um homem de convicções

Luiz Antônio Pereira nasceu em 22.05.38, em Muzambinho, filho de José Maria Pereira e Lula Sarraf Pereira. Figura popular entre os políticos passou de militante comunista em São Paulo a presidente do PMDB de Guaxupé; também passou de comerciário a comerciante; de aluno a professor. Considera a si mesmo um diletante, se interessa por diversos assuntos por gosto, não por obrigação. Polêmico, iniciou o movimento pela emancipação do sul de Minas, defendendo com convicção esta proposta.

“Meu pai, guaxupeano, mudou-se para Muzambinho como gerente das Casas Pernambucanas. Pouco tempo depois, desvinculou-se, inaugurando a Casa Brasileira. O filho mais velho, José Maria Júnior, nasceu em Guaxupé; os outros seis, em Muzambinho: Nilze Aparecida, Eni, eu, Carlos Alberto, Bernadete Maria e Paulo Henrique.
Tive uma infância muito feliz. Estudei no Grupo Escolar Frei Florentino, no Ginásio e, em seguida, no Colégio Estadual, todos em Muzambinho. João Marques de Vasconcelos, professor de Português, que chegou a vice-governador de Minas e diretor da Faculdade de Guaxupé, foi quem mais influenciou na minha formação.
Depois do colegial, fui morar em São Paulo, pois queria prestar vestibular para a Faculdade de Direito, no Largo São Francisco. Seria advogado se não fosse a prova de latim, disciplina fundamental no vestibular. Não passei, ingressando no cursinho preparatório Castelões, o mais renomado para os aspirantes ao curso de Direito.
Carlos Alberto estudava medicina na USP. Meu pai não queria que eu trabalhasse, mas achei que deveria, pois ele já investia na formação do meu irmão. Quando arrumei emprego, nunca mais pedi um tostão ao papai. Meu primeiro trabalho foi numa imobiliária. Depois, no Banco Nacional de Minas Gerais. Em seguida, fui chefe de seção numa rede de departamentos conhecida, A Sensação.
Fiquei nessa atividade até eles fazerem a besteira de querer me explorar. No fim de ano, exigiam que os funcionários trabalhassem além do horário, até mesmo quem não era comissionado, como eu. E olha que naquela época já existiam as leis trabalhistas. Pedi demissão.
Comecei a trabalhar noutra loja semelhante, a Pirani, na Avenida São João, desta vez, em função comissionada. Entrei com intenção de sair, fiquei pouco tempo, apenas o suficiente para fazer um dinheirinho e não precisar da ajuda do meu pai. Consegui emprego numa multinacional, a Alumínio do Brasil S/A, hoje Alcan. Era auxiliar de compras, funcionário graduado e bem-remunerado pra época.

Membro do Partidão
Morava com meu irmão e outros rapazes, todos estudantes ou pré-universitários, numa república, no Bexiga. Um deles era o ator Juca de Oliveira, que estudava Artes Dramáticas, na USP. Ele e outros colegas me apresentaram o Partido Comunista, conhecido como partidão. Passei a ser membro e a frequentar as reuniões.
Certa vez, após uma reunião do Sindicato dos Metalúrgicos, perto da Sé, em que Luís Carlos Prestes estava presente, os estudantes foram incumbidos de impedir que os ônibus saíssem das garagens durante uma greve geral. Juca, eu e outros colegas estávamos rondando a garagem da CMTC quando chegaram os policiais. Fomos levados de camburão para o DOPS, no Largo General Osório, centro da capital.
Na delegacia, os estudantes ficaram de um lado e os operários de outro. Saiu nos jornais somente a foto desses operários, a nossa não. Dei graças a Deus, pois não queria que a notícia chegasse até minha família. Minha mãe morreu sem saber deste fato. Foi na época do Juscelino. Um deputado ligado ao partidão conseguiu a liberação de todos os estudantes. Eu não era universitário, mas frequentava a UEE – União Estadual dos Estudantes.

