todas as sextas de outubro

Sábado, 17, aconteceu a estreia da comédia O Prazer é Meu, com o Grupo Teatral 14 Bis, no Teatro Municipal de Guaxupé. Os espectadores se divertiram com a situação tragicômica de um homem que não consegue obter prazer ao ver seu banheiro invadido por suas próprias fantasias eróticas.

O ator Rodolfo Bonifácio interpreta um personagem que, na hora do banho, recebe a visita inesperada de três belas mulheres, estereótipos das suas fantasias sexuais: Tuany Mancini, a adolescente colegial e maliciosa; Laise Diogo, a professora de Matemática, enérgica e ao mesmo tempo, sensual; e Renata Alves, nos papéis de uma executiva sedutora, enfermeira e gueixa.

O texto foi escrito por Luciano Plez, professor de Filosofia na FAFEM, em Mococa, especialmente para a estreia do grupo. “Como foi um processo colaborativo, o texto se modificou bastante, mas permaneceu fiel à proposta inicial do Luciano”, explica o diretor Lauro Baldini, que junto com os quatro atores estrearam no teatro profissional com este espetáculo. Este ano, os integrantes do Grupo Teatral 14 Bis receberam o registro que regulamenta o trabalho dos profissionais de Artes Cênicas do Estado de Minas Gerais em todo o País.

“Todos os envolvidos no projeto se dedicaram, dentro das suas possibilidades, a contribuir para que o resultado fosse verdadeiro, sem a busca de soluções fáceis. Cada um depositou um pouco de si, de maneira generosa, para atingir o máximo que poderíamos dar neste momento”, explica o diretor.

O grupo vem trabalhando há quase um ano. Nesse período, diversos profissionais renomados estiveram em Guaxupé. Cada um deles contribuindo com sua experiência para a qualificação dos profissionais envolvidos nas diferentes áreas que compõem um espetáculo teatral, como construção do cenário, som, iluminação, direção e interpretação.

“Evidentemente, esperamos que essa parceria se estenda futuramente, pois a sintonia que houve entre nós e esses profissionais foi algo impagável. É disso que é feito o teatro, de pessoas dispostas a fazerem, juntos, algo surgir do nada. Para ser sucinto, foi um prazer”, afirma Lauro.

A equipe fez o diferencial

De acordo com Wladimir Medeiros, um dos profissionais envolvidos neste trabalho, o teatro trabalha com equipe e é ela que faz o diferencial. Wladimir foi o responsável pela concepção da luz do espetáculo. “No interior há uma carência muito grande na área técnica. O grupo não tinha noção de como fazer, qual o equipamento usar. Meu papel foi prepará-los a fazerem o desenho da luz”, informa Wladimir.

Coordenador de alguns festivais de música da Conexão Vivo, na área técnica, e do Núcleo de Pesquisa do Grupo Galpão Cine Horto, na área de iluminação, Wladimir viajou por vários países fazendo espetáculos, acumulando mais de vinte anos de experiência na área.

A multiartista Rita Clemente, também com vinte anos de experiência, esteve em Guaxupé diversas vezes. “Fiz uma espécie de supervisão, orientando os envolvidos na montagem de um espetáculo, com a proposta de que o próprio grupo desenvolvesse todo o trabalho técnico e artístico relacionado a esse primeiro trabalho”, revela Rita.

A expectativa de todos é que esse projeto tenha continuidade. Na opinião de Lauro, há pessoas sérias e comprometidas que podem tornar Guaxupé uma referência no campo da encenação no sul de Minas: “Para isso, devemos congregar iniciativas isoladas em projetos conjuntos, formando uma base sólida, e estar atentos ao dilemas, impasses e caminhos propostos pela encenação contemporânea, sem nos fecharmos em regionalismos ou anacronismos.”

Para Rita, não tem outra forma de popularizar essa atividade sem formar pessoas interessadas em se profissionalizar. Uma escola ofereceria um processo contínuo de formação, o que é fundamental, não só para formar gente nova, como aperfeiçoar quem já está na área.

“Ter continuidade é fundamental, pois não é fácil formar plateia. O teatro está dizendo ao público: Venha!”, afirma. Para formação de público, ela diz que a participação do poder público é fundamental, por exemplo, fomentando a sensibilização à arte nas escolas: “A maioria das pessoas que passa pela escola torna-se público de teatro.”

Também é preciso investir em infraestrutura. Segundo Wladimir, no Teatro Municipal faltam equipamentos: “Pensando no interior, aqui é um teatro que consegue atender o mínimo. É excelente esta parceria da Prefeitura com o pessoal do 14 Bis que juntos podem fazer a ocupação desse espaço e levantar recursos junto ao governo e com quem quer investir em cultura.”

