O cão Achado
Ontem à noite terminei de ler A caverna, de José Saramago, embasbacada. Autor de rara sensibilidade, em cada página surpreende o leitor com palavras sábias e despretensiosas. À certa altura, deixei de marcar os trechos mais interessantes, pois eram muitos. No final me surpreendi ainda mais, porque depois de me fazer chorar e rir, Saramago me confundiu demais. Não consegui compreender direito sua caverna. Apelei ao google (pra mim, Nobel da tecnologia - e para Saramago: Se é para satisfazer uma necessidade de conhecimento, de saber, a Internet torna-se algo absolutamente precioso) e encontrei explicações sobre o texto de Platão. Daí caiu a ficha. Inicialmente, para mim, ele era apenas maravilhosamente sensível, ético e inteligente. Mas conseguiu superar estas qualidades: é um escritor brilhante. A narrativa gira em torno de 05 personagens: 02 homens, 02 mulheres e um cão, batizado de Achado simplesmente porque deixou de ser perdido. Quando este animal, de uma humanidade invejável, apareceu na história, ainda achava os personagens rasos de inteligência, inda mais ao darem um nome tão besta ao cão. Mas também aí me enganei, há muita sabedoria na simplicidade. Eles superaram minhas expectativas e me ensinaram muito. Também não quero morrer na ignorância, presa numa caverna, mesmo que simbólica. Livre é quem pensa, frase copiada e rapidamente incorporada por mim. A lição que sabemos de cor, mas nos resta aprender é: nunca deixar de rever conceitos. Desconfiar, sempre, aceitar passivamente, nunca. Ainda que pacificamente.
Platão (428-347) |
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/caverna.htm
Comentários