cuidado, idosos
Estava caminhando e me deparei com uma kombi com os dizeres "cuidado idosos". Fiquei na dúvida: é uma ameaça às pessoas mais velhas, que devem tomar muito cuidado ao atravessar a rua? Ah, não, aí seria, "cuidado, idosos!", rs. Acho que é um automóvel que transporta pessoas idosas com um aviso para os outros motoristas... Mesmo assim, seria: "cuidado - idosos". Mas o mau gosto continuaria. Por que precisam avisar que transportam idosos? ... Porque, talvez, os outros motoristas fiquem impacientes ao esperar o embarque e desembarque desses passageiros... Nossa! É por isso que a maioria tem medo de envelhecer. Os mais jovens não têm paciência com velhos. Muitos, nem respeito. Outro dia, estava na fila do supermercado e uma senhora idosa demorava pra escolher qual carne levar (ela precisava refletir se o seu dinheiro daria para comprar). O atendente aguardava com paciência. Daí, uma mulher atrás de mim (que nem era lá tão novinha, mas, certamente, ignorante) disse: "Vai logo, velha!". O tom não escondia o desprezo pela demora da senhora. Sorte que não falou alto o suficiente para a outra ouvir. Se viver é perigoso, conviver é muito mais. Cuidado, idosos...
Última, Revista Página 22 de julho.
SAMBA NO GALO
Sextas e sábados vem acontecendo uma grande roda de samba no Galo de Ouro. Cada final de semana, uma figura diferente. Ontem, bombou. Ainda, direto de Sampa, o ator Ricardo Corte Real, que é amigo do Júlio César Ferreira, curtiu o samba junto com Itamar. Hoje, a partir das 17h, tem mais samba no Galo (estas fotos foram tiradas no final, por Rodolfo e por mim).
ENSAIO FOTOGRÁFICO
No início da Avenida Dona Floriana, por volta das 22h de ontem, estava poeticamente instalado um sofá preto e puído no canteiro central (este móvel me remete a um amigo querido que disse: "Depois que fui para Belo Horizonte, nunca mais falei sufá"). Cena naturalmente fotográfica. Ao meu lado, no carro, a modelo ideal e sempre disposta: Beatriz. Logo, uns rapazes se prontificaram para serem fotografados com ela. Às 3h, o sofá não estava mais lá. Provavelmente, levado por alguém disposto a reutilizá-lo. A saga deste sofá, felizmente, não terminou em um rio...
MINHA HISTÓRIA
Wilson Calicchio revela seus pequenos delitos do tempo de criança e um enorme orgulho por sua família.
Um italiano de sangue forte
O guaxupeano Wilson Pellegrini Calicchio nasceu em 14.07.31, filho de André Calicchio e Amélia Pellegrini Calicchio, primogênito de sete irmãos: Walter, Wanda, Sonéia, Vicente (Bizão), Salvinho e José Roberto. A mãe cuidava da casa e o pai, inicialmente calheiro, tornou-se sócio da Fogões Mineiro. Quem em Guaxupé nunca ouviu falar da fábrica de fogões dos Calicchio? Neto de italianos dos dois lados, Wilson afirma que italiano tem sangue forte. Quem o conhece sabe que não está mentindo.
“Diverti demais na minha infância. A gente era moleque, aproveitava muito. Hoje em dia, a molecada não sabe brincar. Comecei o primário na escola particular da dona Ivete Cortez Graneiro. Estudei com Terezinha Vômero, Luís Frota e Walter, meu irmão um ano mais novo. Havia poucos alunos e Dona Ivete tinha muita paciência conosco. Na hora do recreio ela nos mandava tomar lanche embaixo de uma mangueira no quintal da casa. Quando a escolinha fechou, papai falou pra descansarmos do estudo.
Nos mudamos para Casa Branca, onde moramos uns quatro meses com nossa avó materna, Antonieta. Lá, eu fazia o diabo. Foram os meses mais felizes da minha infância. Certa vez, roubei três cachorros rabicós, cada um de uma dona diferente. Cheguei na casa destas senhoras e tentei comprar os cachorros. Como elas não quiseram vender, os roubei. Quando retornamos a Guaxupé, numa viagem de trem de mais de três horas, trouxemos os três conosco. Papai não queria trazê-los, mas acabou cedendo.