O grupo recebeu, também, orientação musical ministrada pelos professores e músicos Jovane Oliveira e Valéria Semar, e uma oficina de figurino, orientada por Ana Luiza Santos, do Núcleo de Pesquisa em Figurino do Galpão Cine Horto/BH. A preparação corporal e vocal foi orientada pela atriz e pesquisadora Silvana Stein.

Outro destaque foi o cenário elaborado pelo cenógrafo Marcos Lustosa, que construiu um banheiro desmontável para ser adaptado a diferentes espaços. Rafael Vieira e Junior Silva colaboraram no processo de montagem e das apresentações, como cenotécnico e operador de luz, respectivamente.

O Núcleo Teatral 14 Bis é uma realização do Instituto 14 Bis de Educação e Cultura, incentivado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura e patrocinado pela empresa Laticínios Aviação. A peça estará em cartaz durante todas as sextas-feiras de outubro, às 21h, no projeto Todo Mundo no Teatro, da Secretaria Municipal de Cultura, com ingressos a R$10,00. Para mais informações, visite o site: instituto14bis.org.br

Alguns profissionais envolvidos no espetáculo


Rita Clemente - Multiartista – atriz, autora e diretora - da 1ª turma do curso técnico de formação de atores do CEFAR/Palácio das Artes, graduada em Música pela Universidade Estadual de Minas Gerais, tem vinte anos de experiência na área, com atuações no teatro, TV e cinema. Trabalhou em A Cura (sua estreia na TV, em 2010), Cama de Gato, Batismo de Sangue e Pequenas Histórias. Dirigiu espetáculos da Cia. Luna Lunera, do Grupo Espanca! e sua última apresentação foi um projeto autoral patrocinado pela Oi Futuro.

Indicada ao Prêmio Shell SP e Qualidade Brasil SP 2008 pela direção de Amores Surdos (Grupo Espanca!), Rita Clemente foi premiada no 4º Prêmio Usiminas/Sinparc de Melhor Figurino e indicada ao Prêmio de Melhor Atriz, por “Dias Felizes”. Foi também indicada ao Prêmio Usiminas/Sinparc de Melhor Atriz pelo espetáculo “Histórias de Chocar: Ensaios de amor” – que participou da Mostra Oficial do Festival de Curitiba e esteve em cartaz por três meses no Sesc Avenida Paulista (São Paulo). Em outubro de 2009, participou do curso Laboratório de Actores do Instituto Del Cine de Madrid, quando foi contemplada com a bolsa de Intercâmbio Cultural do Ministério da Cultura.



Silvana Stein - Atriz e preparadora vocal. Professora de Expressão Vocal da Escola de Teatro do Palácio das Artes (Centro de Formação Artística – CEFAR), com vinte anos de experiência. Sua formação teatral aconteceu junto aos grupos europeus, como Odin Teatret, na Dinamarca, Teatro Tascabile di Bergamo, na Itália, e Ói Nóis Aqui Traveis e Lume Teatro, no Brasil.






Wladimir Medeiros - Artista técnico e iluminador, desde 1990. E técnico de luz, coordenador e professor do Núcleo Técnico de Artes Cênicas - NUTAC, tendo realizado inúmeras oficinas de Iluminação pelo Interior do estado e em BH. Coordenador técnico e iluminador dos shows da Conexão Vivo, com passagens pelos Teatros Marília, da Praça (BH) e Galpão Cine, e outras experiências nacionais e internacionais com o Grupo Galpão, onde integra a equipe de criação dos espetáculos, desde 1996.



Marcos Lustosa Lopes – Cenógrafo e iluminador. Fez a construção cenográfica do Grupo Galpão até Romeu e Julieta; cenografia da exposição Vales: Vozes e Visões, no Palácio das Artes; cenografia do Geografias Imaginárias e do Caravana Digital, ambos com edições em Guaxupé; cenografia de shows do Lô Borges, Beto Guedes, 14 Bis e Zeca Baleiro; iluminação do show Sentinela, do Milton, Uakti e Alceu Valença. Fez cenários para cinema, como em Bom dia, Senhoras, de Érika Bauer, premiado em 97, no Festival de Brasília; Ana, de Adriana França; e Quatro Histórias, de Ana Flávia Sales; locação de cenas e captação de objetos do filme Amor e Cia, de Helvécio Ratton. Cenógrafo da peça O Prazer é Meu, do Grupo Teatral 14 Bis.






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