fogos de artifício
Adoro ver as explosões coloridas no céu, ainda mais porque são silenciosas, ou, no máximo, sibilantes. Em compensação, odeio foguetes. Em Guaxupé é comum ouvir estouros até altas horas ou madrugada afora. Sinal de total desrespeito ao próximo, seja torcedores de outros times, idosos, enfermos, crianças, ou qualquer um que tenha direito ao sono tranquilo.
Penso que os políticos precisam chamar atenção, por isso, investem em foguetes. Já as festas religiosas, sinceramente, não vejo razão pra tanto alarido. Primeiro, porque gastam dinheiro desnecessariamente, quando têm à disposição os sinos, cuja sonoridade dos badalos é bem mais melodiosa. Acredito que os santos também ficariam mais satisfeitos.
Hoje, o candidato do PT a senador por Minas, Fernando Pimentel, esteve em Guaxupé fazendo campanha. De acordo com algumas fontes confiáveis, Pimentel, que foi prefeito de BH por dois mandatos consecutivos, é merecedor do nosso voto. Este ano, os mineiros vão eleger dois senadores: saem Eduardo Azeredo (PSDB) e Wellington Salgado de Oliveira (PMDB), fica Eliseu Resende (DEM), até 2014.
Saiba mais porque o voto consciente é importantíssimo:
Hoje, o mandato para presidente da República é de quatro anos, com limite de dois mandatos, o mesmo tempo vale para governador (e prefeito). Senador (03 por estado, total, 81) tem mandato de oito anos, com possibilidade de reeleições sucessivas e sem limites. Os deputados federais, estaduais e distrital têm mandato de quatro anos, com possibilidade de reeleições sucessivas e sem limites.
COM SALÁRIOS E BENEFÍCIOS, SENADOR CUSTA ATÉ 120 MIL REAIS POR MÊS
O salário mensal de um senador é de R$ 12.720, mas o custo total de cada um para os cofres da União supera os R$ 120 mil por mês, considerando as verbas a que têm direito os 81 senadores do país.
Independentemente do tamanho ou do número de eleitores, cada um dos 26 estados e o Distrito Federal contam com três representantes na Casa, com mandato de oito anos.
Além do salário mensal, cada senador pode receber mais três salários extras (13º, 14º e 15º), R$ 2.750 para auxílio moradia ou residência oficial, R$ 15 mil por mês para gastos no escritório do estado e até 80 mil por mês para contratar funcionários comissionados.
Eles também podem gastar uma verba mensal por mês em correios. Segundo o Senado Federal, o valor destinado para postagens é proporcional ao número de eleitores de cada estado. Por exemplo, no menor colégio eleitoral do país, o Amapá, cada um dos três senadores podem gastar até R$ 3.200 por mês em correios. Já no maior (São Paulo), a verba mensal pode chegar até R$ 52 mil.
Também não há limite de gastos para os telefones fixos do gabinete e celulares dos senadores. Na residência oficial, o limite de gastos para telefone é de R$ 500 por mês. Os senadores têm ainda direito a carro com motorista, podendo utilizar uma cota de 25 litros de combustível por dia, além de receber oito passagens aéreas por mês para o estado onde tem seu domicílio eleitoral.
(André Luís Nery, do G1, em São Paulo)
MINHA HISTÓRIA
Abdalla Tauil - músico, comerciante e grande contador de causos - dá sua receita para uma vida feliz.
Música, por toda a minha vida
“De tudo ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto / Dele se encante mais meu pensamento”, primeiros versos do Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Morais, que antecede a música Eu Sei Que Vou Te Amar, umas das canções que Abdalla Tauil toca em um dos seus quatro violões, transmitindo toda sua paixão pela música. Filho de Elias José Tauil e Salima Gabriel Ferreira nasceu em Guaxupé, em 26.11.28.
“Éramos sete, hoje tenho apenas três irmãs: Suréhia, Maria e Dalila. Naquela época, o armazém de secos e molhados do papai ficava em frente ao Zé Tavares. A banda do maestro Sudário ensaiava na esquina, como gostava muito de música, desde pequeno, assistia aos ensaios da banda até o fim. Em procissões ou nos cortejos fúnebres, eu estava sempre atrás da banda.
Aos sete anos entrei no Grupo Delfim, mas completei o primário no Barão, onde fiz o 4º ano. Minha professora foi a Nair Milhão. Não me esqueço dela, porque se mudou para o Rio e, quando vinha a Guaxupé se hospedava no Hotel Central. Numa das suas visitas, fui cumprimentá-la, lembrando que fora minha professora. Ela ficou tão emocionada que chorou.
