alegria e pesar

O fim de semana prolongado (e quase santo) que a Associação Viralatas do Samba promoveu na Casa da Vó Maria foi quase perfeito. Alguns contratempos tentaram abafar, mas em vão, o brilho das três noites artístico-culturais. A quinta-feira começou bem-humorada com a peça teatral O Defunto, protagonizada por Arlete Mendes e Ernani Sastre. Em seguida, a roda de samba capitaneada por Washington Rodrigues, com a participação de convidados-amigos, encheu de alegria noite adentro ou, se preferir, madrugada afora. A intervenção artística do Sushi, com um texto de Terça Insana, também conferiu um brilho especial.

A discotecagem do DJ Faustino deu um toque nostálgico à noite de sexta. I Want to Break Free, do Queen, e outras músicas dos anos 80 e 90 animaram a pista improvisada na sala principal. Infelizmente, um vizinho acionou a PM que chegou na Casa e pediu para abaixar o som, senão levaria o equipamento e os responsáveis pra Delegacia...

No sábado, durante o Projeto Samba-rock Duo, com José Gonçalves Filho, Adriel Job e convidados, aconteceu o mesmo. Todos os PMs foram muito educados, estavam a serviço. Porém, vale ressaltar que diversos eventos acontecem pelos bairros da cidade, até mesmo religiosos (como procissão de caminhoneiros, entre outros), que incomodam demais os cidadãos que tentam descansar em suas residências, totalmente fora do horário permitido. Até mesmo foguetes explodem pelas madrugadas sem motivo aparente. O bom senso deveria ser regra da política da boa vizinhança. Também, a lei do silêncio deve valer para todos, não apenas para os pequenos, como é nosso caso.

Agradecimentos especiais aos nossos patrocinadores:
Farmácia Homeopática Ramo Verde, MinasVet e Bar do Broa, Vigilante, Ponto Chic do Kutiúla (os três últimos, patrocinadores da contagem regressiva do carnaval de 2012 que será reiniciada).

Arlete Mendes e Ernani Sastre encenaram O Defunto, com direção de Vanessa Marques.

Roda de samba com Washington e convidados.

Intervenção artística do Sushi (Felipe Alves).

Flash back dos anos 80 e 90 com DJ Faustino.


Samba-rock Duo - José e Adriel - com cenografia criada por Rodolfo Bonifácio Luduvico e Ana Lia Leonel + exposição fotográfica.

(confira mais fotos no meu facebook, procure o link por aqui - embaixo, à direita)


MINHA HISTÓRIA
A educadora aposentada Sônia Gomes Gonçalves mantém uma vida caseira, longe dos agitos sociais.



No aconchego do lar

Sônia Gomes Gonçalves nasceu em 07.10.40, em Guaranésia, a segunda filha de Dirceu Gomes David e Rosa Camilo Gomes David. O primeiro, Antônio Carlos, nasceu dois anos antes, somente após nove anos veio Maria Marta e, em seguida, Dirceu. Professora aposentada, Sônia lecionou no primário e na faculdade, assumindo cargos administrativos. Com firmeza educou seus três filhos, servindo de exemplo para casais de amigos. Mantém uma vida caseira e tranquila, longe dos agitos sociais: “Mas conservo minhas amizades.”