Ainda em Casa Branca, havia um velho, seo Basilone, dono de uma loja no fim da avenida, distante oito quarteirões de casa. Como Walter não largava de mim, ele estava comigo nesta loja quando me encantei por um paliteiro estampado com a figura de um veadinho. Pedi para seo Basilone o paliteiro de presente, e ele, grosseiramente, disse que eu teria que trabalhar para comprar. Falei: então tá. Em nosso quarto, à noite, avisei ao meu irmão que roubaria o paliteiro, e ficamos tramando como seria. Na manhã seguinte, Walter, incumbido de distrair o comerciante, disse: Bom dia, seo Basilone, será que chove hoje? E o velho, lendo jornal como de costume, respondeu: Eu não sou Deus pra saber. Nessa hora, o paliteiro já estava no meu bolso. Chegando em casa, encontramos mamãe na cozinha. Ela perguntou por onde andávamos, respondemos que estávamos no espraiado, um riachinho onde a gente costumava brincar. Daí, ela tirou uma nota do bolso entregue por um funcionário do seo Basilone, cobrando o objeto roubado. Quando papai retornou de viagem - ele vendia fogões em outras cidades - mamãe mostrou a nota para ele, que me perguntou por que havia feito aquilo, e eu expliquei. Na manhã seguinte, foi comigo até a loja. Papai ficou bravo com seo Basilone, dizendo que eram amigos e, por este motivo, ele tinha agido errado tanto quanto eu. O velho ficou desconcertado, nem quis receber a dívida. O paliteiro está comigo até hoje. Por isso sou meio louco, papai nunca me bateu. Meus irmãos dizem que ele puxava meu saco.
De volta a Guaxupé
Concluímos o primário no Grupo Delfim. Entrei numa classe um ano na frente do Walter. Como ele se recusava a sair do meu lado, seo Vicente Prado, diretor da escola, chamou meu pai para uma conversa. Chegaram à conclusão de que não adiantava teimar com meu irmão, a única solução seria pedir para eu repetir o ano. Eu topei voltar para a 2ª série e passamos a estudar na mesma sala. Tinha uma sopa boa, no Delfim. Também, arroz doce de açúcar queimado. Não me recordo do nome da servente.
De manhã, a gente estudava. Depois do almoço, Walter e eu trabalhávamos na fábrica de fogões fundada por nosso avô Vicente Calicchio, e adquirida por papai em sociedade com o irmão, Sálvio. A gente precisava subir num banco para alcançar a máquina de furar chapas de ferro.
Depois do grupo fomos para a Academia de Comércio. Estudávamos à noite e trabalhávamos de dia. Walter e eu ficamos de 2ª época muitas vezes. Seo Gilberto Pasqua, professor de Inglês, chegou a nos reprovar, precisamos repetir um ano. Nunca gostei de estudar, mas papai exigiu que tirássemos o diploma.
Em 1950, nos formamos Técnico em Contabilidade. Conheci Noêmia Ana dos Santos no baile de formatura. Eu disse a ela: não sei dançar, mas vou dançar com você. E começamos a namorar. Casamos em janeiro de 1952. Um ano depois, nasceu nossa filha Wiliana e nos mudamos para São Paulo.
Profissional independente
Trabalhei na Squib, indústria farmacêutica, na seção de custos, contabilidade e prazo fixo. Mas não gostava de São Paulo. Após seis meses voltamos, retomando o serviço na fábrica de fogões.
Em 54, fui convidado para ser caixa do Banco Moreira Salles (atual Unibanco). Também não gostei. Em 55, após o nascimento da nossa 2ª filha, Mariângela, passei a trabalhar por conta própria, com encanamento e calhas, ofício que aprendi com meu pai. Nessa época, comecei a beber muito e assim foi durante sete anos. Em 62, nasceu nosso filho André. Somente em 65 decidi mudar de vida, percebi que a bebida acaba com a família (mas um cigarrinho eu fumo até hoje).