Comecei a estudar na Academia de Comércio São José, mas não terminei o curso. Quando meu pai morreu, precisei trabalhar para ajudar em casa. Suréhia, irmã mais velha, substituiu nosso pai, passou a cuidar de todos nós. E assim é até hoje.
Havia duas fábricas de macarrão na cidade, a dos Pasqua e a dos Rovay. Trabalhei durante um ano na fábrica dos Pasqua, junto com seo Francisco Rossi. Ele era mais velho e eu, rapazinho. Minha função era tirar o macarrão do escalão, por na mesa, juntar, quebrar e pesar na balança. Em seguida, seo Chico embalava.
Depois, fui funcionário da Farmácia Vômero, do seo Paschoal. Fazia de tudo, era balconista e ajudava seo Dino Baíse no laboratório. Lembro da colega Fádua Abrão e, especialmente, de uma receita do seo Paschoal para aliviar diversos tipos de dor: elixir palegórico, tintura de belladona, magnésia fluida e essência. Um remédio espetacular na época, aliviava mal-estar e dor de estômago. Na ausência do seo Dino, seo Paschoal pedia pra eu preparar esta fórmula. Quando a Drogasil comprou a Farmácia Vômero, os funcionários antigos perderam o emprego.
Também trabalhei na Farmácia Dom Pedro II, do Bebé, em São Paulo. Quem me arrumou esse emprego foi meu tio José, irmão da mamãe. Eram dez funcionários, eu o encarregado de abrir e fechar o estabelecimento. Lembro que se curava otite média com infravermelho. Em três dias a pessoa ficava boa.
Após dois anos, voltei. Meu irmão João era tipógrafo e impressor do jornal Folha do Povo, trabalhava com seo Zizinho. Fiquei um certo tempo com ele. A seguir, junto com meus irmãos Adib, João e José compramos a gráfica do seo Menelau Russo, que funcionava anexa ao armazém do papai. A Gráfica Tauil começou a crescer e resolvemos transferi-la para São Paulo. Alugamos dois caminhões grandes para transportar o maquinário até a Vila Carrão. Fomos João e eu, Adib e José não quiseram ir. Não deu certo, ficamos na capital paulista apenas um ano.
Daí, abri um armazém no antigo local de trabalho do meu pai. Por volta de 47, fiz o Tiro de Guerra. Dos 120 atiradores, eu era o mais trapalhão. Fazia parte de um grupo de vinte descendentes de libaneses. Uma vez, Kaled Cury arrumou vinte símbolos da suástica nazista para nós. A gente colocava no braço e saia marchando à moda dos alemães. Noutra feita, o Nabih Zaiat escreveu o testamento do sargento Rangel, como se ele tivesse morrido. Subiu num banquinho pra ler o testamento, dizendo: para o atirador fulano de tal deixo uma galinha (risos). Até o sargento achou engraçado.
Durante uma das instruções que aconteciam nas margens do Rio Guaxupé (60 atiradores ficavam no grupo do sargento Rangel e a outra metade, com o sargento Erotides), próximo ao estádio de futebol, peguei um punhado de barro e joguei, acertando o quepe do sargento Rangel. Ele gritou: número 1, você está expulso. Mas não durou muito, como de costume, no dia seguinte o sargento foi fazer um aperitivo no armazém: pinguinha, salaminho e queijo. Conversamos e ele disse que poderia voltar.
No time dos Farah
Nos tempos do Tiro de Guerra, participava do Macedo Futebol Clube. O time jogava no campo da família Farah. Uma vez, o União foi jogar conosco e ganhou de dez a um. Salim Farah quis colocar mais um goleiro no nosso time e não deixaram. Daí, ele falou, bola meu, campo meu, faço o que quiser. Episódio inesquecível.
Foi onde conheci Ramza Farah e passamos a namorar. Tínhamos vinte e poucos anos quando nos casamos. Tivemos dois filhos, Ivan Carlos e José Carlos. Em 65, minha esposa faleceu na Casa de Saúde Santa Terezinha, do Dr. Antônio dos Santos Coragem.
Passei a viajar, vendendo confecções do sul, calçados de Guaxupé, remédios e livros. Minha cunhada Linda, irmã da Ramza, ficava com meus filhos. Aprendi a conversar um pouquinho (riso) vendendo livros. Estudava sozinho para saber responder as perguntas dos clientes. Era preciso falar bem para vender.
