minha história

Hoje, 05.06, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. A única coisa que penso, neste momento, para escrever é que gostaria de viver em Pandora, como uma guerreira azul que voa montada em pássaros selvagens e multicoloridos. Os habitantes do planeta do filme Avatar, de James Cameron, têm uma relação mágica com as forças da natureza. O respeito por todos os seres vivos é a grande marca desse povo corajoso e místico. Nós, aqui na Terra, estamos ainda muito longe desse comportamento que demonstra um alto grau de evolução. Mesmo assim, podemos defender a condição humana, ou seja, provar que há esperança para a humanidade, ao fazermos a nossa parte respeitando os animais, as arvores, as florestas, as ruas, nossas casas, etc. Talvez ainda seja pouco. Precisamos passar por um novo processo civilizatório ou começar tudo de novo... há salvação para nós?

No dia dos 98 anos de Guaxupé, 01.06, Roberto Luciano relembrou desde a época de aluno rebelde do José de Sá até chegar a prefeito:


Ele é mais público que privado

Nascido em 12.01.62, Roberto Luciano Vieira demonstra seu carinho pelo médico que o trouxe à vida batizando o PSF Taboão* com o nome de Doutor Dolor dos Santos Coragem. Segundo filho de José Luciano Vieira (Zagalo) e Augusta Porto Vieira, o atual Prefeito de Guaxupé é formado em História e pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior com ênfase em História. Aqui, fala abertamente sobre sua vida pública, mas preserva a pessoal. Suas opiniões, principalmente sobre política, podem ser conferidas no blog recém-criado www.robertoluciano.com.br. Pouco a pouco, o prefeito blogueiro pretende aumentar o ritmo de postagens.

“Acho que meu parto foi traumático, pois minha mãe resolveu fechar a fábrica depois de mim. Tenho apenas uma irmã. Meu bisavô, José Luciano Vieira, era tropeiro e, na 2ª metade do século XIX, se estabeleceu na Fazenda Funil (região da Nova Floresta). Ele foi compadre do Conde Ribeiro do Valle. Depois, meu bisavô vendeu a fazenda para o conde e comprou terras no bairro Angola. Quando nasci, meus pais viviam num sítio nesse bairro, onde fui criado. Tive uma infância muito agitada e feliz, típica de moleque de zona rural e, ao mesmo tempo, urbana. Gostava de cavalgar, jogar futebol e empinar pipas.
Fiz o primário no bairro Carloni, hoje chamada Escola Municipal José de Sá. Dei trabalho, fui um aluno rebelde. Eu era muito livre e a escola tinha muitas regras. A gente vivia a pedagogia do medo. A escola não era cercada, no intervalo brincávamos na rua. Eu não voltava depois, deixava meu material na sala de aula e ia embora. Tanto que repeti de ano. Não via graça na escola.
As professoras que me marcaram foram as mais doces, as que me tratavam melhor. Lembro-me da dona Antonieta, diretora, e da dona Cecília. Dona Irene Vilhena, minha professora do 4º ano, fez diferença na minha vida escolar, passei a gostar daquele ambiente.
Entrei no Polivalente em 75. A escola era novinha, fiz parte da 1ª turma. A partir daí, me enquadrei no contexto. A escola tinha quadras esportivas, campo de futebol e várias coisas que eu gostava. Foi um período muito bom, fui muito feliz. Depois, passei para o curso Científico do noturno, no Ginásio. Em 79, comecei a trabalhar como auxiliar de escritório, meu primeiro registro na carteira de trabalho. Cheguei a interromper os estudos por dois anos.
Em 81 fiz o tiro de guerra, onde fui monitor. Isto me deu mais responsabilidade, amadureci. Lembro-me do sargento Edson e do Botelhos. Essa fase foi rica para minha socialização. Minha turma tinha 70 atiradores. Infelizmente, muitos deles já faleceram. No mesmo ano retomei os estudos no Ginásio. Tentei aproveitar o máximo possível para recuperar o tempo perdido. Em 83, recebi o diploma do Ensino Médio.
De 84 a 86, cursei História na FAFIG. Havia sido aprovado em concurso da Secretaria Estadual de Saúde para trabalhar no atendimento laboratorial do Centro de Saúde Pio Damião. Pagava as mensalidades da faculdade com meu salário, mas ganhei uma bolsa de estudos que me dava um percentual de desconto.
Desde o ginásio, eu tinha uma militância estudantil e interesse literário tanto por romances quanto por política, que me aproximaram do curso de História. Existia um inconformismo dos jovens contra a ditadura e a gente queria eleições diretas para presidente. A ditadura se aproximava do fim. Essa época foi determinante para meu futuro.
Com o tempo percebi que a sala de aula era um campo interessante de atuação profissional. A partir de 87, comecei a dar aulas como professor substituto em várias escolas de Guaxupé. Em 92, fui efetivado na Escola Nossa Senhora Aparecida, através de concurso público. Daí, abandonei a área de Saúde, porque não podia acumular dois cargos pelo estado.