Ainda em 65, seo Jamil Nasser indicou meu nome para trabalhar na Caixa Econômica Federal, onde fiquei por mais de seis anos. Parei quando seo Milo Mantovani, diretor, me convidou para lecionar no ginásio como professor do curso de Artes Industriais. Tinha essa matéria apenas em 14 escolas de Minas.
Fiz um curso de 47 dias na Escola Técnica Federal de Belo Horizonte. Eram 121 alunos e eu tirei o 1º lugar. O cara tinha que saber de oficina, a soldar, cortar, etc. A maioria dos colegas não sabia nada, metade deles eram mulheres. Oficina, pra mim, era canela (tudo que acho fácil digo que é canela). Lecionei até 77, faltava um mês para eu ser efetivado no cargo e decidi sair. Não gosto de ser mandado. Cada um tem um lema de vida.
Abri um novo negócio, a EMERA – Serralheria e Estruturas Metálicas. Estou com esta firma até hoje. Construí 208 barracões, em Avaré, Pinhal, Campos do Jordão, Cumbica, Guarulhos... Fazia os cálculos de cabeça, anotando numa caderneta de espiral, sem calculadora ou computador. Em Campinas, construí o mini-shopping Flamboyant, no bairro de Barão Geraldo. Fiz 40 barracões em São José do Rio Pardo. Aqui devem ter uns 20. Atualmente, a concorrência está grande. Faço mais serviços de serralheria. Cheguei a ter 14 funcionários, hoje tenho meia-dúzia.
O mais importante pra mim é poder contar com meus filhos, que sempre me ajudaram. Hoje em dia acontece o contrário em grande parte das famílias. O André, que faleceu em 1999, me ajuda até hoje através do que ele deixou. Com todos os meus defeitos, erros e tropeços na vida, mantive minha família unida.”
Fotos:
1) Os inseparáveis irmãos, Wilson, 9, e Walter, 8.
2) Os irmãos José Roberto, Bizão, Sálvio Sobrinho, Walter, Wilson, Wanda e Sonéia.
3) Em 1952, em frente à igreja de Aparecida, durante a lua de mel.
4) Noêmia e Wilson com as filhas Wiliana, Mariângela e o saudoso filho André.
ERRATA:
Em Minha História da edição anterior, de Maria de Lourdes Costa Borges, o correto é “casa de chá e cafeteria paulistana Khan El Khalili” e não “casa noturna K El Kalil”, conforme publicado.
Apoio:
Surpresas na volta às aulas
Agosto, volta às aulas. O retorno dos alunos às escolas é geralmente marcado pelo desânimo: um mês de férias nunca parece suficiente. Afinal, colônias de férias com os amigos, viagens com a família parecem bem mais atraentes do que estudo, apostilas e professores. Pensando nisto, algumas escolas procuram surpreender e motivar seus alunos oferecendo atividades diferenciadas no início deste 2º semestre.
Além de uma decoração especial para a ocasião, o CNA de Guaxupé vai espalhar pela escola diversas charadas para serem desvendadas pelos alunos. Aqueles que se saírem melhor ganharão diversos presentes, como mochilas, chinelos, bonés, canetas, entre outros. “Com essas charadas, nossa proposta é fixar ainda mais o aprendizado do semestre anterior, bem como motivar o aluno a retomar os estudos”, explica Kassiane Barbosa S. Pereira, secretária da escola de idiomas.
Motivar os alunos no 1º dia de aula, 02.08, é também uma das propostas da Educação Infantil da Interativa. A escolinha vai oferecer às crianças um dia diferenciado, mais lúdico do que os demais. Na programação, oficinas de artes onde as crianças poderão confeccionar brinquedos com sucata, empinar pipas e montar uma banda de música. Está programado, também, um piquenique coletivo na floresta, que irá favorecer ainda mais a socialização entre todos os alunos da escola.
“A gente sempre procura integrar essas atividades de volta às aulas, que visam estimular a criatividade e a interação, com o projeto desenvolvido durante o ano por toda a escola. Este ano o tema é Arte – Janela para a Cultura”, informa Cássia de Souza Silva, uma das integrantes da equipe de professores da Interativa. Faz parte da agenda da Educação Infantil uma surpresa especial, em que num passe de mágica as crianças se sentirão ainda mais motivadas.
