aerofest e outras folias

Causos, Música e Literatura na Casa da Cultura

Começou neste domingo, 8, a 1ª Semana de Literatura, Arte e Lazer promovida pela Casa da Cultura, que reunirá arte popular, música e gêneros literários diversos. De acordo com o vice-presidente da instituição, Severo Silva, a proposta é agregar pessoas de diferentes gostos e estilos: “Este é nosso slogan atual, A Casa da Cultura Está Onde Você Está.”
Domingo, a partir das 8h30, houve missa solene abrindo as apresentações das companhias de reis, pastorinhas, caiapó, congada e moçambique, que se estenderam por toda a tarde, até a noite, durante a 6ª edição do Encontro Folclórico de Guaxupé, uma iniciativa da Associação Guaxupeana de Defesa do Folclore.
Na noite de terça, 10, a partir das 20h, acontecerá abertura da exposição de livros “Autores Guaxupeanos”, entre eles, Ladislau Fernandes, Ailton Paulino dos Santos, Padre Olavo, Jairo Vianna Ramos e Elias José. “A responsável por esta compilação é Iara Ferreira da Silva, do departamento de coordenadoria”, informa Severo. Ao todo, serão reapresentados ao público mais de 30 escritores, nascidos ou radicados em Guaxupé, de gêneros literários distintos, variando entre o narrativo, lírico e dramático.
A mesma noite será marcada, também, a partir das 20h30, pelo início do projeto “Cenas da História”, idealizada pelo vice-presidente da Casa da Cultura. “Nós pretendemos resgatar e preservar histórias e pessoas marcantes de Guaxupé, de forma que nosso passado não se perca e para que, em 2012, nos 100 anos do município, tenhamos um acervo expressivo para comemorar e nos orgulhar”, explica Severo.
Com esta proposta, no palco da Casa, um contador narrará alguns episódios históricos pitorescos acompanhados de projeções e encenações, com a participação de alguns voluntários. Hélia Caetano Oliveira representará a negra Maria Pirola, e Ernani Sastre, o diretor da Academia de Comércio São José, Vinícius Eclissato, ambos personagens da nossa história.

Dia 13, às 20h30, a poesia de Chico Buarque dará o tom do show, num tributo capitaneado por Ítalo Coragem e com a participação de mais três músicos convidados - Wilson Caetano, Juninho e Mana. No repertório, clássicos do compositor e escritor carioca, entre outras que não costumam tocar nas rádios, como Choro Bandido: “Mesmo miseráveis os poetas / Os seus versos serão bons”.
Ítalo também é um dos autores que integram a antologia “Poetas de Guaxupé”, cujo lançamento acontecerá no sábado, 14, a partir das 20h. “Foram selecionadas três poesias de cada autor”, revela Ítalo. Adilson Ventura, do Departamento de Literatura da Casa da Cultura, coordenou a produção dessa 1ª edição. Será a estreia da maioria dos autores, como Fabin Fantini, André Luiz Lepiane, Douglas Rodrigues e do próprio Adilson Ventura, entre outros. Em seguida, haverá um sarau literário, aberto à participação do público.

Fotos:
1) O vice-presidente Severo Silva e Suelli Carloni, da Coordenadoria.
2) Reunião com integrantes do grupo literário.



Destaque para a presença da jornalista Silvinha de Sá (www.guaxupehoje.com.br), grande apreciadora da nossa cultura popular, e do Juninho, da Impacto Sonorização, no encontro folclórico.





























9º AEROFEST

De acordo com um dos diretores do Aeroclube de Guaxupé, Renato Euzébio da Silva, a 9ª edição do Aerofest reuniu mais de 70 pilotos, no sábado, 7. A proposta da instituição é promover a confraternização entre pilotos de diversas regiões do Brasil e incentivar o turismo local. "Muitos conhecem a cidade e querem voltar, até mesmo morar aqui", afirma Euzébio.

Além das acrobacias de aeromodelismo, saltos de paraquedas, voos de diferentes tipos de aeronaves, este ano, um balão coloriu ainda mais a paisagem de agosto. Infelizmente, não consegui fotografá-lo... Também aconteceu exposição de carros antigos e de lingerie. O aeroporto municipal foi recentemente inaugurado com a presença do governador Aécio Neves e outros políticos. Na ocasião, apresentaram a iluminação realizada pela Cemig, que no dia seguinte, cortou os fios e, novamente, deixou o local às escuras (faltam-me informações para esclarecer este caso).















