quarenta

Ao acessar este blog, hoje, constatei que ele tem 40 seguidores: fiquei orgulhosa. Talvez porque ache o número quarenta redondo e autossuficiente, não sei... rs O fato é que não escrevo para mim, este espaço é público. Não escrevo para desabafar angústias, mas procuro trazer algo de interesse do leitor. Peço desculpas se, às vezes, falho, não é intencional. Gostaria que as postagens tivessem maior número de comentários, críticas e apoios são fundamentais para gerar mudanças. Mas só o fato de você aparecer por aqui já significa que este conteúdo vira-lata está agradando. Ter quatro dezenas de seguidores inspira a mesma responsabilidade que mil. Seja bem-vindo, sempre, e obrigada pela confiança! Embora fale besteiras, vez ou outra... Afinal, é impossível estar sempre certo, a única certeza, o afeto.

Orgulho e Preconceito - é o título de um DVD que assisti, recentemente. Pra quem gosta de filmes de amor, este é perfeito. Orgulho demais causa infelicidade. Preconceitos, idem. Principalmente para quem os alimenta. Muitas vezes nem percebemos que é o orgulho ou preconceito que nos afasta de algo, nos impede de compartilhar momentos especiais. Na maioria da vezes, na vida real, quando percebemos o engano, é tarde demais...

Sex and City 2 - o pior filme que já assisti, pelo menos que eu me lembre. Estava de bobeira em casa, o DVD de bobeira na minha estante. Definitivamente, o estilo de vida americano não me inspira em nada. É do tipo que quando acaba a gente pensa: que desperdício de tempo.

A Sombra do Vento - terminei de ler este livro ontem. Gostei muito. É daqueles que você não consegue parar antes do final. É um romance, repleto de aventura e mistério numa Barcelona fria e cinzenta, que nada tem a ver com Gaudi ou com vida social intensa. Nem inspira reflexões profundas.











MINHA HISTÓRIA

De aluno rebelde a professor

Antônio José Loreno Dias nasceu em 04.07.39, em Campanha, MG, filho de Joaquim Dias Filho e Anna Izabel Dias. O caçula de nove filhos: quatro do primeiro casamento da mãe, Maria, Geralda, Benedita e Joaquim, e cinco, do segundo, Terezinha, Marino, Manoela e Maria Bárbara. Chegou a pensar em abraçar a carreira religiosa, mas a vida lhe ofereceu outros caminhos. Quando moleque, não gostava de estudar. Por ironia do destino, tornou-se educador.



“Tenho pouca lembrança da infância. Em 1946, nos mudamos pra cidade porque meu pai vendeu o sítio onde morávamos. Nos dois primeiros anos, vivemos no bairro chamado Ponte, na mesma casa onde costumávamos ficar, nos finais de semana, quando íamos à cidade em datas comemorativas, como Natal, Semana Santa e outras festas religiosas.
Tive aulas de catecismo no alto do ‘morro dos pintos’, embaixo de uma mangueira, com Monsenhor Domingos Prado da Fonseca, que subia o morro, a pé, para fazer seu trabalho missionário. Foi o pioneiro da catequese nesse local, onde fiz minha 1ª comunhão, aos sete anos.
Depois, papai comprou outra casa, na chapada, na Rua Dois de Outubro. Ele tinha a ideia de deixar uma casa para cada filho, quase conseguiu. Na cidade, começou a fazer serviços de pedreiro.
Estudei no grupo escolar Dr. Zoroastro de Oliveira, o único da cidade. No 1º dia de aula, dona Maria José de Sá, professora, levou todos os alunos à casa dela, nos servindo uma mesa de doces e quitandas. Foi marcante, ela soube cativar os alunos.
Já no 2º, dona Laura Bressane, prima do Dom Hugo Bressane, era uma professora muito brava e rigorosa. De vez em quando, eu matava aula. Um dia, sem ter nada que fazer, fiquei rodando um bambuzinho na calçada até dar a hora de ir pra casa. Tomei bomba, repeti o 2º ano.
Estudava pro gasto. Gostava de brincar de faroeste com meus vizinhos na chapada. Aos domingos, meu irmão Marino me levava ao cinema. A maioria dos filmes era de bandido e mocinho. Como caçula da família, meus sobrinhos também brincavam comigo.
Meu pai plantava banana prata e outras verduras. Todos os dias, minha obrigação era catar um saco de esterco para adubar a horta de casa. Depois das aulas ia para os pastos. Um dia, não achei esterco. Então, enchi o saco, até a metade, com pedaços de tijolo, para enganar minha mãe, que sempre inspecionava meu serviço. No quintal, dei uma remexida no monte de esterco para aparentar um aumento de quantidade e ninguém perceber meu engodo.
Quando as bananas amadureciam, eu as vendia na cidade para a freguesia. Minha mãe também fazia pé de moleque, que eu vendia, aos domingos, no campo de futebol. Meu cunhado, Lado, um dos jogadores, era bom de bola. Eu não perdia um jogo. Certa vez, me assaltaram, roubando todos os doces.