“Meu pai tinha um sítio onde funcionava a Cerâmica Santa Bárbara. Lembro-me da construção dos barracões e dos pedreiros de Mococa construindo o forno da cerâmica, a gente ficava em volta observando. Nino (Antônio Carlos) e eu éramos grandes companheiros. Brincávamos de modelar bonecos e bichinhos com argila. No sítio passava um riachinho onde costumávamos pescar.
Aos sete anos, entrei no Grupo Escolar Carvalho Brito, na época, o único da cidade. Nossa casa ficava perto da escola. Fui alfabetizada pelo Método Global, com a História da Lili. A professora, dona Madalena, nos encheu de expectativas com a chegada dela, que eu pensava ser uma menina. Foi uma decepção quando chegaram os cartazes.
No 2º ano, tive aulas com dona Romilda Pardini, também minha professora de catequese na igreja. No 3º, dona Ana Maria Pignataro e, no 4º, dona Hermantina Perocco. Uma vez por semana, havia aula de Educação Física, com dona Jarina Tavares. No pátio, a gente fazia exercícios de alongamento e aprendia a marchar para os desfiles cívicos. A aula de artes, com dona Mirtes, também era esperada, aprendíamos trabalhos manuais, a bordar ponto cruz e fazer bainha. Sei bordar até hoje por causa do grupo. Outra atividade aguardada era a aula de leitura, ainda com dona Mirtes, na biblioteca.
Formei em 1952. Cada criança teve seu paraninfo, minha madrinha foi Maria Perocco Rubilotta. Ela foi comigo receber o diploma das mãos da diretora, dona Maria Guerra.
Fui para o ginásio estadual (hoje, Alícia Autran Dourado), onde estudei da 1ª à 4ª série. Eram várias matérias, entre elas, Francês e Latim. Passei a interagir com novos colegas e professores.
Tinhas muitas amigas. Toda noite a gente se encontrava, cada vez na casa de uma. Até meus catorze anos, nos reuníamos na Praça Dona Sinhá para conversar. Íamos ao cinema quando passava algum filme permitido pra nossa idade, geralmente, nos fins de semana. Gostava dos seriados, como Tarzan ou faroeste, que duravam o mês inteiro. Para saber o final tinha que ir ao cinema todo domingo.
Meu irmão mais velho estudava na escola agrotécnica de Muzambinho. Ele jogava futebol no time da escola. Meus pais me levavam muito para lá quando aconteciam jogos intermunicipais e festas. Às vezes, minha amiga Regina Helena ia conosco. Habitualmente, aconteciam bailes no encerramento dos eventos.
Belo Horizonte e Guaxupé
Recebi o diploma do ginasial em 1956. Como não havia escola de Ensino Médio em Guaranésia, meu pai preferiu que eu fosse morar com seus primos, em BH. Eles tinham uma filha da minha idade, também chamada Sônia. Estudamos juntas no Colégio Imaculada Conceição das Jesuítas.
Aos domingos, era obrigatório assistir à missa da capela do colégio, rezada em Latim, a gente não entendia nada. Durante a semana, as aulas eram à tarde; aos sábados, de manhã. Frequentávamos o Cine Metrópole e A Camponesa, onde aconteciam os agitos da capital. A moçada ficava na lanchonete e os mais velhos, no restaurante.
O colégio era super rígido. A altura da saia tinha que ser de 20 cm a partir do tornozelo. Uma vez, nossa colega, Miriam Trindade, dobrou a barra da saia até o joelho. Só assistiu às aulas depois de passar pela sala de costura e refazer a barra. Ninguém entrava na escola de esmalte ou cabelo pintado. Uma freirinha ficava numa sala com algodão e acetona para limpar as unhas das alunas. Uma delas foi expulsa da escola porque apareceu com o cabelo pintado de amarelo.
Nossa festa de formatura, em 08.12.59, aconteceu no salão de festas do colégio, somente com beca e colação de grau, nada de festa.
Voltei para Guaranésia no começo de 1960. Logo nos mudamos para Guaxupé. Meu pai comprou a propriedade onde funcionava a Cerâmica Brasil, na ‘rua da porteira’ (antigamente, no final da Rua Francisco Vieira do Valle havia uma porteira, antes do bairro Vila Rica ser formado).
O imóvel pegava todo o quarteirão, até a Rua Dom Inácio, onde ficava nossa casa. Depois, papai construiu outra casa para a família, no quarteirão de baixo. Ele trouxe pra Guaxupé o escritório da Cerâmica Santa Bárbara. Aos poucos, foi vendendo o terreno em vários lotes.
Assim que chegamos, Dom Inácio nos visitou para dar boas vindas. Era um senhor muito carismático, meigo e humilde, falava baixinho, tinha uma estrela muito grande. Ele fazia uma catequese diferente.
De educanda à educadora
Em fevereiro de 1960, me convidaram para substituir uma professora no Grupo Coronel Antônio Costa, onde fiquei por um curto período. A partir de agosto do mesmo ano, lecionei quatro meses no Grupo Barão, cobrindo as férias-prêmio da professora Clarice Corrêa.
