sacanagem
Flagramos este carro com adesivos pedindo voto pra "Dilma-45"! Independentemente de qual lado você esteja neste 2º turno, há de convir que este tipo de atitude é sacanagem, ou seja, jogo sujo. Mais parece brincadeira de mau gosto... Quem é o dono deste carro com adesivo da Acig "Eu amo Guaxupé"?
Enquanto isso, integrantes da ONG Angakira iniciam um movimento inédito em Guaxupé, em busca de uma cultura da paz: GUAXUPAZ. Será possível unir paz e política? Defendo que sim, desde que haja um compromisso interior, dentro de cada um, uma disponibilidade para a mudança. Significa flexibilidade, aceitação do outro, das diferenças, etc. etc. etc.
MINHA HISTÓRIA
José Cândido Borges revela como pagou o grande mico da sua vida, ao entrar, por engano, num banheiro feminino.
Um homem de muitos negócios
José Cândido Borges nasceu em 21.07.26, o terceiro filho de Inocêncio Cândido Borges, imigrante português, e Ana Celina Bertoni Borges, descendente de italianos. O casal teve somente filhos do sexo masculino: Antônio, Jorge, Mário, Carlos, Henrique e Cláudio. Habituado a auxiliar o pai no comércio, desde jovem Zé Borges revelou habilidade nos negócios: de bancário a empresário, de caminhoneiro a produtor rural.
“Não conheci a família do meu pai, havia apenas uma tia, Anunciação, casada com Amadeu Nunes, que morreu quando eu era pequeno, deixando muitos descendentes. Papai era comerciante, tinha uma mercearia na Rua Aparecida, 38. A casa onde nasci ficava nos fundos.
Fiz os dois primeiros anos do primário na escola do Leonel Rocha, na Rua Tiradentes. Em 1932, durante a revolução, chegaram algumas pessoas com soldados solicitando o local para ser um posto de atendimento aos feridos. Nessa época, morávamos numa casa em frente à escola.
A meninada ficava em volta desse posto observando o movimento. Brincávamos com balas de fuzis vazias. Aquele que derrubava a cápsula do outro, ficava com todas. Fazíamos brinquedos com as armas usadas. Mário Freixo Lobo e eu achamos um fuzil estragado, serramos os canos e fizemos dele um brinquedo. Disputávamos entre os moleques quem fazia a maior carga sem estourar o cano. Mário e eu sempre ganhávamos. A gente encontrava muitas armas abandonadas, a maioria dos soldados era inexperiente, não sabia manuseá-las corretamente e o tiro saía pela culatra, ferindo seus rostos.
Pouco tempo depois, retornamos à casa da Rua Aparecida. Completei o primário no grupo Barão, onde fiz o 3º e 4º anos, junto com meu irmão, Jorge. Nossa professora foi a Lula Silva, que também era nossa vizinha, uma mulher muito bonita. Lembro-me das colegas Heloísa Zerbini, Lorice Cury, Josina Ribeiro do Valle, Rosinha e Aparecida Remédio, e dos colegas Ulisses Vergili e Norberto Cortez Ribeiro. O Barão funcionou no Delfim Moreira e no extinto Hotel Central. Levaram quinze anos para construir um prédio próprio.
Concluído o primário, em 36, estudei um ano como ouvinte no ginásio municipal e, outro ano, como aluno matriculado. Em 1939, fui para o Colégio Paraisense, em São Sebastião do Paraíso, como interno. Voltei em 41, completando o ginasial no Colégio São Luiz Gonzaga, regido por padres, que eram muito prepotentes. Antes de o aluno falar, já o mandavam ajoelhar. Criei muito caso com eles.
Não era bom no futebol, mas gostava de esporte. Certa vez, venci um campeonato estadual de salto em altura. Uns dois meses depois, segundo afirmou Dr. Albertinho, saltei mais alto que o campeão mineiro. Mas sempre competi por brincadeira. O esporte ao qual me dediquei foi o basquete. Meus companheiros de quadra foram Ivo Paterline, Jaime Jerônimo, José Silveira, José Lins e Silva, entre outros.