Fui representante comercial cerca de 50 anos. Conheci a maioria das cidades do estado de São Paulo e o Paraná inteiro. Só não vendi em Foz do Iguaçu porque não era bom fazer negócios por lá. Nas outras cidades, eu deitava e rolava vendendo calçados do Sulino, do Hélio Silva, entre outros fabricantes.
Quando estava em Guaxupé, saía sempre à noite. Gostava muito de dançar na Associação Atlética e no Clube Guaxupé. Estava viúvo há mais de um ano quando Suréhia me disse pra prestar atenção numa moça chamada Terezinha, que trabalhava com o pai, Brasílio de Assis, na antiga companhia telefônica. Ele também foi como um pai para mim. Começamos a namorar e nos casamos após dois anos. Tivemos oito filhos: Márcia, Walter Alexandre, Eduardo, Paulo, Antônio Fernando, Ana Paula, Kátia e Maria Tereza. Atualmente, temos onze netos.
Sempre ao lado da música
Comprei meu 1º violão na Casa Oriental, há uns trinta anos. Comecei a tocar de ouvido. Minha primogênita, Márcia, desde pequena me acompanhava cantando, percebi que ela tinha ritmo e sonoridade. Desde rapaz, frequentava a casa do Alvarenga, alfaiate. Ele também era músico, tocava bandolim e tinha uma banda de música regional. Quando estava em Guaxupé, assistia aos ensaios. O Nestaldo fazia o acompanhamento das músicas no violão. Sempre gostei de chorinho. Com o tempo, passei a levar meu violão e fui aprendendo cada vez mais.
Há dez anos toco com um grupo de amigos, os Biônicos do Ritmo. Fomos contratados da Unimed durante dois anos. Uma vez, tocamos no clube de Casa Branca. Na hora de apresentar a banda, agradeci a presença de todos e chamei os músicos um a um. Quando apresentei Cipriano, na época o caçula do grupo, a plateia começou a rir, porque todos os integrantes eram mais velhos.
Também tocamos no SESC de Bauru, graças à indicação da Márcia, minha filha. Soube que havia na plateia algumas professoras com partituras nas mãos. Se elas não gostassem do som, sairiam uma a uma durante o show. Não contei para meus colegas, mas minhas pernas tremeram. Começamos a tocar e elas ficaram até o final. Disseram que gostaram da nossa simplicidade e competência.
Em meados de 2000, comecei a trabalhar com Suréhia na loja de aviamentos Bazar 31. Nem por isso deixei a música. Sempre recebo a visita de um cantor, instrumentista ou de alguém querendo contratar os Biônicos. Aproveito para tocar meu violão. Também tenho uns 66 netinhos de pirulito, que passam com as mães na loja pra ganhar o doce. Fiz uma freguesia muito boa (risos).
Comecei a aprender partitura. Mas toco mais de ouvido. Desde 2008, participo do coral da FATI – Faculdade da Terceira Idade, sob a regência do maestro Thales. Faço o acompanhamento das músicas no violão. Temos feito várias apresentações. Nosso coral foi selecionado para concorrer com mais de vinte grupos ao Prêmio Assis Chateaubriand, em Varginha. É um orgulho para nós.
À noite, quando não estou na faculdade, vou ao Clube Guaxupé, onde encontro amigos e jogo snooker. Não tenho adversário no jogo de damas. Costumava jogar com Severo Silva e Miguel Costa Monteiro. Quando viajava, cheguei a participar de um campeonato de damas, em Assis, conquistando o 1º lugar.
Faço ginástica toda noite. Antes, no Clube, agora, em casa, depois do banho. Não fumo, não bebo, nem faço extravagâncias. Minha alimentação preferida são frutas e legumes, dificilmente como carne. Brinco com todo mundo, mas com respeito. Um médico me ensinou que ajuda a viver melhor. Afinal, ficar triste pra quê?”
Aprecie o dom musical de Abdalla no Guaxupé Reviva, que acontece neste sábado, 4, na Casa da Cultura, a partir das 20h. Ele, Candinho do Bandolim e o percussionista Francisco farão uma homenagem ao Alvarenga, tocando músicas do repertório da antiga banda do alfaiate, como Tico-tico no Fubá, Aquarela do Brasil e Carinhoso.
Fotos:
1) Aos 12 anos, na Estação da Luz, em São Paulo.
2) Abdalla e Terezinha (à direita) com os filhos, no casamento de Eduardo e Juliana.