Em junho de 1960, numa festa de barraquinhas da Igreja de Santo Antônio, comecei a trocar correio elegante com um rapaz. Respondi aos bilhetes sem saber quem era o remetente. No dia seguinte, ele me ligou para marcar um encontro, que aconteceu na procissão de Corpus Christi, onde começamos a namorar.
Já conhecia, superficialmente, Augusto Gonçalves, proprietário da Sapataria União. Meu pai me trazia para comprar calçados em Guaxupé. Minha sandália do baile de formatura do ginasial foi comprada nesta sapataria.
Nesse ínterim, passei no concurso estadual para professores. O concurso foi no domingo, depois do Baile das Orquídeas. Fui ao baile com minhas vizinhas e amigas, Bárbara Oliva, Irtes e Neide Costa, e com meu namorado. Acordei cedinho, no outro dia, para prestar a prova. Em fevereiro de 61, fui nomeada para lecionar no Grupo Escolar Delfim Moreira, onde fiquei durante vinte e seis anos.
Durante dez anos lecionei no 2º ano. Em seguida, ocupei a vice-direção, primeiramente, com Áurea Giunti na direção, depois, Maria da Conceição Ribeiro (Santuca). Fiquei nesta função durante doze anos. De 82 a 87, passei ao cargo de diretora, até minha aposentadoria.
Mulher de negócios, esposa, mãe e avó
Em 09.09.62, Augusto e eu nos casamos. Passamos nossa lua de mel no Rio. Em 64 nasceu João Augusto; em 66, Clícia; em 72, Gláucia. Também em 1972, ganhei do meu pai um sítio em Guaranésia. Passava os finais de semana no sítio, com toda a família. Com meu salário comecei a comprar gado. Gostava de fazer negócios, acho que por herança paterna. Mantive o sítio até 2003, depois o vendi.
Ainda em 72, comecei a estudar Pedagogia na faculdade de Guaxupé. A maioria das colegas era como eu, mulher, professora e casada. Precisavam fazer curso superior por causa das mudanças do sistema educacional. Nossa colação de grau aconteceu em dezembro de 74.
Pouco tempo depois, comecei a dar aulas de Estatística Aplicada à Educação na FAFIG, no curso de Pedagogia. Fiquei neste cargo por 22 anos. Também fui coordenadora do curso de Pedagogia. Trabalhei com seo Zizinho, Elias José, Iracema Elias, Ailton Paulino dos Santos, entre outros. Inicialmente, o diretor foi Luiz Vicente Calicchio, sucedido por Toninho Costa Monteiro e, depois, padre Antônio Roberto Ezaú dos Santos.
Augusto sempre me apoiou em tudo, quando ia para a escola, à noite, ele ficava com nossos filhos. Sempre fomos mais caseiros. Ele participava do Rotary Club. Quando viajava para os encontros distritais, em outras cidades, eu ficava com os filhos.
Certa vez, dois amigos perguntaram qual a receita para educar filhos. Disse que não há receita, como fazer um bolo. Cada um sabe do seu. É difícil, mas com amor e dedicação a gente encontra o caminho certo. Educamos bem os nossos, meu marido e eu sempre nos orgulhamos deles.
Em 97, me aposentei pela 2ª vez. Sempre arrumei um tempo para ajudar Augusto na sapataria, com os serviços de escritório. Toda vida, meu marido gostou de atender os clientes, sabia o número do calçado de cor e o gosto dos mais assíduos.
Continuo caseira até hoje, mas conservo minhas amizades. Não sou de sair muito, vou mais a festas de aniversários e casamentos. Tenho dois filhos casados. João Augusto mora em Jundiaí. Em 2001, passei uns meses na casa dele, ajudando a cuidar da minha neta, Maria Augusta, recém-nascida. Costumo assistir a programas infantis com meu neto, Eduardo Augusto, filho da Gláucia. Quando fico brava, ele costuma me perguntar, vovó, a senhora vai virar uma onça? Daí, começo a rir.”
Sônia ficou viúva em 2009. Durante dez anos, seu marido, com a saúde debilitada, necessitou de atenção especial. Atualmente, tem viajado mais, na companhia da filha, genro e neto. Mas continua caseira, prefere fazer trabalhos manuais, ler e ver filmes na TV com a família. O neto, Eduardo Augusto, completou cinco anos a poucos dias. As lembrancinhas do aniversário foram confeccionadas com carinho pela vovó.

Fotos:
1) Sônia segura o aniversariante Eduardo Augusto ladeada pelo filho, João Augusto, a nora, Maria Adelaide, e a neta, Maria Augusta.
2) Sônia com o marido, Augusto, o neto Eduardo Augusto, a filha, Gláucia, e o genro, Reinaldo.
3) Em setembro de 1980, Sônia e sua mãe, Rosa.
4) Sônia, em 1985, numa cerimônia de formatura da faculdade de Guaxupé.
5) Sônia, à direita, abraçada ao pai, Dirceu, com os irmãos Nino e Maria Marta.




Na MINHA HISTÓRIA da semana que vem será publicada, novamente, a entrevista do Dr. Sylvio Ribeiro do Valle, que faleceu hoje, aos 75 anos de idade. Eu fui uma das muitas crianças que nasceram pelas mãos deste estimado médico guaxupeano.

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