A boa terra


A reportagem Controversos por natureza, da Página 22 nº 11, sobre transgênicos me deixou pensativa e alarmada. Será que mais uma vez vamos deixar decidirem questões cruciais para a humanidade e Planeta passivamente? Porque do jeito que as coisas vão, quando dermos conta já estaremos com a geladeira e os pratos repletos de alimentos geneticamente modificados. A questão fundamental e simples é: necessitamos realmente desses alimentos?
Parece-me, que atualmente temos espaço suficiente no Planeta para a agricultura convencional e a orgânica. Cientistas alegam que o Brasil perderá o bonde da história caso insista em resistir aos transgênicos. Talvez, o fator preponderante seja apenas econômico.
Nessa reportagem, Amália entrevistou diversos profissionais renomados, uns contra e outros a favor dos transgênicos. Faço parte do primeiro grupo, não só por idealismo e valores, mas por enxergar a lógica dos argumentos prós e contras. Muito mais inteligente seria investir em pesquisas que otimizem a agricultura orgânica, em vez de alterações no DNA dos alimentos. A abordagem deveria ser muito mais ética, aplicada ao bem-estar social, do que econômica, subserviente ao duvidoso gosto moral e político vigentes. A natureza é tão perfeita que prescinde das ciências humanas e já provou sua força.
"Quando se usa o argumento de que a biotecnologia desenvolverá alimentos mais nutritivos, não acho ética a idéia de que vamos sustentar os pobres com uma 'ração' cheia de proteína especialmente adaptada a eles. Não é assim que se ataca o problema da pobreza e da exclusão social. Além disso, chegamos a 3 bilhões de pessoas no planeta praticando apenas a agricultura orgânica, com pouquíssimo conhecimento científico aplicado. Do ponto de vista de balanço energético, calculando-se os gastos para sua produção, é uma modalidade mais eficaz que a convencional e a transgênica, e ainda respeita a variedade e as tradições culinárias e fixa o homem no campo" (Marijane Lisboa, socióloga e membro do Conselho Deliberativo da Associação de Agricultura Orgânica - Controversos por natureza).

Ainda de acordo com a matéria, esse tipo de discussão não faz parte das deliberações sobre o tema no País, estando as decisões em relação aos transgênicos nas mãos de uma comissão fundamentalmente técnica. Fico pensando por que não foi realizada nenhuma pesquisa de opinião com os maiores interessados, os consumidores. É fato que a 'grande minoria' (rs) está completamente desinformada ou alienada e não tem condições de opinar. Mas se ética e moral fossem aplicadas nas relações comerciais mundiais, certamente o consumidor estaria sempre muito bem-informado a respeito de tudo que leva para sua casa, ainda mais para seu organismo.
Outro trecho: "O Brasil possui uma lei de rotulagem (Decreto número 4.680/03) segundo a qual as empresas devem informar seus consumidres caso o produto contenha no mínimo 1% de transgênico. O rótulo definido é um T inserido em um triângulo amarelo. Mas não se encontram nas prateleiras nenhum produto com esse símbolo..." E agora, doutor? Pelo andar da carruagem (rs), em 2050, nossa alimentação estará repleta de produtos modificados geneticamente. Eu não quero que este fato se torne realidade. "De acordo com o Protocolo de Cartagena, sobre biossegurança, o princípio da Precaução recomenda que , antes de implementar as inovações tecnocientíficas, seja feita pesquisa detalhada de largo alcance sobre seus riscos potenciais..."


Pesquisas com transgênicos começaram pouco mais de 20 anos atrás. Como foram testados e em quais espécies de seres vivos? Eu acredito que a ética também deva ser aplicada aos animais. Portanto, qualquer resposta a esta pergunta me deixaria ainda mais sem raízes. Definitivamente, não me sinto em casa com essa (des) humanidade...
Segundo texto retirado da internet, sem informação de data,
"O IDEC informa que as sementes de soja RRS da Monsanto e também do milho BT, da Novartis, geneticamente modificadas, já estão sendo testadas aqui e as duas empresas já solicitaram autorização para o seu plantio em escala comercial, assim que finalizarem os experimentos."
Provavelmente, já comemos transgênicos há um certo tempo... Mais uma que teremos que engolir ou temos escolha? Podemos mudar certos hábitos, como por exemplo passar a consumir alimentos sabidamente orgânicos, como verduras, hortaliças, frutas, entre outros. Há 25 anos o Sítio A Boa Terra pratica a agroecologia, cultivando alimentos sem agrotóxicos. Entregam cestas em domicílio, para diversos municípios. Pedidos em Guaxupé pelo tel. 3551-0462, com Sueli. Informações: http://www.aboaterra.com.br

”O QUE SATISFAZ NOSSO SER NÃO É O MUITO SABER,
MAS O SENTIR E SABOREAR TODAS AS COISAS”.
Inácio de Loyola


(Kittin, da Luciana Abrão; Du Zuppani, em www.fotonatural.com.br - um espetáculo - e ilustração do Márcio Baraldi)

Comentários

Postagens mais visitadas