3) Abdalla com as irmãs Suréhia e Maria.
4) No Bazar 31, Zé Àccula canta com Abdalla, ambos integrantes do coral da FATI.
Patrocínio Cultural:
Penso que os políticos precisam chamar atenção, por isso, investem em foguetes. Já as festas religiosas, sinceramente, não vejo razão pra tanto alarido. Primeiro, porque gastam dinheiro desnecessariamente, quando têm à disposição os sinos, cuja sonoridade dos badalos é bem mais melodiosa. Acredito que os santos também ficariam mais satisfeitos.
Hoje, o candidato do PT a senador por Minas, Fernando Pimentel, esteve em Guaxupé fazendo campanha. De acordo com algumas fontes confiáveis, Pimentel, que foi prefeito de BH por dois mandatos consecutivos, é merecedor do nosso voto. Este ano, os mineiros vão eleger dois senadores: saem Eduardo Azeredo (PSDB) e Wellington Salgado de Oliveira (PMDB), fica Eliseu Resende (DEM), até 2014.
Saiba mais porque o voto consciente é importantíssimo:
Hoje, o mandato para presidente da República é de quatro anos, com limite de dois mandatos, o mesmo tempo vale para governador (e prefeito). Senador (03 por estado, total, 81) tem mandato de oito anos, com possibilidade de reeleições sucessivas e sem limites. Os deputados federais, estaduais e distrital têm mandato de quatro anos, com possibilidade de reeleições sucessivas e sem limites.
COM SALÁRIOS E BENEFÍCIOS, SENADOR CUSTA ATÉ 120 MIL REAIS POR MÊS
O salário mensal de um senador é de R$ 12.720, mas o custo total de cada um para os cofres da União supera os R$ 120 mil por mês, considerando as verbas a que têm direito os 81 senadores do país.
Independentemente do tamanho ou do número de eleitores, cada um dos 26 estados e o Distrito Federal contam com três representantes na Casa, com mandato de oito anos.
Além do salário mensal, cada senador pode receber mais três salários extras (13º, 14º e 15º), R$ 2.750 para auxílio moradia ou residência oficial, R$ 15 mil por mês para gastos no escritório do estado e até 80 mil por mês para contratar funcionários comissionados.
Eles também podem gastar uma verba mensal por mês em correios. Segundo o Senado Federal, o valor destinado para postagens é proporcional ao número de eleitores de cada estado. Por exemplo, no menor colégio eleitoral do país, o Amapá, cada um dos três senadores podem gastar até R$ 3.200 por mês em correios. Já no maior (São Paulo), a verba mensal pode chegar até R$ 52 mil.
Também não há limite de gastos para os telefones fixos do gabinete e celulares dos senadores. Na residência oficial, o limite de gastos para telefone é de R$ 500 por mês. Os senadores têm ainda direito a carro com motorista, podendo utilizar uma cota de 25 litros de combustível por dia, além de receber oito passagens aéreas por mês para o estado onde tem seu domicílio eleitoral.
(André Luís Nery, do G1, em São Paulo)
MINHA HISTÓRIA
Abdalla Tauil - músico, comerciante e grande contador de causos - dá sua receita para uma vida feliz.
Música, por toda a minha vida
“De tudo ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto / Dele se encante mais meu pensamento”, primeiros versos do Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Morais, que antecede a música Eu Sei Que Vou Te Amar, umas das canções que Abdalla Tauil toca em um dos seus quatro violões, transmitindo toda sua paixão pela música. Filho de Elias José Tauil e Salima Gabriel Ferreira nasceu em Guaxupé, em 26.11.28.
“Éramos sete, hoje tenho apenas três irmãs: Suréhia, Maria e Dalila. Naquela época, o armazém de secos e molhados do papai ficava em frente ao Zé Tavares. A banda do maestro Sudário ensaiava na esquina, como gostava muito de música, desde pequeno, assistia aos ensaios da banda até o fim. Em procissões ou nos cortejos fúnebres, eu estava sempre atrás da banda.
Aos sete anos entrei no Grupo Delfim, mas completei o primário no Barão, onde fiz o 4º ano. Minha professora foi a Nair Milhão. Não me esqueço dela, porque se mudou para o Rio e, quando vinha a Guaxupé se hospedava no Hotel Central. Numa das suas visitas, fui cumprimentá-la, lembrando que fora minha professora. Ela ficou tão emocionada que chorou.