Esse diferencial oferecido por algumas escolas na volta às aulas tem a intenção de tranquilizar, também, os pais dos alunos. Atualmente, a escola tornou-se uma extensão do lar, ou seja, mais que Educação, a expectativa é que ela ofereça um espaço de convivência saudável e de socialização.
Fotos:
1)Kassiane mostra os presentes que serão sorteados aos alunos do CNA.
2)Cássia (em pé) e a equipe da Educação Infantil da Interativa confeccionam enfeites com papel crepom.
Última, Revista Página 22 de julho.
SAMBA NO GALO
Sextas e sábados vem acontecendo uma grande roda de samba no Galo de Ouro. Cada final de semana, uma figura diferente. Ontem, bombou. Ainda, direto de Sampa, o ator Ricardo Corte Real, que é amigo do Júlio César Ferreira, curtiu o samba junto com Itamar. Hoje, a partir das 17h, tem mais samba no Galo (estas fotos foram tiradas no final, por Rodolfo e por mim).
ENSAIO FOTOGRÁFICO
No início da Avenida Dona Floriana, por volta das 22h de ontem, estava poeticamente instalado um sofá preto e puído no canteiro central (este móvel me remete a um amigo querido que disse: "Depois que fui para Belo Horizonte, nunca mais falei sufá"). Cena naturalmente fotográfica. Ao meu lado, no carro, a modelo ideal e sempre disposta: Beatriz. Logo, uns rapazes se prontificaram para serem fotografados com ela. Às 3h, o sofá não estava mais lá. Provavelmente, levado por alguém disposto a reutilizá-lo. A saga deste sofá, felizmente, não terminou em um rio...
MINHA HISTÓRIA
Wilson Calicchio revela seus pequenos delitos do tempo de criança e um enorme orgulho por sua família.
Um italiano de sangue forte
O guaxupeano Wilson Pellegrini Calicchio nasceu em 14.07.31, filho de André Calicchio e Amélia Pellegrini Calicchio, primogênito de sete irmãos: Walter, Wanda, Sonéia, Vicente (Bizão), Salvinho e José Roberto. A mãe cuidava da casa e o pai, inicialmente calheiro, tornou-se sócio da Fogões Mineiro. Quem em Guaxupé nunca ouviu falar da fábrica de fogões dos Calicchio? Neto de italianos dos dois lados, Wilson afirma que italiano tem sangue forte. Quem o conhece sabe que não está mentindo.
“Diverti demais na minha infância. A gente era moleque, aproveitava muito. Hoje em dia, a molecada não sabe brincar. Comecei o primário na escola particular da dona Ivete Cortez Graneiro. Estudei com Terezinha Vômero, Luís Frota e Walter, meu irmão um ano mais novo. Havia poucos alunos e Dona Ivete tinha muita paciência conosco. Na hora do recreio ela nos mandava tomar lanche embaixo de uma mangueira no quintal da casa. Quando a escolinha fechou, papai falou pra descansarmos do estudo.Nos mudamos para Casa Branca, onde moramos uns quatro meses com nossa avó materna, Antonieta. Lá, eu fazia o diabo. Foram os meses mais felizes da minha infância. Certa vez, roubei três cachorros rabicós, cada um de uma dona diferente. Cheguei na casa destas senhoras e tentei comprar os cachorros. Como elas não quiseram vender, os roubei. Quando retornamos a Guaxupé, numa viagem de trem de mais de três horas, trouxemos os três conosco. Papai não queria trazê-los, mas acabou cedendo.
