncio total oferecem. E, pra complicar, dependendo do filme esses diferenciais nem são tão evidentes. Só o tempo dirá a resposta dessa charada...
http://www.casacinepoa.com.br/index.htm
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