considerações sobre as árvores

Desculpe se insisto no tema. Mas ser representante das árvores e de outros seres sem voz não é tarefa simples. As falsas-seringueiras, por exemplo, que vivem mais de 500 anos e há pouco mais de cinquenta foram plantadas no centro de Guaxupé correm o risco de serem substituídas porque o município não tem equipamentos e pessoal capacitado para fazer as podas períodicas que esta espécie exige para controlar o crescimento das suas raízes.

Quanto à árvore próxima à Polenghi, parece não haver muito o que fazer, visto o tamanho da sua copa, já que as raízes têm a mesma proporção. Os moradores da redondeza fizeram abaixo-assinado para sua substituição. Agora, as árvores do ponto de táxi e ônibus próximas à Pereira do Nascimento, deve haver alguma outra alternativa, mais inteligente e satisfatória para todos. Aquele canteiro não tem a mesma largura dos demais, talvez, um projeto criativo de algum arquiteto idem poderia resolver a questão. Pense...

Ipês da grande avenida serão substituídos *

A partir do próximo mês, as árvores públicas de Guaxupé passarão a receber manutenção periódica, conforme informou o secretário de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Mozart Faria. Há duas semanas, o engenheiro florestal Eduardo Valente Avelino foi contratado para fazer uma análise técnica dessas árvores e detectar quais precisam ser substituídas, caso ofereçam riscos à população.

“Antes da minha chegada, alguns ipês da Avenida Dona Floriana que estavam comprometidos foram cortados e serão substituídos por ipês-amarelos, cujo porte é um pouco menor”, explica Eduardo.

De acordo com o secretário, os estacionamentos de 45º criados em 2008 no canteiro central dessa avenida, afetaram a saúde de várias árvores. Nas últimas chuvas de verão, muitos galhos despencaram e o tronco de uma delas chegou a danificar um automóvel sem ocupantes, que estava estacionado. Fatos como estes aconteceram, também, em outros bairros. Na época, Mozart Faria informou que seria realizada uma análise técnica das árvores para evitar novos acidentes. Segundo ele, esse trabalho já começou.

“Atualmente, a administração de praças e jardins está vinculada à secretaria de Obras, mas nós somos parceiros. Até o ano que vem, gradativamente, esta função passará para a Secretaria de Desenvolvimento e Meio Ambiente”, explica Mozart.

O projeto da Prefeitura é plantar mudas adultas, de quatro metros, no lugar das árvores arrancadas. As demais, que estão saudáveis, receberão podas preventivas. O engenheiro diz que as podas devem ser feitas de acordo com o crescimento de cada espécie, que varia conforme a localização.

As mudas de árvores em substituição àquelas que foram ou que precisarão ser arrancadas serão plantadas ainda este ano. Eduardo também irá gerenciar novos projetos, como a revitalização do viveiro do Horto Florestal e implantação de uma cerca viva de sansão do campo, no aterro controlado de lixo e resíduos sólidos.



Falsas-seringueiras ameaçadas

As falsas-seringueiras da Avenida Conde Ribeiro do Valle, situadas no estacionamento de táxi próximo à Rua Pereira do Nascimento e no canteiro central próximo ao prédio da Polenghi, também estão sendo avaliadas.

A falsa-seringueira (ou Ficus elastica Roxb.) é popularmente conhecida como fícus italiano devido ao fato de as primeiras mudas a entrarem no Brasil terem vindo da Itália, onde a espécie era muito usada em vasos para a decoração de interiores. Em algumas localidades da Índia suas raízes aéreas são utilizadas como pontes vivas, algumas delas em uso há mais de 500 anos.

Aqui em Guaxupé, essas raízes superficiais incomodam os pedestres, e as profundas, às vezes, podem oferecer riscos às tubulações de água e esgoto, como é o caso da árvore próxima ao prédio da Polenghi. Mozart Faria recebeu um abaixo-assinado de moradores pedindo a derrubada desta árvore, porque a mesma está causando danos às suas propriedades. “Esta árvore deverá ser cortada e substituída por outra espécie mais adequada”, afirma o secretário.

Segundo o engenheiro florestal, uma poda preventiva no topo e nas laterais de árvores dessa espécie pode retardar o crescimento das raízes, no caso daquelas que ainda podem ser contidas. O problema é que o município não tem equipamentos nem profissionais preparados para esse tipo de serviço. “A CEMIG, que costuma podar estas árvores, diz que a obrigação é da Prefeitura. Por este motivo, estamos fazendo orçamento para contratação de uma empresa especializada”, explica Mozart.

Mesmo assim, as falsas-seringueiras guaxupeanas correm o risco de serem substituídas, devido à dificuldade de manutenção sistemática, por estragarem o calçamento e por colocarem em risco, também, os fios de eletricidade. O secretário disse, ainda, que já foi abordado com pedidos para arrancar a falsa-seringueira próxima ao campo de futebol do Parque Mogiana, sob a alegação de que as folhas fazem muita sujeira.





Treze palmeiras imperiais

Das catorze palmeiras imperiais plantadas no cinquentenário de Guaxupé, em 1962, pelo então presidente da Câmara Municipal, José Batista Faria, uma deverá ser arrancada ainda este ano. O CODEMA autorizou a derrubada mediante laudo do corpo de bombeiros informando que a planta está condenada.

O atual presidente da Câmara, Durvalino Gôngora de Jesus (Nico), afirmou que o próximo passo será derrubar todas as palmeiras: “Pelo prejuízo que estão causando, quebrando telhas e colocando em risco a segurança das pessoas.”
Já Mozart Faria afirmou que a Prefeitura não tem nenhuma intenção de arrancar essas palmeiras e o presidente da Câmara não tem esse poder. “Existe um decreto municipal da época do prefeito Walmor Álvaro Toledo Russo proibindo o corte dessas árvores”, lembra o secretário.

O referido decreto, nº 203, de 17 de setembro de 1975, declara imune de corte os ipês-amarelos da Avenida Conde Ribeiro do Valle, entre a Rua Aparecida até a Praça Governador Benedito Valadares; os ipês da Avenida Dona Floriana; as palmeiras imperiais no entorno do antigo fórum e a pau-brasil do jardim da Catedral.

Em 2009, por fazerem parte da identidade cultural de Ribeirão Preto, cinquenta palmeiras imperiais da Avenida Jerônimo Gonçalves, que precisavam ser retiradas devido às obras antienchentes, foram replantadas em outras áreas. Guaxupé deveria seguir este exemplo.

Naquela cidade paulista, a empresa Leão Engenharia venceu a licitação para a retirada dessas árvores, que mediam entre dez e 25 metros de comprimento, e peso de até quinze toneladas. Uma das palmeiras que seria removida foi derrubada por um vento forte, antes de ser iniciada a obra.




Fonte sobre a falsa-seringueira

Legendas das fotos:

1) Foto de Batistão dos ipês-rosa da grande avenida que virou cartão-postal, em 2008.
2) Mozart Faria e Eduardo Valente, o engenheiro florestal contratado pela Prefeitura.
3) A altura da falsa-seringueira dificulta as podas preventivas.
4) As palmeiras imperiais do antigo fórum fazem parte da paisagem em vários pontos da cidade.
5) Os ipês-amarelos da “Selva de Pedra” são protegidos por Lei.


* Reportagem publicada no jornal Correio Sudoeste deste final de semana.

Comentários

a casa do mato disse…
adorei seu blog me tornei sua seguidora ate mais Erica

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