Ainda em Casa Branca, havia um velho, seo Basilone, dono de uma loja no fim da avenida, distante oito quarteirões de casa. Como Walter não largava de mim, ele estava comigo nesta loja quando me encantei por um paliteiro estampado com a figura de um veadinho. Pedi para seo Basilone o paliteiro de presente, e ele, grosseiramente, disse que eu teria que trabalhar para comprar. Falei: então tá. Em nosso quarto, à noite, avisei ao meu irmão que roubaria o paliteiro, e ficamos tramando como seria. Na manhã seguinte, Walter, incumbido de distrair o comerciante, disse: Bom dia, seo Basilone, será que chove hoje? E o velho, lendo jornal como de costume, respondeu: Eu não sou Deus pra saber. Nessa hora, o paliteiro já estava no meu bolso. Chegando em casa, encontramos mamãe na cozinha. Ela perguntou por onde andávamos, respondemos que estávamos no espraiado, um riachinho onde a gente costumava brincar. Daí, ela tirou uma nota do bolso entregue por um funcionário do seo Basilone, cobrando o objeto roubado. Quando papai retornou de viagem - ele vendia fogões em outras cidades - mamãe mostrou a nota para ele, que me perguntou por que havia feito aquilo, e eu expliquei. Na manhã seguinte, foi comigo até a loja. Papai ficou bravo com seo Basilone, dizendo que eram amigos e, por este motivo, ele tinha agido errado tanto quanto eu. O velho ficou desconcertado, nem quis receber a dívida. O paliteiro está comigo até hoje. Por isso sou meio louco, papai nunca me bateu. Meus irmãos dizem que ele puxava meu saco.
De volta a GuaxupéConcluímos o primário no Grupo Delfim. Entrei numa classe um ano na frente do Walter. Como ele se recusava a sair do meu lado, seo Vicente Prado, diretor da escola, chamou meu pai para uma conversa. Chegaram à conclusão de que não adiantava teimar com meu irmão, a única solução seria pedir para eu repetir o ano. Eu topei voltar para a 2ª série e passamos a estudar na mesma sala. Tinha uma sopa boa, no Delfim. Também, arroz doce de açúcar queimado. Não me recordo do nome da servente.
De manhã, a gente estudava. Depois do almoço, Walter e eu trabalhávamos na fábrica de fogões fundada por nosso avô Vicente Calicchio, e adquirida por papai em sociedade com o irmão, Sálvio. A gente precisava subir num banco para alcançar a máquina de furar chapas de ferro.
Depois do grupo fomos para a Academia de Comércio. Estudávamos à noite e trabalhávamos de dia. Walter e eu ficamos de 2ª época muitas vezes. Seo Gilberto Pasqua, professor de Inglês, chegou a nos reprovar, precisamos repetir um ano. Nunca gostei de estudar, mas papai exigiu que tirássemos o diploma.
Em 1950, nos formamos Técnico em Contabilidade. Conheci Noêmia Ana dos Santos no baile de formatura. Eu disse a ela: não sei dançar, mas vou dançar com você. E começamos a namorar. Casamos em janeiro de 1952. Um ano depois, nasceu nossa filha Wiliana e nos mudamos para São Paulo.
Profissional independenteTrabalhei na Squib, indústria farmacêutica, na seção de custos, contabilidade e prazo fixo. Mas não gostava de São Paulo. Após seis meses voltamos, retomando o serviço na fábrica de fogões.
Em 54, fui convidado para ser caixa do Banco Moreira Salles (atual Unibanco). Também não gostei. Em 55, após o nascimento da nossa 2ª filha, Mariângela, passei a trabalhar por conta própria, com encanamento e calhas, ofício que aprendi com meu pai. Nessa época, comecei a beber muito e assim foi durante sete anos. Em 62, nasceu nosso filho André. Somente em 65 decidi mudar de vida, percebi que a bebida acaba com a família (mas um cigarrinho eu fumo até hoje).
Ainda em 65, seo Jamil Nasser indicou meu nome para trabalhar na Caixa Econômica Federal, onde fiquei por mais de seis anos. Parei quando seo Milo Mantovani, diretor, me convidou para lecionar no ginásio como professor do curso de Artes Industriais. Tinha essa matéria apenas em 14 escolas de Minas.
Fiz um curso de 47 dias na Escola Técnica Federal de Belo Horizonte. Eram 121 alunos e eu tirei o 1º lugar. O cara tinha que saber de oficina, a soldar, cortar, etc. A maioria dos colegas não sabia nada, metade deles eram mulheres. Oficina, pra mim, era canela (tudo que acho fácil digo que é canela). Lecionei até 77, faltava um mês para eu ser efetivado no cargo e decidi sair. Não gosto de ser mandado. Cada um tem um lema de vida.