Trago na alma a veia política
Também reforcei minha militância política, era um professor militante. Participava das mobilizações da categoria, dos servidores públicos municipais e de várias greves, como representante da CUT – Central Única dos Trabalhadores, em Guaxupé e região.
Essas atividades políticas me fizeram ingressar na política partidária, como simpatizante do PT e fundador do PSB – Partido Socialista Brasileiro em Guaxupé. Em 89, deixei o PSB para reorganizar o PT que havia ficado inativo por um tempo. Em 92, me candidatei a prefeito pelo partido com a finalidade de delimitar o espaço político da esquerda local. Tivemos 8% dos votos.
Em 96, fui eleito vereador pelo PT, fruto de uma ampla aliança que elegeu Dr. Heber prefeito. Destaco esse período como de aprendizado e de maturidade política. Tive um mandato atuante: com o apoio de outros vereadores, trouxemos para Guaxupé a Delegacia da Mulher, o PROCON, a banca permanente do DETRAN, que é regional, criamos o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, a tribuna popular e o código de ética da Câmara. Se o vereador tem foco e boa vontade traz benefícios para o município.
Quando apresentei o projeto de criação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, um vereador levantou-se, questionando: ‘enquanto o mundo inteiro procura preservar, o nobre vereador quer tombar o patrimônio do município’. Todos ficaram em silêncio até o presidente tomar a palavra e esclarecer o mal-entendido.
Com o final do mandato, em 2000, me afastei da política durante uns 8 anos. Em meados de 95 passei a lecionar em outras cidades, como Mococa, São José, Poços, entre outras. Fui tomando uma distância da vida política em função dos compromissos profissionais. Tinha dia que eu dava aulas de manhã, de tarde e de noite.
Em 2001, eu e uma equipe de professores fundamos o Colégio Logos, primeiro em Varginha, depois, também, em Areado. Mas continuei radicado em Guaxupé, só que viajando muito.

Sou um defensor da democracia
A volta pra política foi totalmente por acaso. Mesmo distante da militância, eu acompanhava o processo eleitoral em Guaxupé e sabia que havia um desgaste dos grupos políticos locais. Ajudei a organizar uma nova alternativa e meu nome foi cogitado como candidato às eleições de 2008.
Naquele momento eu não tinha disponibilidade, mas como fico entusiasmado quanto maior o desafio, decidi encarar. Guaxupé precisava de uma renovação política. Democracia implica em alternância de lideranças. Infelizmente, nem todo mundo respeita isso. Nossa campanha sintonizou os anseios da população e nossa proposta foi compreendida.
Em 2009, iniciei meu mandato como Prefeito de Guaxupé. Fiz uma escolha técnica ao nomear pessoas para os principais cargos, e não política. Nesse 1º ano a maior dificuldade foi financeira. Trabalhamos com receitas reduzidas em decorrência da crise mundial iniciada em 2008. Mesmo com as adversidades, conseguimos aumentar o patrimônio do município. Em um ano e meio de governo renovamos a frota de veículos, hoje são 28 veículos novos.
Compramos uma área de 10 alqueires, com verba federal, para implantação de um novo parque industrial denominado Polo da Moda, destinado às áreas calçadista e de confecções. Essa é nossa grande aposta, em função do crescimento desses dois setores, da demanda por áreas industriais e da oferta de mão de obra. Até agora já formamos 630 profissionais qualificados nesses segmentos. Em julho começaremos novas turmas. Por outro lado, vamos oferecer 170 lotes aos pequenos e médios empresários, com infraestrutura adequada e um centro comercial que dará maior visibilidade aos produtos. É uma forma de oferecer novas vocações para Guaxupé.
Na área habitacional, adquirimos locais para construção de 500 novas moradias populares para a população de baixa renda. Outra meta do nosso governo é a implantação do Centro de Especialidade Odontológica (CEO), também com recursos já garantidos pelo Governo Federal e localização definida. Outra obra programada para 2011 é o restaurante popular, que será construído na Av. Tancredo Neves. Além de ser uma promessa de campanha, vai atender exatamente quem mais precisa.
Não dá para enumerar todos os projetos que estamos viabilizando. Eu vejo com muita esperança o futuro do município. É uma cidade abençoada, que não tem tragédias e favelas e suas deficiências são perfeitamente sanáveis. Desde que haja vontade do poder público e apoio da comunidade e das demais autoridades. Pretendo cumprir o máximo de compromissos assumidos durante a campanha eleitoral. Essa é minha grande meta na política, hoje. Quanto ao futuro, só Deus sabe.”
Em 2009 o prefeito não lecionou, mas planeja voltar às salas de aulas ainda este ano, pelo menos um ou dois dias na semana. Diz que sente falta dos estudantes do Ensino Médio e, principalmente, dos pré-vestibulandos. Compartilha a satisfação da vitória desses jovens ao conquistarem um lugar na universidade.

* PSF – Programa de Saúde Familiar.

Fotos:
1. O prefeito de Guaxupé, Roberto Luciano Vieira, no gabinete da prefeitura.
2. Em 81, como monitor no tiro de guerra, Roberto adquiriu mais responsabilidade.
3. Roberto com a filha Natália, 6, e sua mulher, Vânia Ferreira.

Comentários

Lorêny Portugal disse…
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