Fiz o curso de contador na Academia de Comércio. A maior parte da minha turma havia estudado no ginásio. Para nós, as aulas de técnicas comerciais eram moleza. A gente respeitava muito Dr. Arthur Leão, um dos professores. Nas aulas do Mário Bacci, ficávamos relembrando os dias da revolução, da qual ele foi soldado, e não tinha mais aula. Uma vez, José Gonela querendo impor regras, ameaçou dar suspensão pra nossa classe. Uma das colegas nos incentivou a tirar uns dias de férias por conta própria. Daí, o diretor nunca mais nos importunou.
O maior mico da vida
Um ano antes da minha formatura, época da 2ª Guerra, percebi que muitos bancários haviam sido convocados pelo Exército. Então, consegui uma vaga no Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais, onde trabalhei por um ano.
Em 45, mudei-me para São Paulo.
Não conhecia nada por lá. Por sorte, viajei no trem da Mogiana com Renato Costa Monteiro, que estudava medicina e estava habituado à cidade. Arranjamos uma pensão na Rua Jaceguai, no Centro. Saímos de Guaxupé numa quarta-feira de cinzas e, na sexta, já estava empregado. Vítor Alberto Zerbini me convidou para trabalhar com ele no Banco Moreira Salles, mas recusei a oferta. Fui trabalhar como caixa numa firma de máquinas, na Rua Florêncio de Abreu, onde fiquei por três anos.
Mudei de moradia 18 vezes, os ambientes eram muito ruins. À noite, me juntava ao grupo com mais de cinquenta guaxupeanos que vivia na capital paulista, na Praça Patriarca, nosso ponto de encontro. A gente formava uma espécie de irmandade, um procurando ajudar o outro.
O maior mico da minha vida paguei no Teatro Municipal de São Paulo. Estava com um colega de pensão, Floriano, que me convidou para um recital de piano. No intervalo, perguntei onde era o banheiro e ele me indicou uma direção. Os corredores eram largos, ao ver um guarda-chuva ao lado de uma das portas, entrei. Achei estranho as diversas divisões num banheiro masculino, entrando na última delas, sem fechar a porta. Em seguida, chegaram as mulheres. Quando deram comigo, foi uma gritaria. Mas não me apressei, fui saindo sossegado, senão, pensariam que fosse um ladrão. Do lado de fora, Floriano me esperava, se dobrando de tanto rir.
Ao voltar pro interior
Devido a problemas de saúde, percebi que a cidade grande não era um bom lugar para se viver, retornando à Guaxupé. Estava decidido a não ser mais empregado de ninguém. Quando Aníbal Ribeiro do Valle me convidou para trabalhar com ele, propus uma sociedade, e ele topou. Trabalhamos juntos durante seis anos, numa empresa de material de construção e artigos de lavoura, na Rua João Pessoa.
Nesse ínterim, conheci Eulina Ribeiro Ferraz, nos footings na avenida. Ela morava na roça e vinha pra cidade algumas vezes por mês. Somente no quarto ou quinto encontro, perguntei o nome dela. Eu era desligado, não levava nada a sério, a não ser o trabalho.
Namoramos oito meses, noivamos mais oito e nos casamos, em 30.12.50. No dia da cerimônia, não faltou nenhum dos familiares dela, que juntos, somavam 49 pessoas. Fui o 50º. Tivemos cinco filhos: Cândida, Inocêncio, Mauro, Lucília e Ana Maria; apenas um neto homem, Plínio, e sete netas. Atualmente, tenho dois bisnetos.
Por volta de 56, desmanchamos a sociedade. Fiquei com um sítio do Aníbal. Criava e comprava vacas leiteiras, abrindo uma leiteria, na Avenida Conde Ribeiro do Valle. Também fabricava tijolos, comprei caminhões e passei a fazer carretos. Trabalhei muito, fui caminhoneiro, fiz o diabo.
Em 63, por influência do meu sogro, Maneco, comecei a mexer com café, deixando as outras atividades. Comprei um armazém, em Monte Santo, e máquinas de beneficiamento. Acabei construindo outros dois armazéns, totalizando mais de 3.000 m². Adquiri, ainda, um barracão em Itamogi, outro, em Jacuí. Trabalhei feito um cavalo, não tinha tempo pra nada.
Viajava toda semana pra Santos. No início dos anos 70, comecei a rebeneficiar café e a preparar lotes para exportação. A implantação do telefone via DDD e o asfaltamento da estrada de acesso a Santos facilitaram meus negócios.