Vida de seminarista
Minha irmã, Terezinha, que havia estudado para ser freira, mas não chegou à noviça, me motivou a entrar para o seminário, em 1952, que funcionava em regime de internato. Reencontrei Monsenhor Domingos, reitor da escola. Ele marcou muito minha vida. Nessa época, estava mais maduro, me saia bem nos estudos. Fiquei seis anos no seminário, até completar o clássico.
Gostava muito de jogar basquete. No recreio, nenhum aluno podia ficar parado, tinha que fazer algum esporte. Também jogava espiribol, um jogo bastante divertido entre dois jogadores. Fincavam um mastro no chão e, na ponta, uma corda com uma bola: vencia quem enroscasse a corda no topo do mastro. O jogo mais concorrido era o cajado, adaptado do baseball americano.
Visitava minha família no 1º domingo do mês e nas férias. Nos outros domingos, nos horários de visita, meu pai e minha mãe me visitavam, levando doces e quitandas, que comíamos enquanto conversávamos e, depois, ficavam guardados na despensa do refeitório para eu comer nas sobremesas.
Em março de 55, faleceu minha mãe. Em setembro do mesmo ano, meu pai. Nos dias de visita e nas férias, passei a morar na casa da Manoela, esposa do Lado, que me ensinou a torcer pelo Botafogo. Minha irmã ia dormir e nós dois ficávamos escutando os jogos pelo rádio.
Quando terminei o clássico, hoje Ensino Médio, fui estudar Filosofia em Mariana, no Seminário São José, atual Faculdade de Filosofia da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto). Naquele tempo, não era curso reconhecido e, sim, um estudo preparatório para o curso de Teologia, que iniciei, mas estudei apenas meio ano. Tinha dúvidas quanto a minha vocação.
Em 1963, com a morte do bispo Dom Inácio, monsenhor Marcos Noronha passou a administrar a Diocese de Guaxupé. Num encontro de bispos, Dom Otto Mota, bispo de Campanha, conversou com ele sobre minhas dúvidas. Marcos Noronha me indicou para administrar a Escola Profissional de Guaxupé.

De Guaxupé a Belo Horizonte
No mesmo ano, mudei-me para cá. Inicialmente, morei no seminário, onde lecionava Latim. À tarde, trabalhava na Escola Profissional, onde reencontrei Maria dos Reis, que conheci num curso da Juventude Agrária Católica (JAC), em BH. Meus irmãos eram sitiantes e eu comecei um movimento religioso com o povo da roça.
Maria trabalhava como voluntária e, logo, nos entrosamos. A gente coordenava o trabalho dos mestres da seção de marcenaria, sapataria e tipografia. O maior problema da escola é que não havia matéria-prima. Seo Ismael Pereira de Barros contribuiu muito, financeiramente, em benefício da Escola Profissional. Também, José Mauer Filho, através do Lyons Club. Ele passava por lá todos os dias.
Padre Olavo supervisionava nosso trabalho. Ele e Marcos Noronha me apresentavam como diretor da escola. Nesta função, precisava estar bem vestido. Quis comprar um terno na Brasília Modas, mas custava mais caro que meu salário. Ao saber da situação, Padre Olavo pagou o terno para mim.
João Lopes, mestre da tipografia, foi meu grande companheiro, me ajudou a conhecer a cidade. Com ele, frequentava a Churrascaria Bambu nos finais de semana. De segunda à sexta, comecei a lecionar Português no noturno do colégio estadual, a convite do diretor Milo Carli Mantovani.
Em 64, iniciei no curso de Pedagogia, na primeira turma da faculdade de Guaxupé, que funcionava no Grupo Delfim Moreira. Lá conheci Áurea Giunti, minha colega de classe. Como morávamos perto – nessa época, morava no Colégio São Luiz Gonzaga, junto com Orozimbo, de Monte Belo, e Brunca – voltávamos juntos para casa, esticando a conversa na esquina do Rui Pelozo.
No ano seguinte, mudei para o curso de Letras, mas logo tive que largar. Em 65, foi criado o GOT – Ginásio Orientado para o Trabalho com a introdução dos cursos de Artes Industriais, Educação para o Lar e Técnicas Comerciais. O professor Luiz Hugo Passarini e eu fomos indicados para fazer o curso de Artes Industriais, em Betim, cidade vizinha a BH, com bolsa remunerada de um ano.
No final, fui convidado para trabalhar no Centro de Treinamento de Professores para o GOT. Como ia muito às missas, fiz amizade com Padre Rafael, que era diretor do Colégio Estadual de Betim e me convidou para lecionar História.
Em 66, Áurea foi fazer o curso de Administração Escolar, em BH, onde morou durante dois anos. Eu a levava para passear e conhecer a cidade. Assim, começamos a namorar. Nas férias, tomei um ônibus para visitá-la em Guaxupé, Chegando em Alfenas, a estrada estava interditada devido às chuvas. Tive que ir até São Paulo e pegar outro ônibus para cá.