MINHA HISTÓRIA
Mário Gonçalves, de indivíduo desligado a arquiteto renomado, sempre com muito bom humor.

O 1º arquiteto guaxupeano

Mário Gonçalves nasceu em Guaxupé, dia 22.09.30, primogênito dos cinco filhos de João Fernandes Gonçalves e Isaura Nunes Gonçalves: Augusto, Arthur, Nilza e Alberto. Segundo Mário, Deus furou a fila, “levando” Nilza, Augusto e Arthur primeiro. Tem sempre uma tirada bem-humorada pra fazer rir: “O que mais valorizou a calça comprida? Foi a poupança, claro.” Realizou um duplo feito, ao tornar-se o primeiro arquiteto guaxupeano diplomado a atuar em Guaxupé.

“Não posso nem esconder que sou filho de português, só na nossa língua tem o cedilha. Papai tinha uma loja de sapatos chamada Sapataria União. Mamãe era dona de casa. A única lembrança da minha infância é que meus irmãos Augusto, Arthur e Alberto gostavam de brincar de bola e peteca. Como não gostava, eles me davam papel e lápis pra eu ficar desenhando.
Estudei no Grupo Delfim, lembro da dona Manoelita Souza e do seo Jarbas Bayeux, o único professor homem do primário. Fiz o ginasial no Colégio São Luiz Gonzaga, o diretor era Álvaro Costa, um camarada batuta, conversava muito com os alunos. Inicialmente, havia somente alunos homens, depois chegaram as mulheres. Naquele tempo, todas usavam saias, hoje em dia, é tudo calça comprida. Lembro-me das irmãs Maria Eulália e Romilda Pinto.
Fiz o Científico em São José do Rio Pardo. A gente estudava Euclides da Cunha, que eu nunca havia lido. Era uma leitura difícil, mas gostei de Os Sertões. Um dos meus colegas foi Carlos Manoel Magalhães. Em São José fiz, também, o Tiro de Guerra. Me chamavam de Mário ‘Fordinho’, porque era fraco e baixinho, não fazia ginástica. Como o sargento sabia que eu era estudante, me pediu para dar aulas de História do Brasil e Educação Moral e Cívica, para ele e aos demais atiradores.
Alguns colegas me influenciaram na escolha do curso superior, quis estudar arquitetura porque não precisava fazer força (risos). Só havia a Faculdade Nacional de Arquitetura e Urbanismo, no Rio de Janeiro. Meus irmãos não quiseram estudar fora. Papai me apoiou, comprou as passagens de trem e viajou comigo, primeiro de Guaxupé a Campinas, depois até São Paulo e, de lá, para o Rio. A viagem durou mais de 20 horas.
Meu pai me instalou em um quarto de pensão com mais três homens desconhecidos. Quando passei no vestibular, me mudei para uma pensão somente de estudantes, na Rua Benjamin Constant. De vez em quando me encontrava com Manoel Rios, que estudava odontologia, e com Laércio Balbino, estudante de medicina. A gente só conversava, não tínhamos dinheiro pra fazer nada.
Uma vez, meus colegas e eu varamos a madrugada fazendo um trabalho para entregar na manhã seguinte. Depois das aulas, fomos para a Praia Vermelha, em frente à escola, e lá ficamos, exaustos. Num dado momento, passou um guia com um grupo de turistas e apontou para nós, dizendo: Estes são os cariocas típicos, passam a noite toda na gandaia e amanhecem na praia.
Recebi o diploma de arquiteto em 1955, retornando a Guaxupé. Comecei a dar aulas de Desenho no Colégio São Luiz Gonzaga. Sempre tive fama de desligado. Isaac Gabriel, que foi meu aluno, lembra-se de mim com o apagador na mão, ameaçando chamar o diretor da escola caso não aparecesse o engraçadinho que escondera o apagador. Digo que não sou desligado, sou ligado numa única tomada, a arquitetura (risos).