Abri um novo negócio, a EMERA – Serralheria e Estruturas Metálicas. Estou com esta firma até hoje. Construí 208 barracões, em Avaré, Pinhal, Campos do Jordão, Cumbica, Guarulhos... Fazia os cálculos de cabeça, anotando numa caderneta de espiral, sem calculadora ou computador. Em Campinas, construí o mini-shopping Flamboyant, no bairro de Barão Geraldo. Fiz 40 barracões em São José do Rio Pardo. Aqui devem ter uns 20. Atualmente, a concorrência está grande. Faço mais serviços de serralheria. Cheguei a ter 14 funcionários, hoje tenho meia-dúzia.
O mais importante pra mim é poder contar com meus filhos, que sempre me ajudaram. Hoje em dia acontece o contrário em grande parte das famílias. O André, que faleceu em 1999, me ajuda até hoje através do que ele deixou. Com todos os meus defeitos, erros e tropeços na vida, mantive minha família unida.”
Fotos:
1) Os inseparáveis irmãos, Wilson, 9, e Walter, 8.
2) Os irmãos José Roberto, Bizão, Sálvio Sobrinho, Walter, Wilson, Wanda e Sonéia.
3) Em 1952, em frente à igreja de Aparecida, durante a lua de mel.
4) Noêmia e Wilson com as filhas Wiliana, Mariângela e o saudoso filho André.
ERRATA:
Em Minha História da edição anterior, de Maria de Lourdes Costa Borges, o correto é “casa de chá e cafeteria paulistana Khan El Khalili” e não “casa noturna K El Kalil”, conforme publicado.
Apoio:
Surpresas na volta às aulas
Agosto, volta às aulas. O retorno dos alunos às escolas é geralmente marcado pelo desânimo: um mês de férias nunca parece suficiente. Afinal, colônias de férias com os amigos, viagens com a família parecem bem mais atraentes do que estudo, apostilas e professores. Pensando nisto, algumas escolas procuram surpreender e motivar seus alunos oferecendo atividades diferenciadas no início deste 2º semestre.Além de uma decoração especial para a ocasião, o CNA de Guaxupé vai espalhar pela escola diversas charadas para serem desvendadas pelos alunos. Aqueles que se saírem melhor ganharão diversos presentes, como mochilas, chinelos, bonés, canetas, entre outros. “Com essas charadas, nossa proposta é fixar ainda mais o aprendizado do semestre anterior, bem como motivar o aluno a retomar os estudos”, explica Kassiane Barbosa S. Pereira, secretária da escola de idiomas.
Motivar os alunos no 1º dia de aula, 02.08, é também uma das propostas da Educação Infantil da Interativa. A escolinha vai oferecer às crianças um dia diferenciado, mais lúdico do que os demais. Na programação, oficinas de artes onde as crianças poderão confeccionar brinquedos com sucata, empinar pipas e montar uma banda de música. Está programado, também, um piquenique coletivo na floresta, que irá favorecer ainda mais a socialização entre todos os alunos da escola.“A gente sempre procura integrar essas atividades de volta às aulas, que visam estimular a criatividade e a interação, com o projeto desenvolvido durante o ano por toda a escola. Este ano o tema é Arte – Janela para a Cultura”, informa Cássia de Souza Silva, uma das integrantes da equipe de professores da Interativa. Faz parte da agenda da Educação Infantil uma surpresa especial, em que num passe de mágica as crianças se sentirão ainda mais motivadas.
Esse diferencial oferecido por algumas escolas na volta às aulas tem a intenção de tranquilizar, também, os pais dos alunos. Atualmente, a escola tornou-se uma extensão do lar, ou seja, mais que Educação, a expectativa é que ela ofereça um espaço de convivência saudável e de socialização.
Fotos:
1)Kassiane mostra os presentes que serão sorteados aos alunos do CNA.
2)Cássia (em pé) e a equipe da Educação Infantil da Interativa confeccionam enfeites com papel crepom.
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