Em meados da década de 70, comprei duas fazendas em Monte Carmelo, no triângulo mineiro, onde passei a plantar café. Meu filho Censo foi pra lá administrar estas propriedades. Após uns sete anos, as duas fazendas foram vendidas.
Quando as estradas da região foram melhoradas, facilitando o trânsito entre os municípios, vendi os armazéns de Jacuí e Itamogi. Mantive, apenas, os de Monte Santo. Um tempo depois, não sei precisar a data, fiz um acordo com uma firma exportadora de Santos, e aluguei os armazéns. Esta foi minha aposentadoria. Já estava aposentado pelo INSS, mas a remuneração não era suficiente.
Café, pescaria e casamento
Perdi um filho, Mauro, em 78. Deste então, minha mulher passou a ter problemas de saúde. Chegou a ficar paralítica durante cinco anos, falecendo em 1992. Antes de a Lininha adoecer, costumava fazer pescarias no Araguaia e no Rio Grande, com um grupo de amigos. Numa noite, pescamos oito pirarucus com mais de 40 quilos cada, em uma das lagoas das cheias do Araguaia.
Tinha uma fazenda de 100 alqueires em Guaxupé, onde morei uns tempos após a morte da minha mulher. Para ter o que fazer, tornei-me um proprietário mais presente. Em 2005, uma forte chuva de granizo acabou com a lavoura de café. Meu genro, Luiz Augusto, me ajudou a vender a propriedade. Fiquei sossegado.
Frequentava um grupo de amigos da terceira idade, fui um dos fundadores do Clube Ponto de Encontro. Tinha uma ideia diferente. Via um monte de gente aposentada na avenida que poderia prestar algum tipo de serviço. Por exemplo, se alguma dona de casa precisasse de alguém pra resolver um problema doméstico, ligaria para nós. Mas não deu certo, na prática, não funciona.
No início de 2009, casei-me novamente, com Maria das Dores de Oliveira, de Itamogi. Já namorávamos havia dezesseis anos. Minha filha, Lucília, ficou doente e veio morar comigo, durante um ano, com suas duas filhas, Júlia e Luíza. Com a morte da Cila, em 2008, não consegui me habituar novamente à casa vazia. Embora, atualmente, minha esposa passe vários dias da semana com a mãe, doente, em Itamogi. Por este motivo, vivo na estrada, também.”
Zé Borges é um pé de valsa conhecido, não perdia os bailes dançantes da melhor idade. Com a doença da filha, Cila, acabou se afastando da vida social. Mas continua com disposição para apreciar as coisas boas da vida.
Fotos:
1)Em pé, Mário, Carlos, José, Jorge e Antônio; sentados, Cláudio, os pais Ana Celina e Inocêncio com o primeiro neto, Paulinho, no colo, e Henrique.
2)A partir da esquerda, sentados, Joanico e Euler; em pé, Jorge Gabriel, Dr. Albertinho, Pachá Nasser, Finetti e Zé Borges, exibindo dois peixes pescados em Furnas, em 1954.
3)Em dezembro de 1950, casamento com Lininha Ferraz.
4)O casal Maria das Dores (Dora) e Zé Borges.
Comentários
No final do ano passado havia sido diagnosticado um câncer no pâncreas, infelizmente já em estado avançado.
Morreu em casa, ao lado da esposa, Dorinha, suas filhas e familiares.
Foi um grande amigo meu. Uma pessoa agradável e cheia de histórias boas de se ouvir.
Vá com Deus, Zé Borges
Vc, como eu, gosta de ouvir histórias de pessoas mais velhas. Sinto muito por seu amigo Zé Borges, por não poder mais ouvi-lo, por aqui. Mas fazer o quê? É isso aí, estamos todos de passagem. Nâo podemos esquecer disso...
Bom encontrar você aqui.
abç carinhoso.
Sheila
Anunciação é minha bisavó.
Estou tentando reconstruir a árvore genealógica da família. Consegui registros de Amadeu nada de Anunciação. Se pudessem me indicar algum contato ficaria muito grata.
“Não conheci a família do meu pai, havia apenas uma tia, Anunciação, casada com Amadeu Nunes, que morreu quando eu era pequeno, deixando muitos descendentes.
Abs
Marta