Cristais rosa para Vilma
Um caso que ficou famoso na nossa família foi o de um colar de cristais rosa que dei a minha esposa. Gentilmente, ela me perguntou se poderia escolher outro, pois não havia gostado do presente. Passado um ano, tornei a presenteá-la com o mesmo colar. Noutra feita, saí do cinema pra fumar um cigarro e esqueci minha mulher lá, indo embora pra casa.
Tinha 26 anos quando conheci Maria Vilma Bertoni, descendente de italianos, num footing na Avenida Conde Ribeiro do Valle. Namoramos pouco mais de dois anos. Em 59, pedi a mão dela em casamento para o pai, seo Mário Bertoni. Não foi difícil conseguir um sim, na cidade, todo mundo me chamava de doutor (risos).
Em 29.06 do mesmo ano, nos casamos e fomos morar na casa onde nasci, na Rua Norberto Ribeiro do Valle. Em 61, nasceu nosso 1º filho, Mário Marcos. Depois, Marília e José Rubens. Minha mulher era bibliotecária, gostava muito de ler. Logo após o casamento contratamos uma empregada, dona Nina, que ficou conosco até morrer, poucos anos atrás. Ela chegou em casa e tomou conta de tudo. Vilma não fazia nem café. Antes de nos casarmos ela me avisou que não gostava de serviços domésticos.
Arrumei um emprego de fiscal de obras públicas. Por volta de 70, comprei um terreno do meu sogro, na Rua Tiradentes, onde construí o escritório da Construtora Mário Gonçalves. Também dei aulas de Geometria em Alfenas, na Unifenas, até 79. Na faculdade era conhecido como Mário ‘esquadro’, porque andava pra todo lado com o esquadro de madeira na mão.




Patrimônios arquitetônicos
A primeira casa que projetei em Guaxupé foi a do Doutor Geraldo Souza Ribeiro, na Praça da Catedral. Na cidade só construíam casas rentes à calçada. A arquitetura proporcionou uma visão diferenciada, a casa dele foi a primeira com recuo e jardim na frente: me deu um cartaz danado. A partir daí, comecei a projetar diversas casas neste estilo e todos sabiam que eram do Mário Gonçalves.
Um grande orgulho foi ter projetado a Avenida Dona Floriana. Ela chegava até as proximidades da Praça da Saudade. Valorizei as casas que seriam vendidas, construímos outras para os moradores e prolongamos a avenida até onde é hoje. No final só havia pasto, depois disso a região começou a se desenvolver.
Projetei o Edifício Magnata. O proprietário queria construir apenas um andar e o convenci a fazer de três andares, um negócio muito melhor. Também projetei a Igreja de São José Operário, de acordo com os parâmetros do Concílio Vaticano II. O Papa queria uma igreja menos suntuosa, um local simples para rezar, sem escadas, mais próxima da realidade dos fiéis. Minha amizade com Padre Olavo vem desde essa época. Há mais de 30 anos que ele almoça toda sexta-feira em casa.
Em 91, fui a Portugal visitar minha filha Marília, que estudava em Lisboa. Revi parentes e conheci as cidades natais do meu pai e da minha mãe, Vila Meã e Carregal do Sal, perto da Serra da Estrela. Hoje em dia, não faço mais nada, e depois descanso (risos).”
Mário aposentou-se do cargo de Fiscal de Obras Públicas em 90. Atualmente, perto de completar 80 anos, passa a maior parte do tempo em casa, auxiliado pela atenta Cida, a nova secretária do lar. Os netos Alice, 14, e Rafael, 12, sempre estão por perto. Em 97, perdeu o primogênito, Mário Marcos; dois anos depois, a esposa. A memória está um pouco falha, mas não perde o senso de humor. Quando pergunto qual dos dois filhos o “paparicam” mais, ele responde prontamente: “Marília, claro, porque é mulher.”

Fotos:
1)Na época de estudante de arquitetura, no Rio.
2)Casamento com Maria Vilma Bertoni, em 59.
3)Na sala da casa onde mora (também projetada por ele), entre os filhos Mário Marcos e José Rubens.
4)Em 91, pai e filha no Castelo de São Jorge, Rio Tejo, Portugal.
5)Mário dando aula de desenho para os netos Rafael, 4, e Alice, 6.
6)Reunião dos irmãos Mário, Arthur, Alberto e Gustão (Nilza faleceu por volta dos 20 anos).

Comentários

Lorêny Portugal disse…
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bisteca disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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