Enfim, cidadão guaxupeano
Em meados de 68, retornei ao estadual de Guaxupé, como professor de Artes Industriais. Áurea e eu nos casamos em dezembro. Na volta da nossa lua de mel, saiu o edital do concurso para a área de Magistério, de Guaxupé e Guaranésia. Fomos direto para BH. Passei o final do ano no hotel, estudando. Prestei o concurso em janeiro de 69, e passei.
Lecionei Filosofia da Educação e Sociologia Educacional no colégio estadual. Em Guaranésia, além destas disciplinas, no colégio Alice Autran Dourado, completava minha carga horária dando aulas de Educação Moral e Cívica e OSPB.
Trabalhava nos três períodos. Em 70 nasceu nossa filha, Lauriana. Em 79, Antônio José. Os dois eram muito apegados a mim. Quando criança, Lauriana me esperava acordada, eu tinha que dar a última refeição do dia para ela.
Numa época, chegaram a fechar o curso de Magistério do estadual para tentar salvar o Colégio Imaculada Conceição, mas foi em vão. Quando isso aconteceu, fui convidado pelo seo Milo para assumir a vice-direção, junto com o professor Gilberto Pasqua, que depois passou a diretor e eu continuei seu vice.
E assim foi, até minha aposentadoria, em 92. Em seguida, abri a Farmácia Menina, em sociedade com minha cunhada, Élide. Durante quinze anos, trabalhamos juntos, Áurea, eu e Lauriana, formada em Farmácia. Depois, desfizemos a sociedade e a empresa ficou somente com nossa filha.
Nas férias, sempre viajei muito com minha família. Todo ano visitávamos meus parentes, em Campanha, e a região do Circuito das Águas. Atualmente, ainda vou a minha terra natal, em ocasiões especiais. Minha esposa e eu passamos a conhecer novos lugares, como o nordeste e sul do país, as cidades históricas de Minas e Argentina.”
Atualmente, Loreno e Áurea optaram por cuidar da casa onde moram. Ela fica com os serviços domésticos. Ele, com os afazeres de rua, como compras de supermercado e serviços bancários. Levam uma vida tranquila ao lado do filho, ainda solteiro. Loreno não perde um jogo dos seus times do coração: Botafogo, no Rio, e Palmeiras, em São Paulo.

Fotos:
1) Loreno e Áurea, com o filho Antônio José, a filha Lauriana e o genro, Rogério Mariano dos Reis.
2) Em Campanha, Loreno visita com seu filho, o afilhado Reinaldo, o cunhado Amador e a irmã, Benedita.
3) No início dos anos de 1970, com a turma do Colégio Estadual, em São José do Rio Pardo.
4) Em 1993, Loreno recebe o título de Cidadão Guaxupeano das mãos da sua colega de profissão e grande amiga, Maria Gabriela Monteiro – Lela.


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Comentários

Grande Loreno!
Quanto tempo, sô! Viver no São Luiz foi uma época bem solitária para mim, mas você e o Brunca foram inesquecíveis e me ajudaram a vencer aquela etapa! Agora leio aqui um pouco da tua biografia e as lembranças se avivam. Estou por uma temporada em Monte Belo e vou ver se te encontro...
Abração
Orozimbo
bisteca disse…
Oi, Orozimbo.
Foi uma grata surpresa ler seu comentário aqui, tenho certeza que seo Loreno, também, vai ficar feliz.
Vou passar seu recado a ele.
abraço,
Sheila

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