Comecei a estudar na Academia de Comércio São José, mas não terminei o curso. Quando meu pai morreu, precisei trabalhar para ajudar em casa. Suréhia, irmã mais velha, substituiu nosso pai, passou a cuidar de todos nós. E assim é até hoje.
Havia duas fábricas de macarrão na cidade, a dos Pasqua e a dos Rovay. Trabalhei durante um ano na fábrica dos Pasqua, junto com seo Francisco Rossi. Ele era mais velho e eu, rapazinho. Minha função era tirar o macarrão do escalão, por na mesa, juntar, quebrar e pesar na balança. Em seguida, seo Chico embalava.
Depois, fui funcionário da Farmácia Vômero, do seo Paschoal. Fazia de tudo, era balconista e ajudava seo Dino Baíse no laboratório. Lembro da colega Fádua Abrão e, especialmente, de uma receita do seo Paschoal para aliviar diversos tipos de dor: elixir palegórico, tintura de belladona, magnésia fluida e essência. Um remédio espetacular na época, aliviava mal-estar e dor de estômago. Na ausência do seo Dino, seo Paschoal pedia pra eu preparar esta fórmula. Quando a Drogasil comprou a Farmácia Vômero, os funcionários antigos perderam o emprego.
Também trabalhei na Farmácia Dom Pedro II, do Bebé, em São Paulo. Quem me arrumou esse emprego foi meu tio José, irmão da mamãe. Eram dez funcionários, eu o encarregado de abrir e fechar o estabelecimento. Lembro que se curava otite média com infravermelho. Em três dias a pessoa ficava boa.
Após dois anos, voltei. Meu irmão João era tipógrafo e impressor do jornal Folha do Povo, trabalhava com seo Zizinho. Fiquei um certo tempo com ele. A seguir, junto com meus irmãos Adib, João e José compramos a gráfica do seo Menelau Russo, que funcionava anexa ao armazém do papai. A Gráfica Tauil começou a crescer e resolvemos transferi-la para São Paulo. Alugamos dois caminhões grandes para transportar o maquinário até a Vila Carrão. Fomos João e eu, Adib e José não quiseram ir. Não deu certo, ficamos na capital paulista apenas um ano.
Daí, abri um armazém no antigo local de trabalho do meu pai. Por volta de 47, fiz o Tiro de Guerra. Dos 120 atiradores, eu era o mais trapalhão. Fazia parte de um grupo de vinte descendentes de libaneses. Uma vez, Kaled Cury arrumou vinte símbolos da suástica nazista para nós. A gente colocava no braço e saia marchando à moda dos alemães. Noutra feita, o Nabih Zaiat escreveu o testamento do sargento Rangel, como se ele tivesse morrido. Subiu num banquinho pra ler o testamento, dizendo: para o atirador fulano de tal deixo uma galinha (risos). Até o sargento achou engraçado.
Durante uma das instruções que aconteciam nas margens do Rio Guaxupé (60 atiradores ficavam no grupo do sargento Rangel e a outra metade, com o sargento Erotides), próximo ao estádio de futebol, peguei um punhado de barro e joguei, acertando o quepe do sargento Rangel. Ele gritou: número 1, você está expulso. Mas não durou muito, como de costume, no dia seguinte o sargento foi fazer um aperitivo no armazém: pinguinha, salaminho e queijo. Conversamos e ele disse que poderia voltar.
No time dos Farah
Nos tempos do Tiro de Guerra, participava do Macedo Futebol Clube. O time jogava no campo da família Farah. Uma vez, o União foi jogar conosco e ganhou de dez a um. Salim Farah quis colocar mais um goleiro no nosso time e não deixaram. Daí, ele falou, bola meu, campo meu, faço o que quiser. Episódio inesquecível.
Foi onde conheci Ramza Farah e passamos a namorar. Tínhamos vinte e poucos anos quando nos casamos. Tivemos dois filhos, Ivan Carlos e José Carlos. Em 65, minha esposa faleceu na Casa de Saúde Santa Terezinha, do Dr. Antônio dos Santos Coragem.
Passei a viajar, vendendo confecções do sul, calçados de Guaxupé, remédios e livros. Minha cunhada Linda, irmã da Ramza, ficava com meus filhos. Aprendi a conversar um pouquinho (riso) vendendo livros. Estudava sozinho para saber responder as perguntas dos clientes. Era preciso falar bem para vender.