Retorno às origens
Numa visita a casa dos meus pais, ouvi papai e meu irmão Zezinho cogitando abrir uma filial da Casa Brasileira em Monte Belo. Eu disse: se pensavam em abrir outra loja, que fosse em Guaxupé. Perguntaram a mim se eu toparia dirigir esse empreendimento e topei.
Cheguei a Guaxupé em 61, com 23 anos, inaugurando A Regional, achava que este nome era mais condizente com a proposta comercial. Por este motivo, muita gente ainda me chama de Luiz da Regional. O prefeito Aníbal Ribeiro do Valle cortou a fita de inauguração da loja, situada no térreo do prédio do Casagrande. Inicialmente, vendia calçados. Depois, camisas e confecções. Atrás da loja montei uma fábrica de roupas.
Em setembro do mesmo ano, conheci Maria Helena de Magalhães, na festa de barraquinhas em frente à igreja de Nossa Senhora Aparecida. Eu estava com Guido Furlan, quando ela me mandou um bilhete de correio elegante por intermédio da amiga Maria Inês de Sá. Começamos a namorar na mesma noite, o casamento aconteceu em 64. No ano seguinte nasceu nossa primogênita, Luele. Depois, vieram Luciano e Lucila. Atualmente, tenho cinco netos.
Aluno, Professor e Político
Fui da primeira turma de Pedagogia da FAFIG, em 66. João Marques foi novamente meu professor e, Padre Arnaldo, diretor. Meu ideal era estudar Sociologia, mas estudei Pedagogia por diletantismo. Na verdade, meu ofício era o comércio.
Em 68, ainda estudante na faculdade, Milo Mantovani, diretor do Colégio Estadual, me convidou para dar aulas. Ele foi outra pessoa muito importante na minha vida, a ponto de considerá-lo como um irmão mais velho. Comecei a lecionar Psicologia da Educação e OSPB no ginásio. O Milo abriu portas para mim. Dei aulas complementares em outras cidades, como Poços de Caldas e Itajubá. Fiz dois concursos em Belo Horizonte para ser efetivado nos cargos.
Quando tirei o diploma da FAFIG, seo Zizinho me convidou para ser professor de Psicologia da Educação, do curso de Pedagogia. Nessa época, estudei muito, pois mesmo recém-formado, tinha obrigação de ter mais conhecimentos que meus alunos. Sempre tive amor próprio, queria fazer um trabalho bem-feito. Também fui professor de Psicologia do curso de Administração da Faculdade de São João da Boa Vista, durante três anos.
Em 69, vendi a loja para o Walmor Russo, que mudou o nome para London. Lecionei até o final dos anos 70. Minha vida nunca foi retilínea, sempre exerci mais de uma atividade. Em 75, abri uma empresa de financiamento imobiliário e construção civil, a Acrópole. Financiamos casas para muita gente. Esta empresa deu origem à PROCASA, imobiliária atualmente administrada pela minha esposa.
Concebi a construção de um shopping no centro de Guaxupé, com mais de 40 lojas, o 1º da cidade. Também fundei o primeiro Instituto de Pesquisas do sul de Minas, o SP Minas. Fiz pesquisas para grandes políticos, em Poços, Mogi Guaçu, Alfenas, Varginha, entre outras. Foram inúmeras, todo lugar em que atuei o resultado das eleições bateram com minhas pesquisas. Ganhei muita credibilidade entre os políticos honestos.
Sempre acreditei que o sul de Minas tem tudo para ser transformado em Estado da União. Para mim, com o passar do tempo essa ideia ainda vai vingar. Defendi esta proposta de várias formas, criando o MOVESUL – Movimento pela Emancipação do Sul de Minas, fazendo palestras e dando entrevistas para os meios de comunicação. Fiz palestra no Rotary Club de Poços de Caldas. Este projeto não foi pra frente porque não tive a retaguarda de um político de prestígio.
Em Guaxupé, fui presidente do PMDB. Nas eleições municipais de 82, concorri como vice dos três candidatos a prefeito pelo meu partido, um deles, Mário Pasqua. Ele foi o mais votado, mas não ganhou a eleição. Naquela época, tinha voto de legenda e seis candidatos ao cargo: três pelo PDS e três pelo PMDB. Felipinho, do PDS, se elegeu, mesmo não tendo o maior número de votos.
Nas mesmas eleições, recebi o candidato a governador, Tancredo Neves, em casa. Aécio Neves, Pimenta da Veiga e Hélio Garcia faziam parte da comitiva. Fui cicerone deles pela região. Em 85, Tancredo foi eleito Presidente da República.”
Luiz Pereira tem orgulho da sua história de vida. Atualmente, está aposentado devido a problemas de saúde. Mas mantém o amor próprio em alta, se cuida fazendo caminhadas. Está sempre cercado de atenção da esposa e dos filhos.

Fotos:
1) Álbum de família: Beto, Lucas, Luele, Luana, Luiz, Maria Helena, Lucila, Betinho, Luciano, Dalila, Luciana e a pequena Vitória.
2) Luiz e Maria Helena, na Grécia, uma das diversas viagens que o casal fez pelo mundo.
3) Os irmãos Paulo, Zezinho , Luiz, Bernadete e Carlos.
4) Luiz, na garagem da sua casa, com Tancredo Neves.



Comentários

Oi Sr. Luis, tudo bem?
Saudades...abraços a todos
Fabiana Faria (amiga da Lucila)

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