Aí vai meu coração...
Na verdade, o coração é de Tarsila do Amaral, uma das maiores pintoras brasileiras do século XX (embora não tenhamos tantas mulheres atuantes nessa área e naquela época, evidentemente). Mesmo não tendo participado da Semana de Arte Moderna de 1922, sua obra ousada e criativa marcou o movimento Modernista. A partir da esquerda, O Abapuru, A Negra e Antropofagia.
Enfim, antes de comentar o livro em questão, informo a quem ainda não saiba que Fernando Meireles (Cidade de Deus) está dirigindo um longa (Blindness) com roteiro adaptado do livro Ensaio Sobre a Cegueira, do já citado neste blog (A caverna) Saramago. E retomando o tema anterior, ouvi no telejornal, de acordo com a Polícia, Ribeiro Jr. foi vítima de assalto e não sofreu atentado devido à investigação que fazia sobre o narcotráfico na região...
E aí vai meu coração é uma reunião de textos elaborada por Ana Luíza Martins, especificamente cartas de Tarsila do Amaral e Anna Maria Martins para Luís Martins, escritor e crítico de arte, uma biografia da vida amorosa de Luís Martins, de 1933 a 1952.
Se eu já tinha uma admiração por Tarsila, por sua obra e ousadia incomuns, quando tomei conhecimento que fora traída por Oswald de Andrade, seu marido durante 8 anos (ele fugiu com Patrícia Galvão - Pagu), esta grande mulher ganhou também minha simpatia e compaixão. Afinal, como uma mulher tão inteligente e sofisticada poderia ser abandonada sem nenhuma consideração e não despertar curiosidade e respeito? Ela "sacudiu a poeira e deu a volta por cima". Viajou para a Europa com um médico e de volta, em 1933, com 47 anos, conheceu um rapaz de 26, Luís Martins, com quem viveu por mais de 18 anos...
Durante a leitura, julguei várias vezes os envolvidos nesse triângulo amoroso. As cartas revelam detalhes do fim do relacionamento de Tarsila e Luís, e o envolvimento deste com Anna Maria, com quem se casou. É difícil não julgar, porém, no final da leitura, cada julgamento parece leviano e dá vontade de reler tudo para confirmar. Em determinados trechos, Luís pareceu omisso e covarde... Ao contrário de Ana Luíza, corajosa ao expor intimidades dos pais desta forma. Tarsila, segundo consta, foi uma ingênua no amor e, ao mesmo tempo, conseguiu manter-se generosa e forte. Linda história, vale a pena conhecê-la.
O livro ficou mais interessante ainda com algumas crônicas de Luís Martins, na época colaborador de O Estado de São Paulo, que de tanto sofrimento quis ter seu "coração passado a limpo" ou "quem se interessa pelos sentimentos de um cão?". Aliás, é um relato de importância histórica para a arte e cultura nacional. Diversos companheiros não menos importantes que os protagonistas, como Luís Coelho, Di Cavalcante, Menoti Del Picchia, entre outros, são citados nas correspondências.
Outras dicas literárias, atendendo a pedidos da Ana Paula:
- A Caverna (primeira post deste blog) - Ensaio sobre a cegueira - O Evangelho segundo Jesus Cristo - José Saramago.
- A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada - Gabriel Garcia Marques.
- O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini.
- A menina que roubava livros - Markus Zusak.
- Quase Memória - Carlos Heitor Cony.
- A Casa dos Budas Ditosos e Diário do Farol - João Ubaldo Ribeiro.
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Enfim, antes de comentar o livro em questão, informo a quem ainda não saiba que Fernando Meireles (Cidade de Deus) está dirigindo um longa (Blindness) com roteiro adaptado do livro Ensaio Sobre a Cegueira, do já citado neste blog (A caverna) Saramago. E retomando o tema anterior, ouvi no telejornal, de acordo com a Polícia, Ribeiro Jr. foi vítima de assalto e não sofreu atentado devido à investigação que fazia sobre o narcotráfico na região...
E aí vai meu coração é uma reunião de textos elaborada por Ana Luíza Martins, especificamente cartas de Tarsila do Amaral e Anna Maria Martins para Luís Martins, escritor e crítico de arte, uma biografia da vida amorosa de Luís Martins, de 1933 a 1952.
Se eu já tinha uma admiração por Tarsila, por sua obra e ousadia incomuns, quando tomei conhecimento que fora traída por Oswald de Andrade, seu marido durante 8 anos (ele fugiu com Patrícia Galvão - Pagu), esta grande mulher ganhou também minha simpatia e compaixão. Afinal, como uma mulher tão inteligente e sofisticada poderia ser abandonada sem nenhuma consideração e não despertar curiosidade e respeito? Ela "sacudiu a poeira e deu a volta por cima". Viajou para a Europa com um médico e de volta, em 1933, com 47 anos, conheceu um rapaz de 26, Luís Martins, com quem viveu por mais de 18 anos...
Durante a leitura, julguei várias vezes os envolvidos nesse triângulo amoroso. As cartas revelam detalhes do fim do relacionamento de Tarsila e Luís, e o envolvimento deste com Anna Maria, com quem se casou. É difícil não julgar, porém, no final da leitura, cada julgamento parece leviano e dá vontade de reler tudo para confirmar. Em determinados trechos, Luís pareceu omisso e covarde... Ao contrário de Ana Luíza, corajosa ao expor intimidades dos pais desta forma. Tarsila, segundo consta, foi uma ingênua no amor e, ao mesmo tempo, conseguiu manter-se generosa e forte. Linda história, vale a pena conhecê-la.
O livro ficou mais interessante ainda com algumas crônicas de Luís Martins, na época colaborador de O Estado de São Paulo, que de tanto sofrimento quis ter seu "coração passado a limpo" ou "quem se interessa pelos sentimentos de um cão?". Aliás, é um relato de importância histórica para a arte e cultura nacional. Diversos companheiros não menos importantes que os protagonistas, como Luís Coelho, Di Cavalcante, Menoti Del Picchia, entre outros, são citados nas correspondências.
Outras dicas literárias, atendendo a pedidos da Ana Paula:
- A Caverna (primeira post deste blog) - Ensaio sobre a cegueira - O Evangelho segundo Jesus Cristo - José Saramago.
- A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada - Gabriel Garcia Marques.
- O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini.
- A menina que roubava livros - Markus Zusak.
- Quase Memória - Carlos Heitor Cony.
- A Casa dos Budas Ditosos e Diário do Farol - João Ubaldo Ribeiro.
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