Fui representante comercial cerca de 50 anos. Conheci a maioria das cidades do estado de São Paulo e o Paraná inteiro. Só não vendi em Foz do Iguaçu porque não era bom fazer negócios por lá. Nas outras cidades, eu deitava e rolava vendendo calçados do Sulino, do Hélio Silva, entre outros fabricantes.
Quando estava em Guaxupé, saía sempre à noite. Gostava muito de dançar na Associação Atlética e no Clube Guaxupé. Estava viúvo há mais de um ano quando Suréhia me disse pra prestar atenção numa moça chamada Terezinha, que trabalhava com o pai, Brasílio de Assis, na antiga companhia telefônica. Ele também foi como um pai para mim. Começamos a namorar e nos casamos após dois anos. Tivemos oito filhos: Márcia, Walter Alexandre, Eduardo, Paulo, Antônio Fernando, Ana Paula, Kátia e Maria Tereza. Atualmente, temos onze netos.
Sempre ao lado da música
Comprei meu 1º violão na Casa Oriental, há uns trinta anos. Comecei a tocar de ouvido. Minha primogênita, Márcia, desde pequena me acompanhava cantando, percebi que ela tinha ritmo e sonoridade. Desde rapaz, frequentava a casa do Alvarenga, alfaiate. Ele também era músico, tocava bandolim e tinha uma banda de música regional. Quando estava em Guaxupé, assistia aos ensaios. O Nestaldo fazia o acompanhamento das músicas no violão. Sempre gostei de chorinho. Com o tempo, passei a levar meu violão e fui aprendendo cada vez mais.
Há dez anos toco com um grupo de amigos, os Biônicos do Ritmo. Fomos contratados da Unimed durante dois anos. Uma vez, tocamos no clube de Casa Branca. Na hora de apresentar a banda, agradeci a presença de todos e chamei os músicos um a um. Quando apresentei Cipriano, na época o caçula do grupo, a plateia começou a rir, porque todos os integrantes eram mais velhos.
Também tocamos no SESC de Bauru, graças à indicação da Márcia, minha filha. Soube que havia na plateia algumas professoras com partituras nas mãos. Se elas não gostassem do som, sairiam uma a uma durante o show. Não contei para meus colegas, mas minhas pernas tremeram. Começamos a tocar e elas ficaram até o final. Disseram que gostaram da nossa simplicidade e competência.
Em meados de 2000, comecei a trabalhar com Suréhia na loja de aviamentos Bazar 31. Nem por isso deixei a música. Sempre recebo a visita de um cantor, instrumentista ou de alguém querendo contratar os Biônicos. Aproveito para tocar meu violão. Também tenho uns 66 netinhos de pirulito, que passam com as mães na loja pra ganhar o doce. Fiz uma freguesia muito boa (risos).
Comecei a aprender partitura. Mas toco mais de ouvido. Desde 2008, participo do coral da FATI – Faculdade da Terceira Idade, sob a regência do maestro Thales. Faço o acompanhamento das músicas no violão. Temos feito várias apresentações. Nosso coral foi selecionado para concorrer com mais de vinte grupos ao Prêmio Assis Chateaubriand, em Varginha. É um orgulho para nós.
À noite, quando não estou na faculdade, vou ao Clube Guaxupé, onde encontro amigos e jogo snooker. Não tenho adversário no jogo de damas. Costumava jogar com Severo Silva e Miguel Costa Monteiro. Quando viajava, cheguei a participar de um campeonato de damas, em Assis, conquistando o 1º lugar.
Faço ginástica toda noite. Antes, no Clube, agora, em casa, depois do banho. Não fumo, não bebo, nem faço extravagâncias. Minha alimentação preferida são frutas e legumes, dificilmente como carne. Brinco com todo mundo, mas com respeito. Um médico me ensinou que ajuda a viver melhor. Afinal, ficar triste pra quê?”
Aprecie o dom musical de Abdalla no Guaxupé Reviva, que acontece neste sábado, 4, na Casa da Cultura, a partir das 20h. Ele, Candinho do Bandolim e o percussionista Francisco farão uma homenagem ao Alvarenga, tocando músicas do repertório da antiga banda do alfaiate, como Tico-tico no Fubá, Aquarela do Brasil e Carinhoso.
Fotos:
1) Aos 12 anos, na Estação da Luz, em São Paulo.
2) Abdalla e Terezinha (à direita) com os filhos, no casamento de Eduardo e Juliana.
3) Abdalla com as irmãs Suréhia e Maria.
4) No Bazar 31, Zé Àccula canta com Abdalla, ambos integrantes do coral da FATI.
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